Robert Gates declara que sabe o que é bom e o que é ruim para a Rússia

O Secretário de Defesa dos Estados Unidos Robert Gates disse na quarta-feira que a Rússia não deveria sentir-se ameaçada quando países da Europa Oriental fortalecem seus vínculos com o Ocidente.

Falando rapidamente com os repórteres depois de reunião com o Primeiro-Ministro da Estônia Andrus Ansip, Gates disse que discutiram o comportamento recente da Rússia, inclusive a invasão, por ela, da Geórgia em agosto.

"A Rússia não tem necessidade de sabotar o desejo de um país soberano de integrar-se plenamente com o Ocidente," disse Gates, postando-se ao lado de Ansip. "Fazer isso não é ameaça à segurança da Rússia, nem o é cooperação adicional em questões cibernéticas."

Indagado a respeito da segurança de seu país, Ansip disse que ele nutre, de todo o coração, a expectativa de que a OTAN defenda a Estônia, que é membro da aliança do Atlântico Norte.

Gates acrescentou que os Estados Unidos reexaminam continuamente sua avaliação da situação da segurança da região e que autoridades do Comando Europeu dos Estados Unidos estiveram na Estônia no mês passado para conversações a respeito do assunto.

Gates está visitando a Estônia pela primeira vez para participar de uma reunião dos ministros de defesa da OTAN numa demonstração deliberada de apoio às nações da Europa Oriental, inclusive os países bálticos e a Ucrânia, diante de crescente flexionamento de músculos por Moscou.

A reunião acontece enquanto a temperatura aumenta entre Moscou e Washington, incluindo contínua discórdia a respeito dos planos dos Estados Unidos de instalar um sistema de defesa contra mísseis na Polônia e na República Tcheca.

O Kremklin rejeitou um segundo conjunto de propostas dos Estados Unidos oferecido para abrandar críticas cada vez mais estridentes da Rússia a respeito dos planos estadunidenses de sistema de defesa contra mísseis na Polônia e na República Tcheca, informaram agências de notícias na quarta-feira.

A administração Bush diz que o sistema protegerá a Europa de ataques futuros em potencial por mísseis de longo alcance do Irã. Moscou desqualificou energicamente essas asserções, dizendo que o sistema poderá eliminar o poder de dissuasão russo ou espionar as instalações militares da Rússia.

Num discurso importante horas apenas depois de Barack Obama ter vencido a eleição para Presidente dos Estados Unidos, o Presidente russo Dmitry Medvedev comprometeu-se a instalar mísseis Iskander de curto alcance na região do Mar Báltico de Kaliningrado na fronteira com a Polônia se os Estados Unidos forem adiante com seus planos.

Posteriormente, a administração Bush enviou a Moscou novo conjunto de propostas, incluindo novas sugestões a respeito de permitir observadores russos nos locais planejados pelos Estados Unidos na Polônia e na República Tcheca, de acordo com o subsecretário de estado em exercício dos Estados Unidos para controle de armamentos John Rood.

O Ministro do Exterior Sergey Lavrov disse, neste fim de semana, que as últimas propostas foram insuficientes. Na quarta-feira, uma autoridade não revelada do Kremlin disse às agências de notícias russas que Moscou estava preparada para trabalhar com Washington em assuntos de segurança européia, mas acusou a administração Bush de tentar limitar as opções da adveniente administração Obama no tocante ao assunto.

O Kremlin não comentou a informação.

O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos Robert Wood também preferiu não comentar a observação, mas disse que os Estados Unidos desejam trabalhar junto com a Rússia no tocante a defesas contra mísseis.

"E portanto esperamos que a Rússia venha a cooperar estreitamente conosco quanto a isso," disse Wood. "Queremos que haja discussões."

Os planos de Obama a respeito do sistema de defesa continuam obscuros, mas um assistente de Obama disse, no fim de semana, que o novo presidente dos Estados Unidos não se comprometeu com os planos de defesa contra mísseis durante uma recente conversa com o presidente da Polônia.

Uma autoridade estadunidense disse, em separado, que os Estados Unidos e a Rússia iniciarão conversações na quinta-feira em Genebra a respeito de encontrarem um sucessor para o Tratado de Redução de Armamentos Estratégicos - Strategic Arms Reduction Treaty, que expira no fim do próximo ano. O tratado START de 1991 reduziu significativamente os arsenais nucleares dos Estados Unidos e da Rússia.

A autoridade falou na quarta-feira sob a condição de anonimato, porque ela não estava autorizada a ser citada com menção do nome.

A Embaixada dos Estados Unidos em Moscow disse que a terceira maior autoridade do Departamento de Estado dos Estados Unidos, William Burns, encontrou-se com Lavrov e com o assistente de política externa do Kremlin Sergei Prikhodko na quarta-feira para efeito de conversações de defesa contra mísseis que teriam lugar no mês próximo. Não foram divulgados detalhes adicionais .

Tradução Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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