O Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, será convocado a comparecer à Comissão de Relações Exteriores do Senado para explicar os motivos que levaram o governo a colocar o aparato policial do Estado para localizar e deter os dois atletas cubanos que desertaram da delegação de seu país nos Jogos Pan-Americanos.
Autor do requerimento de convocação, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), afirma que o episódio "patrocinado pelo governo Lula causa profunda indignação". "A tradição da diplomacia brasileira sempre foi a de garantir, irrestritamente e sem qualquer posicionamento político-partidário, todos os direitos e garantias a qualquer cidadão estrangeiro em passagem pelo País."
Em nota divulgada à imprensa, o DEM manifestou "indignação pela utilização do serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública como um prolongamento da polícia política do ditador Fidel Castro". Os parlamentares lembram que os boxeadores Guillermo Rigoundeaux e Erislandy Lara foram localizados e detidos na última quinta-feira e já na noite de sábado embarcados num vôo com destino a Cuba. "O partido declara à sociedade brasileira sua apreensão com o destino que aguarda os atletas, pois o governo de Cuba inicialmente anunciou que eles não seriam presos. Após o embarque, contudo, revelou que ficarão retidos em casas especiais do Estado, onde poderão receber a visita de seus familiares."
O partido diz que estava prestes a impetrar habeas-corpus contra a liberdade vigiada imposta aos cubanos pelo governo quando soube que eles já haviam embarcado. "O governo do presidente Lula foi eficiente como nunca para devolver os pugilistas para as mãos do ditador cubano", alega o DEM.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) comparou o episódio à deportação para a Alemanha nazista da comunista Olga Benário. "Vi petistas chorando, aos prantos, em solidariedade à dor que todos sentimos e que envergonha nossa história do episódio vivido pela Olga Benário", ironizou. E, segundo ele, "ainda assim, o partido do presidente Lula repetiu a cena".
Presente no plenário, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que ficou muito preocupado quando soube que os atletas haviam abandonado a delegação de seu país e estavam desaparecidos. Ele concordou que a participação do governo brasileiro na detenção dos cubanos "precisa ser objeto de um melhor esclarecimento". No plenário, disse ainda que telefonou ao chanceler interino, Samuel Pinheiro, pedindo explicações.
Mas não divulgou o que ouviu de Pinheiro.
Fonte Estadão
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter