Dilma: "A história está sendo implacável para com os líderes do golpe"
A cerimônia de posse da nova presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), nesta quarta-feira (5), se transformou num grande ato em defesa da democracia. O ex-presidente Lula e da presidenta eleita Dilma Rousseff voltaram a criticar a política de desmonte do governo de Michel Temer e defender a a realização de eleições diretas.
Dilma apontou os efeitos provocados pela crise política gerada pelo golpe contra o seu mandato, que tenta implantar uma agenda de retrocesso aos direitos sociais.
"Hoje é um fato que houve um golpe no Brasil e que o arranjo que sustentou esse golpe caminha a passos largos para terminar. E nós devemos estar extremamente atentos nesse momento", afirmou Dilma.
E acrescenta: "A história está sendo severa e implacável para com os líderes do golpe. [O senador] Aécio [Neves] (PSDB-MG), Temer, [o ex-deputado federal Eduardo] Cunha (PMDB-RJ) e todos aqueles que usaram o impeachment para destruir direitos sociais, para estancar a sangria, e para ao mesmo tempo implantar em nosso Brasil todo o processo de desconstrução dos direitos que nós tínhamos deixado como legado", declarou Dilma.
A presidenta também saudou a liderança de Gleisi e recordou a sua atuação quando foi sua ministra da Casa Civil. "Gleisi Hoffmann mostrou que as mulheres do nosso partido não só têm espaço, mas a capacidade de liderar e contribuir para a construção de um Brasil melhor".
Lula também falou sobre a conjuntura política e criticou as reformas de Temer.
"As reformas que eles estão fazendo, demolindo tudo aquilo que nós conquistamos desde 1943 quando foi instituída a CLT, com a maior desfaçatez. Que país que eles querem deixar depois do desmonte que eles estão fazendo? O que é que vai sobrar? O que está em jogo, além do desmonte, é a construção de um novo Estado. É uma definição do papel do Estado", comentou.
Ele destacou que a saída de Temer é defendida por diversos setores atualmente, mas advertiu que os motivos são diferentes, citando especificamente a Rede Globo de Televisão.
"Quero chamar a atenção de vocês: eu vejo muita gente entusiasmada dizer que o Temer não vai durar mais uma semana porque a Comissão de [Constituição e] Justiça [da Câmara] vai pedir o afastamento. Ninguém quer mais o afastamento do Temer do que nós que estamos aqui nesse plenário, do que os trabalhadores brasileiros", afirmou Lula.
"Agora é importante lembrar que a razão pela qual nós queremos a saída do Temer não é a mesma razão que a Globo quer. Porque nós temos clareza que nós queremos a saída do Temer porque nós queremos eleições diretas. O que é que eles querem?", indagou.
Para Lula, a mudança desejada é que o povo brasileiro "volte a ter o direito de escolher o seu presidente ou a sua presidenta".
"Errando ou acertando é o povo que tem o direito de tirar e de colocar. A gente não pode brincar de fingir que o que a Globo quer é para o bem do Brasil", frisou.
Lula bateu dura na Globo. "Se tem uma instituição nesse país que tem disseminado o ódio e a intolerância e que tem mentido ao meu respeito é essa Rede Globo de Televisão. Eu sinceramente acho que esse país não pode continuar tendo um canal de televisão que se dá o direito de dizer quem presta e quem não presta, de dizer que vai ser presidente e quem não vai ser", disse.
Ricardo Stuckert
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