Massacre de Carajás: 13 anos de impunidade

Cerca de 200 manifestantes participaram, nesta sexta-feira, de uma passeata em memória dos 19 sem-terra mortos pela polícia militar do Pará, em 17 de abril de 1996, na “curva do S”, próximo à cidade de Eldorado dos Carajás. O alvo, mais uma vez, foi o Tribunal de (In)Justiça do Pará, que há 13 anos vem fechando os olhos à impunidade. Nenhum soldado da PM foi punido. O Coronel Mário Pantoja, condenado em 1ª instância, recorreu e aguarda (há anos) novo julgamento em liberdade. O governador na época, Almir Gabriel / PSDB, que deu a ordem para desobstruir a rodovia, sequer foi convocado como réu.


Por isso, na manifestação de hoje, uma militante do MST, com os olhos vendados, vestida com uma túnica branca suja de sangue e segurando uma cruz de madeira nas mãos, abria a passeata e denunciava o descompromisso da Justiça paraense, que cerra os olhos diante dos crimes do latifúndio. Logo atrás, uma enorme faixa da Via Campesina pedia “Soberania Alimentar, Já!”


Também houve cobranças ao governo federal. Uma das faixas assinadas por MST e Via Campesina perguntava: “Lula, cadê a reforma agrária?”. E outra dava parte da receita para enfrentar a “marolinha”: “Contra a crise: reforma agrária já!”
O PSOL esteve presente, representado, dentre outros, por Araceli Lemos, Neide Solimões e Sílvia Letícia, além das companheiras Sara e Linesh, do Romper o Dia.


Ao chegar em frente ao TJE as quatro faixas da Av. Almirante Barroso, principal via de acesso a Belém, foram fechadas. A “justiça”, cambaleante e suja de sangue, tombou ao chão. Um boneco representando Gilmar Mendes foi queimado e 19 militantes, com túnicas pretas, segurando 19 cruzes de madeira, acenderam velas diante o Tribunal e entoaram palavras de ordem, segurando uma faixa que dizia: “Massacre de Carajás. 13 anos de impunidade”.


No final do ato público, para que os juízes e desembargadores não esqueçam daqueles que tombaram em Eldorado dos Carajás, as 19 cruzes foram deixadas, encostadas na grade do suntuoso prédio do TJE paraense.


De Belém do Pará, 17 de abril de 2009

Mauricio S. Matos

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