A França e Portugal aplaudiram ontem a iniciativa do presidente russo, Vladimir Putin, em convidar o Hamas a visitar Moscovo. A posição de Paris e de Lisboa contrasta com a dos Estados Unidos e a de Israel. Washington pediu esclarecimentos à Rússia. O Governo israelita disse ter ficado indignado.
O convite de Vladimir Putin, no final da sua visita a Madrid, causou mal-estar nalguns membros do seio do Quarteto (onde a Rússia se inclui), que tem em curso um plano de paz para a região.
"Foi uma iniciativa tomada sem a concertação dos seus parceiros no Quarteto, mas pensamos que se enquadra nos objectivos que fixamos para a região", afirmou Denis Simonneau, porta-voz do ministério da Defesa da França.
"Partilhamos com a Rússia o objectivo de conduzir o Hamas para posições políticas que permitam atingir o objectivo de dois estados (Israel e Palestina) a viver em paz e em segurança", acrescentou, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Freitas do Amaral, horas depois, afirmou que "vê vantagens em que haja diálogo de vários países com aquela força que democraticamente ganhou as eleições.
Porém, apesar da abertura nas negociações, Denis Simonneau diz que a França continua a incluir o Hamas "na lista das organizações terroristas da União Europeia".
Alexandre Kalouguine, emissário russo para o Médio Oriente, diz que a Rússia mantém vivos os pressupostos defendidos pelo Quarteto. "Defendemos a posição do Quarteto como mediador internacional, para fazer compreender ao Hamas que quereremos que tomem o caminho da moderação e que com os seus actos radicais não irão longe", disse Kalouguine.
O Hamas aceitou o convite e deverá fazer-se representar pelo seu líder da comissão política, Khaled Mechaal. "O Hamas aplaude o convite, assim como o de qualquer mandatário, excepto de Israel, que esteja disposto a reunir-se connosco, afirmou Ismail Haniye, líder da lista que venceu as eleições do passado dia 25.
Israel contesta o convite. "Respeitamos a decisão do Quarteto, que é a de não dialogar com o Hamas enquanto ele não reconhecer Israel, não renunciar à violência e aceitar os acordos assinados", disseram fontes diplomáticas à France Press, enquanto a ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Livni, em Washington, assegurou que tinha a promessa do presidente dos EUA, George W. Bush, de não romper com a política do Quarteto. Isso confirmou Sean McCormack, porta-voz do departamento de Estado norte-americano "Não vamos ter contactos com organizações terroristas".
Segundo o Jornal de Notícias
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