Fazendo a análise dos resultados da eleição para o Parlamento Europeu no Domingo em Portugal, uma mensagem bem clara foi entregue ao governo pelo povo português: um cartão vermelho.
A coligação do Partido Social Democrata (centro-direita mas com cariz de Direita assumida) e do Partido Popular (Direita assumida mas com cariz de Extrema Direita) receberam o que mereceram dum povo que está farto de políticas que não têm qualquer preocupação social (basta a Ministra das Finanças dizer constantemente que não há reformas sem dor), nem age de forma Democrática, nem pelos vistos é muito popular.
O grande vencedor não é só o Partido Socialista, que ganhou 44,52% do voto, com quase 400.000 votos mais do que a coligação PSD/PP, cuja campanha absurda em conjunto, quando em Estrasburgo sentem em blocos diferentes, não deve ter passado despercebida. Também grande vencedor foi o Bloco de Esquerda, que viu um aumento substancial da sua base de apoio (de 1,79% em 1999 para 4,92% agora) o que vale um deputado em Estrasburgo Miguel Portas.
A Coligação Democrática Unitária (PCP e os Verdes) mantém sua posição como terceiro maior partido político com 9,10 % do voto, mais que 300.000 eleitores e consolidada sua base de apoio em Beja (29,47%), Évora (26,57%), Setúbal (17,39%) e Portalegre (15,51%).
Não é só a campanha insípida da coligação PSD/PP, que já nem tem ideias novas, que levou o país à berma da ruptura social mas que continua dois anos depois a culpar os outros, que causou uma onda de pessimismo político que depressa infectou a economia numa altura internacional delicada a culpa dum José Barroso que queria ser Primeiro-ministro a qualquer custo mas sem a devida preparação.
O cartão vermelho a esta coligação, que com 33,26% do voto ficou (os dois partidos juntos) mais que onze pontos percentuais atrás dos socialistas, se deve à maneira desumana que tem conduzido a política económica e social de Portugal. Utilizando um sistema de políticas de laboratório, seguido por políticos cinzentos profissionais que nada percebem da realidade do povo que os elegeu para liderar em tempo de crise, esta coligação viu o desemprego subir em flecha de 4,5% a 7,3% e gerou a situação em que chega a demorar seis meses para o subsídio do desemprego chegar às famílias.
Isso, quando não há ninguém no governo capaz de criar a faísca que irá acender o motor económico em Portugal. Há muita boa gente em Portugal que começa a contar os dias até à próxima eleição legislativa em Portugal, que deve ser em menos que dois anos.
Com este pior resultado de sempre da direita política em Portugal, se pode fazer o balanço dos dois anos de chefia do governo por José Manuel Barroso, o pior primeiro-ministro na história quase milenar de Portugal.
Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru
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