Estudo aponta gene neuropilin-2 como alvo para terapias de autismo e epilepsia

Pesquisadores das universidades da Califórnia em Riverside e Rutgers conduziram um estudo inovador que pode levar ao desenvolvimento de terapias direcionadas para aliviar sintomas de autismo e epilepsia. O foco do estudo está no papel do gene neuropilin-2, que regula processos cruciais no cérebro, como a migração de neurônios inibitórios e a formação de sinapses excitadoras.

Gene neuropilin-2: um regulador essencial no cérebro

O gene neuropilin-2 codifica um receptor essencial para a comunicação entre células cerebrais. Ele desempenha um papel importante no equilíbrio entre sinais excitadores e inibitórios, e sua disfunção está associada a alterações neurológicas que contribuem para o autismo e a epilepsia.

Liderado pela neurocientista Viji Santhakumar, professora de biologia molecular, celular e sistêmica, o estudo revelou como alterações no neuropilin-2 podem afetar o desenvolvimento de circuitos neurais. Publicada na revista Nature Molecular Psychiatry, a pesquisa identificou mecanismos que podem ser alvos para novos tratamentos.

O impacto na migração de neurônios inibitórios

Uma descoberta central do estudo foi o papel do neuropilin-2 na migração de neurônios inibitórios. Utilizando um modelo de camundongos com deleção seletiva do gene, os pesquisadores identificaram que a ausência do neuropilin-2:

  • Prejudica a formação de circuitos inibitórios;
  • Provoca déficits em interações sociais e flexibilidade comportamental;
  • Aumenta o risco de crises epilépticas.

"Nosso estudo demonstra que a interrupção no desenvolvimento de circuitos inibitórios é suficiente para causar comportamentos relacionados ao autismo e aumentar o risco de epilepsia," explicou Santhakumar. "Entender como o neuropilin-2 atua na formação do cérebro pode nos ajudar a criar terapias mais específicas para essas condições."

Intervenção precoce: uma nova abordagem

Os resultados sugerem que intervir em momentos críticos do desenvolvimento neuronal pode prevenir o surgimento de sintomas de autismo e epilepsia.

"Ao focar na formação dos circuitos inibitórios, podemos desenvolver estratégias terapêuticas que melhorem os resultados para pessoas com autismo, especialmente aquelas que sofrem com crises," acrescentou Santhakumar.

Inovação e colaboração

Desde que ingressou na Universidade da Califórnia em 2018, Santhakumar expandiu sua pesquisa para explorar as funções dos circuitos cerebrais em condições saudáveis e patológicas. O estudo atual, realizado em colaboração com a Universidade Rutgers, utilizou técnicas avançadas de avaliação comportamental e fisiológica.

A pesquisa foi financiada pelo Instituto de Saúde Cerebral da Rutgers e pelo Conselho de Distúrbios do Espectro do Autismo de Nova Jersey.

"Este é um passo importante para entender os fundamentos genéticos e neurais do autismo e da epilepsia," destacou Santhakumar. "Compreender como os circuitos neurais se desenvolvem e são mantidos é crucial para criar novas intervenções para uma variedade de distúrbios do desenvolvimento."

Principais Descobertas

  1. O gene neuropilin-2 é essencial para o equilíbrio entre sinais excitadores e inibitórios no cérebro.
  2. A disfunção no gene pode causar comportamentos relacionados ao autismo e aumentar o risco de epilepsia.
  3. Intervenções precoces no desenvolvimento neuronal podem reduzir a gravidade dos sintomas.
  4. A pesquisa abre caminhos para terapias mais específicas e eficazes.

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Author`s name Petr Ermilin