Diariamente, durante o período de campanha eleitoral, somos bombardeados pela poluição produzida por nossos candidatos, que buscam, de todas as formas, um fim, sem nunca levar em conta os meios.
Poluem nossas ruas com santinhos que satanizam a boa conduta social, pintam nossos muros com os mais aberrantes dizeres, usam nossos postes como se fossem patrimônio particular, invadem nossas casas com dingles de gosto e qualidade questionáveis, adulteram placas informativas, sujam nossas varadas e reproduzem fora, o que trazem dentro de si mesmo: um amontoado de objetivos e interesses bem pessoais.
Vale lembra que a palavra candidato vem de candura, daqueles que eram suficientemente cândidos, puros, limpos por dentro e por fora. Aos que eram puros, povoados pela pureza da vida e dos bons interesses sociais, das comunidades, o povo os agraciava com a conquista de cargos eletivos. Hoje, os candidatos, a imensa maioria, não desfruta mais desta pureza e para eles chegarem ao seu objetivo, vale tudo, até desrespeitar as leis eleitorais, o patrimônio público, o princípio originário da verdade. E vão, assim, enchendo nossas vidas e nossas caixas de correios com o seu vazio, suas iniqüidades.
Seria um contra-senso acreditar que muitos pagam tão caro para receber barato o salário de prefeito ou vereador. O que está em jogo, na maioria das vezes, não é a possibilidade de legislar, de mudar e repensar o mundo que o cerca, mas sim as possibilidades que um mandato de prefeito ou vereador lhes possa render. São nestas possibilidades que muitos conquistam e buscam apoio, financiamentos. E aí, o interesse comum, da sociedade, é suprimido pelo interesse de alguns.
Em toda eleição o quadro triste e desolador se repete e constatamos o quão pobre é o nosso processo eleitoral. De norte a sul do país, a reclamação se repete pelo eleitorado, afirmando que vai votar naquele candidato que é menos pior. Ou seja, muitas vezes, as pessoas não estão votando em representantes autênticos da sociedade, candidatos comprometidos com os interesses e causas do seu povo, da população, mas sim em profissionais da política, que vão conquistar mandatos públicos e, muitos, se beneficiar deles.
Assim vem sendo nossa política nacional, assim vem sendo nosso lamentável processo eleitoral, sem nenhum sinal de mudança no horizonte. Fica aqui apenas o registro de um cidadão, contribuinte e eleitor, o registro de quem acredita na construção de um país melhor, de um país construído por grandes homens públicos, de um país gigante legislando para interesses maiores, até sermos uma terra de rei. E em terra de rei, quem tem um olho é cego.
Petrônio Souza Gonçalves jornalista e escritor [email protected]
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