Segundo o Ultimo Segundo, a pesquisadora e geneticista Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), anunciou na manhã desta quinta-feira na primeira mesa-redonda do 3º. Simpósio Internacional de Terapia Celular, que acontece no Estação Convention Center, em Curitiba (PR).
Em pouco mais de 20 minutos ela demonstrou ao público presente como, a partir de agora, o Brasil já é capaz de produzir, por conta própria, linhagens de células-tronco embrionárias humanas pluripotentes. Isto significa que os pesquisadores brasileiros não precisarão mais recorrer à doação deste material, feita por cientistas do exterior, para desenvolver em território nacional os estudos de medicina regenerativa.
A autonomia brasileira neste campo é resultado de três anos de intensas pesquisas desenvolvidas pelos cientistas. No entanto, ela foi obtida há apenas três meses, quando a equipe da professora-doutora Lygia conseguiu finalmente extrair a primeira linhagem estável de células-tronco a partir de um embrião humano.
Em seguida, os pesquisadores empenharam-se em tentar multiplicar em laboratório essas células e, três semanas atrás, eles identificaram que as células-tronco obtidas eram pluripotentes, ou seja, poderiam se desenvolver em qualquer tipo de tecido humano, do ósseo ao epitelial.
A viabilidade do estudo contemplou critérios como facilidade de obtenção da célula, sua capacidade de proliferação in vitro, segurança em relação ao resultado, se ela é imunogênica ou não e, por fim, a sua versatilidade, disse Lygia em sua apresentação. As células-tronco embrionárias pluripotentes respondem mais positivamente a todos esses critérios.
Segundo os cientistas, a descoberta feita pela equipe da professora Lygia da Veiga Pereira será importante para a pesquisa médica regenerativa porque ela irá eliminar dificuldades atuais que vão desde o pagamento de royalties a laboratórios estrangeiros até os embaraços alfandegários, quando as células-tronco importadas se deterioram à espera da liberação nos aeroportos brasileiros.
Ciência x Legislação
A produção de células-tronco embrionárias humanas no Brasil estava sub judice no Supremo Tribunal Federal (STF). Havia sido impetrada uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a Lei de Biossegurança, aprovada pelo Congresso em 2005. Finalmente em maio deste ano o STF julgou a Adin improcedente.
Durante esse período, porém, a professora Lygia e equipe não interromperam os estudos. Ela conta que seu projeto havia sido aprovado pelos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, além de ter recebido financiamento em 2006. Segundo ela, foi um sinal verde para prosseguir.
A pesquisa em terapia celular passa por um bom momento no Brasil. Além da descoberta feita pela equipe da professora Lygia Pereira e a carta branca do STF, o Ministério da Saúde criou a Rede Nacional em Terapia Celular, através da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já regulamentou a utilização de células-tronco humanas. Agências de fomento e de financiamentos à pesquisa começam a publicar editais voltados a este tipo de estudo.
O próprio evento em Curitiba demonstra que pesquisadores brasileiros e estrangeiros estão bastante interessados no assunto. No segundo dia do Simpósio, não eram ainda 9h da manhã e o auditório, com capacidade para cerca de 400 pessoas, estava quase todo ocupado. O encontro termina neste sábado.
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