Segundo a Folhapress, com objetivo de forçar a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência, senadores de seis partidos se reuniram ontem para elaborar uma estratégia. Eles decidiram que não vão mais participar de sessões presididas por Renan enquanto ele for alvo de processos no Conselho de Ética do Senado. Renan foi absolvido anteontem, em sessão secreta, no processo que pedia sua cassação por quebra de decoro com 40 votos favoráveis - houve 35 votos pela cassação e 6 abstenções. "Não participaremos de reunião de líderes sobre a presidência do senador Renan por entendermos que ele não tem condições de continuar presidente do Senado enquanto responde a processos no Conselho de Ética", disse o líder do PSDB no Senado, Tasso Jereissati (CE).
A decisão prejudica o Planalto, já que o grupo de senadores decidiu que não vai mais aprovar matérias de interesse do governo com Renan na presidência do Senado, como medidas provisórias para liberação de recursos extraordinários para ministérios. Os senadores decidiram que vão fazer uma espécie de "operação-padrão" para limpar a pauta de votação. Eles dizem que vão se reunir semanalmente para elaborar uma pauta seletiva mínima. Nessa reunião, vão definir o que irão ou não votar. A tendência é do grupo não aprovar a proposta que prorroga a cobrança da CPMF até 2011, considerada prioridade para o governo federal.
O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN) disse que a decisão não é somente dos partidos de oposição, já que havia representantes do PSB e PMDB no encontro que definiu o movimento de pressão contra Renan. Do PSB estava a senadora Patrícia Saboya (CE) e do PMDB, Jarbas Vasconcellos (PE). Também participaram do encontro senadores do PSDB, PSOL e PDT. "Essa não foi uma reunião de oposição. Foi uma reunião de senadores alinhados com a ética", disse Agripino ao final do encontro.
Afastamento
Os senadores querem que Renan Calheiros se afaste do comando da Casa para se defender das denúncias. Ainda ficou definido na reunião que eles vão apresentar projetos para acabar com a sessão secreta no caso de perda de mandato e para afastar da Mesa Diretora e da presidência de comissões senadores investigados pelo Conselho de Ética. Os senadores também vão aprovar Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com voto secreto na Casa. Agripino disse que a população precisa entender que essa decisão tem o objetivo de mostrar para a população que nem todos são iguais no Senado. "A percepção da população não é que 35 votaram pela cassação, mas que o Senado votou pela absolvição. É possível aos partidos deixar clara a posição que vão adotar daqui pra frente", afirmou.
"O Senado não pode ser nivelado por baixo, há ressalvas a fazer." Os senadores também vão exigir que o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO) indique relatores para os outros processos abertos contra Renan. O Conselho de Ética já abriu oficialmente outros dois processos contra Renan. O primeiro apura a denúncia de que ele teria beneficiado a empresa Schincariol junto ao INSS. O segundo pede investigação da denúncia de que Renan teria usado laranjas para comprar rádios e um jornal em Alagoas.
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter