Em 16 de Março, Washington publicou uma versão actualizada da Estratégia Nacional de Segurança dos Estados Unidos, comparado com a versão de 2002. Uma característica importante da escolha de vocábulos desta versão nova é a ideologização da política externa dos Estados Unidos. Doravante, o critério principal para o desenvolvimento das relações dos EUA com estados estrangeiros será se o comportamento dessas nações conformam ou não com a percepção dos EUA de democracia e os requisitos da luta contra regimes que não agradam ao Washington.
Evidentemente, cada país tem o direito de definir sua política estrangeira baseado em interesses nacionais. Mas o que significa a nova estratégia norte-americana perante a Rússia, a qual o documento devota um texto de dois parágrafos?
Os EUA estão prontos a trabalharem estreitamente com a Rússia em questões de preocupação mútua, mas o fortalecimento das nossas relações dependerá sobre a aceitabilidade ou não da política nacional na opinião dos Estados Unidos da América. E é aí que é afirmado que as tendências recentes na Rússia apontam para um empenho cada vez menor no sentido de garantir liberdades democráticas e institucionais. Deveríamos entender que o futuro imediato das relações entre a Rússia e os EUA encara tempos difíceis?
A nova estratégia dos EUA formula uma afirmação do papel activo democratizador dos EUA em países vizinhos da Rússia. Tentam convencer-nos que o progresso democrático em curso nos países vizinhos, oriundo do exterior, é positivo para os povos nestes países. Parece bastante pretensiosa a explicação que se a Rússia impede o desenvolvimento democrático, isso irá destruir as suas relações não só com os EUA mas também com a Europa.
E nem uma única palavra sobre a relação de parceria entre os nossos países, que ambos os lados dedicaram tanto tempo e esforços a construir, seguindo as linhas guia dos presidentes da Rússia e dos Estados Unidos acerca de respeito mútuo e consideração em políticas práticas pelos interesses legais de ambos os estados, acerca da igualdade, confiança mútua, a previsibilidade de comportamento, a transparência de acções. Isso, do nosso ponto de vista, tem a ver também com políticas no espaço pós-soviético. Deve ser entendido que, sem aplicar esses princípios, as relações entre a Federação Russa e os Estados Unidos da América poderiam ficar refém de opiniões subjectivas.
Por toda a nobreza na assunção ideológica proclamada na estratégia a promoção da democracia global não se deve esquecer que ninguém monopoliza a interpretação de democracia. A formação da democracia pode ser assistida, mas cada país segue seu próprio percurso na senda de desta ideal, como fez e como faz os EUA, com todo o respeito para condições históricas e políticas. Tentativas de impor a democracia em outros países artificialmente e especialmente duma maneira forçada não só nunca terão sucesso mas desacreditam também a noção da própria democracia.
Não se pode evitar a noção que os slogans populares estão a ser utilizados por interesses próprios. Esta tendência é cada vez mais aparente em questões práticas da política internacional e relações entre estados quando as soluções prescritas são baseadas em razões políticas e não numa análise objectiva da situação ou nos princípios gerais da lei internacional.
A Rússia tem uma abordagem diferente. O foco principal da nossa análise da situação internacional é a afirmação do facto que os desenvolvimentos recentes realçam a universalidade de princípios fundamentais de política externa como o pragmatismo, multi-lateralismo, uma promoção consistente de interesses nacionais, sem, no entanto, entrar em confronto, e uma procura para soluções para os problemas agudos dentro das linhas guia da diplomacia multilateral e esforços colectivos. Estes princípios estão a ganhar cada vez mais apoio na prática da política externa dos outros estados. Infelizmente, na estratégia externa dos EUA, tornaram-se sobressalentes.
Ministério das Relações Exteriores Federação Russa
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