Acerca de uma Conferência ...

Acerca de uma Conferência ...

            Foi no passado dia 27 do corrente que, a convite da Fundação Sousa d'Oliveira e do próprio palestrante, o nosso já conhecido e amigo José Andrade, assistimos à dissertação do mesmo, que sob o tema "Arqueologia e Afirmação da Autonomia dos Açores", assinalava o 43º aniversário das primeiras eleições para a Assembleia Regional.

            Não foi apenas por deferência ao Dr. Melo Bento, Presidente da Fundação Sousa d'Oliveira ou ao nosso amigo José Andrade que respondemos "sim" ao convite mas sobre tudo por que adivinhávamos o "belíssimo" trabalho que o orador nos apresentaria, pra além de nos transportar àquele período de militância que vivemos, enquanto sonhava-mos  com um futuro risonho para os Açores e o seu povo em liberdade e democracia, dando jus à luta dos nossos ancestrais autonomistas.

            O interesse na conferência, estava bem patente no auditório. Embora não composto por muitos, destacavam-se algumas personalidades do arco político açoriano, de alguns intervenientes no panorama político de então com acção directa no "sujeito" a propaganda eleitoral desenvolvida no período em referência e, uma "escol" de cidadãos (por favor entendem os leitores de no termo de englobamos ambos os sexos). Interessados o tema da conferência.

            Não nos engamos. Assistimos a um discurso que nos fez viajar pelo "campo de combate" travado durante um período decorrido entre 1893 e 1974 (1976) referindo que o verdadeiro Movimento Autonomista se deu quando «os cravos vermelhos de Lisboa chegam azuis aos distritos autónomos de Ponta Delgada, Angra e Horta.

            No seu trabalho José Andrade aludindo ao primeiro e segundo movimento autonomista, refere que «A Autonomia não é uma dádiva de Lisboa. É uma conquista dos Açorianos. Foi sempre assim. Em 1976, como em 1895 (referencie-se 02 de Março de 1895, o decreto que introduzia, baseado na existência de uma junta geral, um regime de autonomia administrativa e a possibilidade de a região beneficiar das receitas fiscais próprias).

Naturalmente que José Andrade no seu trabalho põe especial enfase no período a que chama de segundo período da autonomia. Pauta e evidencia o contraste da reclamação da independência, por um lado, e autonomia por outro, onde termina na chegada do «ano zero da Região Autónoma dos Açores, 1976.»

Termina dizendo que «entre tantos outros tópicos possíveis, ali ficavam alguns dos passos seguros da histórica caminhada no processo autonómico, numa passagem de testemunho entre sucessivas gerações que assim merecem o devido reconhecimento. Mais afirma que a Autonomia dos Açores será tanto mais sentida por dentro e reconhecida por fora quanto maior for a sua capacidade de produzir resultados concretos. E isso só depende de todos nós, eleitores e eleitos.»

Tendo o orador posto a debate o tema tratado, foi o mesmo interpelado por João Bosco relacionou a temática com os aspectos financeiros e a lei das finanças regionais. A Doutora Susana Goulart Directora da Cultura do Governo Regional, interpelou o orador sobre os pontos positivos do processo autonómico. Sónia Nicolau deputada do PS à ALRA entrou em desacordo com o orador pela relação feita dos números da abstenção e número de deputados existente na Assembleia, tendo, entretanto, elogiado o trabalho de José Andrade referindo-o como ex deputado. Em relação à abstenção interferiram dois jovens presentes defendendo que as novas tecnologias serão uma forma de combate à abstenção. João Bernardo Rodrigues e José Pacheco de Almeida deram o testemunho sobre a sua participação no processo durante os governos de Mota Amaral. Carlos Resendes Cabral, e nós próprio, reforçamos o conceito de Independência versus Autonomia. O primeiro, reafirmando a acção desenvolvida quer no conceito autónomo, quer independentista, explicitou que perante a Autonomia presente, opta sem dúvida pela Independência.

Por nossa parte, felicitamos o orador, o amigo José Andrade pela lição de um "capítulo" da História dos Açores com que nos presenteou. Prova "provada" do que vimos a defender politicamente, desde a nossa passagem pelo PDA - Partido Democrático do Atlântico, que não tendo sido referenciado na Conferência em questão, teve também um papel importante na política Regional, defendendo o ensino da nossa História nas nossas escolas entre muitas outras medidas que nos apraz registar, aproveitados "sorrateiramente" pelo poder instituído.

Perguntamos ao orador, e naturalmente a toda audiência se perante uma Autonomia que não é uma dádiva de Lisboa, mas uma conquista dos Açorianos como o próprio afirmou, e perante o declínio que assistimos da mesma e, com cada vez mais Lisboa (pergunta fundamentada com vários argumentos), se não estará na hora,  de os "Açores como um Todo"  vir à rua, bradar em uníssono... "Portugal escuta os Açores estão em luta"

"Quando a História se repete, prestemos atenção há

  uma lição para aprender e que ignoramos a primeira vez"

José Ventura

 2019-07-04

O autor rejeita por opção o acordo ortográfico

 

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