Guinadas de Obama comprometem reaproximação entre EUA e Cuba

A esperança de normalização nas relações entre os Estados Unidos e Cuba, com a entrada de Barack Obama na Casa Branca, se foi. Um ano depois de sua posse, o presidente norte-americano traiu suas próprias palavras e comprometeu de vez a promessa de reaproximação.

A prisão de um americano acusado de espionagem em Cuba, em 4 de dezembro de 2009, e o protesto de Havana contra as medidas de segurança aérea das autoridades americanas que visam os passageiros de 14 países, entre os quais Cuba, são os sinais de um endurecimento entre os dois vizinhos.

Em 5 de janeiro, Havana criticou “essa nova ação hostil do governo dos Estados Unidos”, respondendo a “motivações políticas que visam justificar o bloqueio” imposto há 47 anos pelos Estados Unidos. As medidas anunciadas por Washington — após a tentativa frustrada de atentado no Natal em um voo que ia de Amsterdã a Detroit — preveem a inspeção das bagagens de mão e a revista dos passageiros de 14 países, todos de maioria muçulmana, com exceção de Cuba.

A ilha consta, ao lado do Irã, do Sudão e da Síria, na lista dos países que apóiam o terrorismo, estabelecida de forma criminosa pelo departamento de Estado americano. Segundo Washington, a inclusão de Cuba nessa lista negra justifica-se pelo apoio dado pelo regime comunista à guerrilha colombiana e ao grupo separatista basco ETA.

As autoridades cubanas rejeitam essas acusações, afirmando que fazem parte da luta internacional contra o terrorismo. Cuba critica “o discurso duplo” dos Estados Unidos “que abrigam terroristas” como os anti-castristas Luis Posada Carriles e Orlando Bosch, responsáveis pela explosão de um avião cubano perto da ilha de Barbados em 1976.

Pouco depois de seu juramento, o presidente Obama suspendeu as restrições de viagens e envios de remessas a Cuba. Durante a cúpula das Américas, no mês de abril de 2009 em Trinidad e Tobago, ele havia anunciado “um novo começo” das relações com Cuba. Foram iniciadas conversas para restabelecer o serviço postal e facilitar as telecomunicações entre os dois países. O diálogo retomou a questão migratória.

Raúl Castro, que sucedeu seu irmão Fidel, enfermo, se disse “disposto a conversar sobre tudo, contanto que se respeitasse a soberania de Cuba”. Mas Obama se recusou a retirar o bloqueio, alegando uma suposta “onda de repressão” de Havana contra os dissidentes e os jovens blogueiros que criticam o regime.

A prisão de um cidadão americano, que distribuía “equipamentos sofisticados de comunicação” para a oposição em nome do governo dos Estados Unidos, endureceu as relações. Esse caso prova que “o governo americano não desistiu de destruir a revolução”, declarou Raúl Castro.

Também as “Reflexões” publicadas por Fidel Castro na imprensa são cada vez mais críticas em relação a Obama. Depois de ter elogiado a “inteligência e a honestidade” do novo presidente no início de seu mandato, agora Fidel critica “o cinismo e a arrogância do presidente ‘yankee ’”.

“As verdadeiras intenções do império são evidentes, por baixo do sorriso amistoso e do rosto afro-americano de Barack Obama”, escreveu em 14 de dezembro, referindo-se ao golpe de Estado em Honduras e à assinatura de um acordo sobre a presença de militares americanos nas bases colombianas.

Da Redação do Vermelho, com informações do Le Monde

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