101 páginas, US $15.50 Edições Novafrica (Maputo, 2005) www.samoramachel.com
Foi lançado em Moçambique no passado mês de Outubro o livro, A Morte de Samora Machel, que trata do desastre de aviação que vitimou o primeiro presidente moçambicano. Da autoria de João Cabrita, o livro figura deste então entre as obras mais vendidas em Moçambique.
O autor reconstrói com rigor os momentos que antecederam o desastre, e desmistifica tudo quanto de fantasioso se tem propalado a respeito do sucedido há mais de 19 anos, apoiando-se para tal num minucioso relatório da comissão de inquérito que investigou o acidente de Mbuzini, mas que em Moçambique nunca foi trazido a domínio público. Concretamente, João Cabrita rejeita a hipótese de o desastre ter resultado de uma acção de sabotagem ou de uma conspiração envolvendo personalidades da Frelimo opostas ao regime de Machel. A causa do desastre, demonstra o autor, foram os erros flagrantes da tripulação, detectados por investigadores da África do Sul, Moçambique e União Soviética.
Tanto Moçambique como a União Soviética alegaram ter existido um rádiofarol falso, o chamado VOR, o qual teria forçado o Tupolev presidencial a desviar-se da rota estabelecida. Para João Cabrita, a tese do VOR falso não tem qualquer consistência. Para demonstrar o seu ponto de vista, o autor de A Morte de Samora Machel foi mais longe, revelando durante um debate televisivo transmitido pelo canal privado moçambicano, STV, que "a embaixada da antiga URSS em Maputo havia exercido pressões sobre o Comandante Sá Marques, das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), no sentido deste prestar falsas declarações à Comissão de Inquérito que investigava o desastre de aviação para assim se dar corpo à teoria de que o acidente de Mbuzini fora causado por um VOR falso."
O Comandante Sá Marques era quem pilotova o Boeing 737 das LAM que seguia da Beira para Maputo quando se deu o desastre em Outubro de 1986. As pressões da embaixada soviéticas, acrescentou o autor, "iam no sentido de Sá Marques declarar que a aeronave das LAM também havia sido desviada da rota por acção do alegado VOR falso. Por se ter recusado a aceder às pressões dos soviéticos, exercidas por intermédio do Ministério de Segurança-Snasp (na altura dirigido pelo Coronel Sérgio Vieira), o Comandante Sá Marques teve de abandonar Moçambique."
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