As florestas de Moçambique, que cobrem mais de metade da sua superfície terrestre, estão a desaparecer a uma taxa de 220.000 hectares por ano e a desflorestação é responsável por 80% das emissões de gás do país, adverte um relatório divulgado na sexta-feira.
Intitulado "Africa Green Growth Readiness Assessment", o estudo conjunto do African Development Bank Group (AfDB) e do Global Green Growth Institute (GGIV) analisa em profundidade o estado de preparação para o crescimento verde em sete países - Gabão, Marrocos, Moçambique, Quénia, Ruanda, Senegal e Tunísia.
Lançado na quarta-feira durante um evento paralelo na 15ª sessão da Conferência das Partes (COP15) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, que se realiza em Abidjan de 9 a 20 de Maio, o estudo divulgado na sexta-feira numa declaração do BAD, conclui que em Moçambique a intervenção crucial para o crescimento verde é o combate à desertificação.
Citando dados recentes do governo moçambicano, os autores do estudo escrevem que mais de metade da área de terra de Moçambique (40,6 milhões de hectares) está coberta por florestas.
"Contudo, este recurso crucial está a diminuir a um ritmo alarmante: aproximadamente 220.000 hectares de floresta desaparecem todos os anos. A este ritmo de desflorestação, as emissões de gases com efeito de estufa provenientes da desflorestação representam 80% do total de emissões de Moçambique", advertem eles.
Segundo os peritos, a desflorestação em Moçambique é causada pela expansão da agricultura comercial, práticas agrícolas itinerantes, extracção de madeira, produção de lenha e carvão vegetal, expansão urbana, exploração mineira e pecuária.
A agricultura itinerante (agricultura de corte e queimada, que frequentemente resulta na propagação descontrolada de incêndios) foi a principal causa de 65% da desflorestação em Moçambique entre 2000 e 2012.
Recordando que as famílias moçambicanas utilizam os recursos florestais para 85% das suas necessidades energéticas e que apenas 5,7% da população rural tem acesso à electricidade, os autores do estudo concluem que a desflorestação e a degradação agrícola se tornaram sérias preocupações para as autoridades do país.
Neste sentido, recordam que Moçambique adoptou uma estratégia de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), e desenvolveu várias iniciativas e medidas reguladoras, incluindo uma nova regulamentação para a indústria madeireira que protege algumas espécies arbóreas, Dado o papel crucial do sector florestal em Moçambique, salientam os peritos, a estratégia de REDD+ e o plano de investimento florestal criado pelo governo, são considerados essenciais no plano nacional para reduzir as alterações climáticas e alcançar um crescimento verde resiliente.
Os autores do relatório recordam também que, a 1 de Fevereiro de 2019, Moçambique assinou um acordo com o Banco Mundial através do qual recebe pagamentos até 50 milhões de dólares (48 milhões de euros) para reduzir com sucesso as emissões de gases poluentes e a desflorestação.
Club of Mozambique
Tradução
Bento Moreira
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