Os passageiros que fizeram a primeira viagem de Luanda para Lisboa, via Cabo Verde, por a Transportadora Aérea Angolana (TAAG) estar proibida de voar no espaço europeu, chegaram hoje ao aeroporto da Portela cheios de queixas.
Visivelmente cansados, os passageiros queixaram-se sobretudo do tempo que tiveram de esperar no aeroporto do Sal para embarcarem num avião dos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) com destino a Lisboa.
«O voo correu mal. Estávamos para embarcar às 08:30 e embarcámos às 10:30. Chegámos a Cabo Verde e estivemos lá quase três horas à espera, com fome e cansados. Ninguém nos dizia nada», disse à agência Lusa uma passageira que não se quis identificar.
De férias em Portugal, a passageira disse que «infelizmente» vai ter de regressar a Luanda via Sal, mas assim não pensa vir a Lisboa «tão cedo».
Também o casal Susana Sousa e Sidney Grilo criticam a paragem no Sal, afirmando que foi «muito desconfortável» por terem estado «três horas sentados na sala de embarque».
Quanto aos motivos, Sidney Grilo disse que o comandante informou que «quem controla o tráfego aéreo em Portugal apenas cedeu este horário para o voo».
Para aquele angolano, o ideal seria fazer Luanda-Joanesburgo-Lisboa porque teriam mais condições naquele aeroporto da África do Sul, onde poderia «comer ou navegar na Internet».
Habituados a voar pela TAAG, o casal disse nunca ter tido problemas ou sentido insegurança.
«Mas este tipo de decisões (de proibir TAAG de voar no espaço europeu) não são tomados de ânimo leve, nem há necessidade de estar a prejudicar deliberadamente a TAAG. Há critérios que não deviam estar a ser cumpridos», sublinhou Sidney Grilo.
Há 15 anos a viajar pela TAAG, Isaac Ferreira diz que nunca demorou tanto tempo para chegar a Lisboa.
«Demorei cerca de 11 horas para fazer uma viagem de sete. Não sabia que ia ficar tanto tempo no Sal. Pensava que era sair de um avião e entrar no outro», contou.
Ao contrário do avião da TACV que não vinha lotado para Lisboa, o que foi do aeroporto da Portela para o Sal estava completamente lotado.
Em declarações à Lusa, os passageiros que foram para Luanda mostraram-se conformados com a escala no Sal, mas não compreendem a decisão da UE de proibir os voos da TAAG no espaço europeu.
Excesso de zelo da UE foi um dos argumentos dados por Francisco Alexandre, um angolano que acredita que a proibição vai ser levantada na próxima reunião que a União Europeia vai ter para debater aquela proibição.
Já Alexandre Boa Morte, que viaja há 27 anos pela TAAG e não compreende como é que os seis aviões novos daquela companhia não podem voar em espaço europeu, diz que a escala no Sal vai ser um «transtorno total».
Também um comissário de bordo da TAAG que estava a fazer o check-in para ir para Luanda no voo da TACV diz que a decisão da UE «não faz sentido» por ocorrer «numa altura em que a empresa está a marcar passos visíveis para melhorar».
Desde sexta-feira, a TAAG está interdita de voar para o espaço europeu por ter sido incluída na «lista negra» das companhias aéreas da União Europeia.
A TAAG operava seis voos semanais de ida e volta Luanda-Lisboa, além de dois voos semanais de ida para a capital portuguesa, com regresso a Luanda partir de Paris e de Londres.
A solução encontrada foi os passageiros irem de Lisboa para o Sal num avião da TACV e seguirem depois para Luanda num aparelho da TAP.
O mesmo acontece para quem viaja de Luanda para Lisboa.
Fonte Diário Digital / Lusa
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