Para presidente Luiz Inácio Lula da Silva , só será possível reduzir a destruição dos recursos naturais do planeta se a desigualdade entre os países ricos e pobres também for diminuída.
O mundo, porém, não modificará sua relação irresponsável com a natureza sem modificar a natureza das relações entre o desenvolvimento e a justiça social. Se queremos salvar o patrimônio comum, impõe-se uma nova e mais equilibrada repartição das riquezas, tanto no interior de cada país como na esfera internacional. A equidade social é a melhor arma contra a degradação do planeta disse ele no seu discurso de abertura da Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova Iorque (EUA), escreve Diário Grande ABC.
Lula citou o programa Fome Zero como um avanço brasileiro na área. Ele destacou que o país conseguiu cumprir, com dez anos de antecedência, a Meta do Milênio, estabelecida pela ONU, de reduzir pela metade a pobreza extrema. Honramos o compromisso do programa Fome Zero ao erradicar esse tormento da vida de mais de 45 milhões de pessoas, assinalou.
É inviável uma sociedade global marcada pela crescente disparidade de renda. Não haverá paz duradoura sem a progressiva redução das desigualdades, completou, lembrando que, em 2004, foi lançada ação global de combate à fome e pobreza, que permitiu a criação da central internacional de medicamentos. Conforme Lula, a central conseguiu reduzir em até 45% o preço de remédios contra a malária e tuberculose destinados aos países pobres.
Também a utilização dos biocombustíveis pode ser uma das grandes soluções para combater as mudanças climáticas que cada vez mais tomam conta do planeta, disse presidente . Lula afirmou que o etanol reduz a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Ele lembrou que no Brasil, com a utilização cada vez mais freqüente do álcool combustível, foi evitado o lançamento de 644 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera nos últimos 30 anos.
Ele rechaçou a idéia de que o plantio de cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, coloque em risco a produção de alimentos no planeta. A cana-de-açúcar ocupa apenas 1% de nossas terras agricultáveis, com crescentes índices de produtividade. O problema de fome no planeta não decorre da falta de alimentos, mas da falta de renda. É plenamente possível combinar biocombustíveis, preservação ambiental e produção de alimentos, disse.
Por isso, de acordo com o presidente, os biocombustíveis podem ser um excelente negócio para países pobres da América do Sul, da África e da Ásia, já que geram emprego e renda sem a necessidade de grandes investimentos, além de propiciar a autonomia energética. No ano que vem, o Brasil realizará uma grande conferência internacional sobre o etanol.
O discurso de Lula foi quase completamente na questão ambiental. Ele chegou inclusive a propor a realização de uma conferência mundial sobre o meio ambiente no Brasil, em 2012, assim como já aconteceu no Rio de Janeiro em 1992 (Rio 92).
O chefe de Estado brasileiro também defendeu ações urgentes para o combate às mudanças climáticas e afirmou que se o modelo de desenvolvimento global não for repensado os riscos de uma catástrofe mundial e humana sem precedentes serão iminentes.
O presidente ressaltou que os países industrializados precisam dar o exemplo imediatamente. É imprescindível que cumpram os compromissos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto (documento em que vários países se comprometem a reduzir a emissão dos gases causadores do efeito estufa, mas que não foi assinado até hoje pelos Estados Unidos, uma das nações que mais poluem o planeta). Necessitamos de metas mais ambiciosas a partir de 2012. E devemos agir com rigor para que se universalize a adesão ao protocolo.
Ainda no discurso, o presidente Lula anunciou o lançamento do Plano Nacional de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. Um dos pontos centrais, disse, será a ampliação do combate ao desmatamento e proteção da Amazônia.
O Brasil não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania nem de suas responsabilidades na Amazônia. Os êxitos recentes são fruto da presença cada vez mais e mais efetiva do Estado brasileiro na região, discursou.
O presidente também não perdeu a oportunidade de mais uma vez cobrar a redução dos subsídios agrícolas, ajuda financeira que os países ricos dão aos seus agricultores e que prejudica o comércio dos produtos das nações pobres.
Os subsídios são um dos entraves para avanços na Rodada Doha, da OMC (Organização Mundial do Comércio), que discute a liberalização comercial. Lula e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, conversaram nesta segunda sobre o assunto. De acordo com Lula, o colega norte-americano sinalizou também estar disposto a destravar as negociações na rodada.
Em contrapartida à redução dos subsídios, os países ricos, como Estados Unidos e União Européia, querem que os mais pobres diminuam as tarifas de importação no setor industrial.
São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas que enriquecem os ricos e empobrecem os mais pobres. É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência e o subdesenvolvimento. O Brasil não poupará esforços para o êxito das negociações que devem beneficiar, sobretudo os países mais pobres, afirmou Lula em Nova York.
O presidente brasileiro falou ainda sobre a necessidade de inclusão de países em desenvolvimento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O Brasil aspira a ocupar um assento permanente no órgão. Nesse contexto, Lula citou como positiva a participação dos militares brasileiros na missão de paz da ONU no Haiti.
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