Novo dispositivo evita contaminação, desperdício e absorção de colírio pelo organismo que comprometem 67% dos tratamentos, conforme pesquisa.
Usar colírio não é tarefa fácil. A prova disso é uma pesquisa realizada com 2,7 mil pacientes durante três anos pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto. O estudo mostra que o mau uso de colírios comprometeu o tratamento de 67% dos pacientes, ou seja, 1809 pessoas. Neste grupo, os principais erros na instilação foram:
· Desperdício por 58% dos pacientes que fizeram a aplicação de mais de uma gota ou fora do olho.
· Contaminação por 72% dos pacientes, decorrente do contato do bico dosador com o dedo ou superfície ocular.
· Absorção da medicação pelo organismo de 1483 pacientes, ou seja, 82% que não fizeram a oclusão do canto interno do olho, permitindo a penetração na corrente sanguínea.
Por conta dos resultados desta pesquisa, acaba de ser criado o Dapcol, dispositivo que tem como proposta facilitar o uso de colírio.
De acordo com Queiroz Neto trabalhos de metanálise evidenciam que a simplificação do tratamento de glaucoma pode aumentar a adesão dos pacientes. Ele explica que o glaucoma é uma doença crônica que pode ser tratada, mas não curada, e atinge 900 mil brasileiros. É provocada por outras doenças que dificultam o escoamento do humor aquoso. Isso faz a pressão intra-ocular aumentar, levando à compressão do nervo óptico que pode causar a morte de suas células e provocar cegueira definitiva quando os colírios não são usados continuamente.
Glaucoma: mais da metade interrompe o tratamento
O especialista diz que a baixa adesão ao tratamento ainda é a maior causa de cegueira ocasionada pela doença. Só 33% fazem o tratamento correto e mais de 50% dos pacientes com diagnóstico inicial de glaucoma não usam o segundo frasco de colírio, apesar do Ministério da Saúde já ter incluído vários medicamentos antiglaucomatosos na lista que é distribuída gratuitamente à população. Isso acontece, observa, porque é uma doença de idosos que em muitos casos têm as mãos trêmulas e não podem contar com familiares para ajudar na instilação. Significa que é necessário oferecer autonomia ao doente para aumentar a aderência ao tratamento. Por isso, a expectativa do médico é que o novo dispositivo aumente a fidelização e preserve a visão dos portadores.
Queiroz Neto ressalta que dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que nos próximos 10 anos o número de cegos por glaucoma no mundo deve crescer 31,1%, saltando de 4,5 milhões para 5.9 milhões. Para ele, o envelhecimento do brasileiro deve fazer com que o País acompanhe este crescimento se não forem tomadas medidas que permitam o controle da doença pelos pacientes.
Como funciona o Dapcol
De acordo com o inventor do Dapcol, José Carlos de Souza, o dispositivo é produzido em silicone atóxico totalmente esterilizado e se adapta a qualquer frasco de colírio. O formato anatômico fecha naturalmente o canal lacrimal, impedindo a absorção da medicação pelo organismo, além de evitar que a pessoa pisque e coloque o colírio para fora do olho. A fixação no bico dosador, ressalta, também elimina o risco de contaminação. As recomendações para instilação de colírio com o dispositivo são:
· Lave as mãos e retire a tampa do colírio.
· Segure o dispositivo pelas laterais e encaixe no bico dosador.
· Posicione suavemente o dispositivo sobre um dos olhos.
· Concentre o olhar no ponto branco do dispositivo, fechando o outro olho.
· Recline a cabeça para trás e aplique o colírio.
· Feche os olhos por 3 minutos para garantir a penetração.
· Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre a instilação de um e outro.
Informações à Imprensa: Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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