O Kremlin colocará no mercado uma participação de entre 8 bilhões a 13 bilhões de dólares na petrolífera estatal Rosneft, justamente dias antes de sediar a cúpula do Grupo dos Oito, já que quer apresentar a IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial) como alternativa à segurança energética global, avaliaram representantes de bancos nesta segunda-feira. "A Rosneft publicará sua intenção de fazer a oferta entre 12 e 13 de junho. Depois tentará realizar a operação no meio de julho. Fazer isso pouco antes do encontro do G8 não é desejo, é uma ordem (do Kremlin)", disse um banqueiro à Reuters.
Outro representante de um banco afirmou que a Rosneft está insistindo numa valorização de 80 bilhões a 120 bilhões de dólares, um prêmio de 70 por cento em relação à russa Lukoil, à medida que espera crescer rapidamente e adquirir o restante dos ativos da petrolífera Yukos .
A Rússia sediará o primeiro encontro de líderes dos países mais poderosos do mundo em São Petersburgo, de 15 a 17 de julho, e colocou a segurança energética no topo da lista de assuntos a discutir. O encontro ocorre num momento em que a Europa questiona sua dependência da Rússia depois que as exportações da gás sofreram problemas neste ano devido a uma disputa de preços com a Ucrânia, evento que também levou o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, a acusar o governo de Moscou de "chantagista" energético.
Os representantes de bancos afirmaram que, em um período em que países como Bolívia e Venezuela estão nacionalizando empresas de energia operadas por companhias estrangeiras, a IPO da Rosneft dá um sinal de que a Rússia ainda recebe bem investidores estrangeiros. "O fundamental é fechar a IPO antes do G8, que permitirá que eles (Kremlin) digam --tornamos pública nossa melhor empresa de energia. Por que vocês estão reclamando de segurança energética?", disse um segundo representante de banco.
A Rosneft precisa dos recursos da oferta de ações para pagar 7,5 bilhões de dólares em empréstimos, mas busca levantar muito mais, 13 bilhões de dólares, para financiar suas necessidades de investimento. A Rosneft passou de empresa de médio porte a peso pesado da indústria, quando comprou uma importante unidade da Yukos, a Yugansk, no fim de 2004, para competir com a Lukoil e a joint venture anglo-russa TNK-BP em termos de produção. A destruição da Yukos e a ascensão da Rosneft são amplamente vistas como um plano do Kremlin para retomar o controle de setores estratégicos da economia, perdidos em meados dos anos 1990.
Segundo "Reuters"
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