Discursos de Putin e Bush – mas que diferença!

Por um lado, um Presidente que prega o pragmatismo e a harmonia nas relações internacionais, demonstrando um registo sem igual na sua política interna. No lado oposto, mais Bushsparates no discurso sobre o Estado da União, que se tornou com ele num processo masturbatório cuja meta é produzir um orgasmo colectivo de farisaísmo.

Os elementos chave do discurso de Presidente Putin na manhã de terça-feira foram respeito pela lei internacional, relações internacionais baseados num fundamento não discriminatório, honrar o direito de integridade dos outros membros da comunidade internacional e uma política interna baseada em responsabilidade, pragmatismo e competência.

Algumas palavras-chave do discurso do Estado da União por George Bush na terça-feira a noite são “raiva”, “inimigos”, “campo de batalha”, “ódio”, “medo” – cinco palavras chave que tão habilmente resumem a política do regime de Bush.

Poder-se-ia esperar que um Presidente dos Estados Unidos da América focasse seu discurso sobre o Estado da União sobre…o estado da união. Mas não no caso de Bush, que demorou apenas alguns segundos para lançar-se no seu discurso disparatado sobre a importância da “liderança” dos Estados Unidos na comunidade internacional com o propósito de defender a sua casa.

Por esta afirmação, George Bush coloca seus país contra, e não com, a comunidade internacional, porque esta comunidade baseia-se na noção de relações como irmãos e iguais – ninguém pediu um irmão mais velho e prepotente para os liderar.

Não surpreende ninguém que praticamente a primeira referência no discurso é o dia 11 de Setembro de 2001. Apesar desta ultraje contra a humanidade, não há qualquer referência ao assassínio de milhares de civis inocentes em outros países, chacinados pelas forças armadas dos quais George Bush é Comandante Chefe, não há referência à escolha de infra-estruturas civis para destruição com equipamento militar, não há referência à prática de tortura, os campos de concentração, o desrespeito pela lei internacional e a condição humana.

Em vez disso, o que recebemos de George Bush é frases absurdas e infantilidades, tais como: “No início de 2006, mais que metade das pessoas no nosso mundo vivem em nações democráticas. E nós não esquecemos da outra metade – em sítios como a Síria, Birmânia, Zimbabué, Coreia do Norte e Irão…”

Vamos informar o senhor Bush que “sítios como” o Irão não estabelecem campos de concentração em terras alheias, “sítios como” a República Democrática Popular da Coreia (para aqueles que sabem o que dizem) não invadem nações soberanas fora dos auspícios da lei internacional, “sítios como” a Síria não utilizam armas de destruição massiva contra civis, “sítios como” Zimbabué não mentem entre os dentes na ONU e “sítios como” a República de Myanmar (para aqueles que sabem o nome) não invadem outros países, colocando eléctrodos nos testículos de prisioneiros, sodomizando-os e atacando-os com cães.

Se isso é espalhar a liberdade e democracia para proteger as boas pessoas dos EUA que votaram a favor da continuação de tais práticas, então o regime de Bush criou um abismo entre o seu povo e o resto do mundo e vamos descrever esta política por aquilo que é: é uma política unilateral de agressão que tenciona colocar os Estados Unidos da América por cima do resto da comunidade internacional, numa posição onde Washington faz o que quer, quando quer, e como quer, retirando ou controlando os recursos da comunidade internacional.

Este não é o discurso de um membro igual, respeitado ou querido de qualquer comunidade. É o discurso de um estado paria, cuja arrogância e farisaísmo há muito tempo obscureceram a sua visão e que eventualmente será a causa da sua queda.

Um belo epitáfio para o regime de Bush é que muitos Latino-Americanos estão a tentar criar a consciencialização na comunidade internacional que ser “americano” não é ser dos EUA. Depois de sujar o nome do seu país, depois de mentir ao seu povo e à comunidade internacional, depois de desrespeitar a lei internacional, George W. Bush conseguiu tornar centenas de milhões de americanos envergonhados ao usar o nome do seu continente.

Há um nome para “sítios como” isso.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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