A cultura nacional está de luto. Morreu ontem, na Luanda, por prolongada doença Olga de Santa Clara Baltazar de Oliveira Marques, ou simplesmente "Olga Baltazar", uma exímia poetisa e bailarina da década de 50.
Olga Baltazar, que nos últimos tempos padecia de diabete, de acordo com o músico Dionísio Rocha, foi por duas vezes em tratamento médico em Lisboa, onde lhe foi amputada os dois membros inferiores, tendo posteriormente regressado a Luanda, onde tinha o acompanhamento da família. Ontem, depois de uma crise, a poetisa pereceu à porta da clínica Meditex, em Luanda.
Nascida aos 6 de Fevereiro de 1941, Olga Baltazar integrou inicialmente o grupo Fogo Negro e posteriormente, em conjunto com os músicos Bonga, Elias Dya Kimuezu, Dominguinhos e Zizas, isto entre os anos de 1958 e 1962, deu os primeiros passos da sua brilhante carreira no agrupamento Ilundos.
Dispersado pelo regime colonial, por considerar subversiva a actividade deste conjunto, em Agosto de 1964, com outros cantores, forma o conjunto musical Dimba Dya Ngola.
Poetisa popular, numa altura com que a opressão colonial era acentuada, Olga Baltazar, usava a declamação para fazer chegar as suas mensagens à população, tendo notabilizado-se na época com o poema "Eu bebo para esquecer".
Entretanto, uma nota fúnebre do Ministério da Cultura chegada ontem a nossa redacção, refere que foi com profunda mágoa e consternação que a direcção deste pelouro tomou conhecimento do passamento físico de Olga Baltazar.
A nota refere ainda que a bailarina e declamadora de grande talento e sensibilidade, antiga integrante do grupo Fogo Negro e co-fundadora do agrupamento Dimba Dya Ngola, representou o país em inúmeros eventos internacionais.
"Com o seu passamento físico, a classe artística angolana perde um membro de relevante valor, que utilizou a música, a dança e a poesia como modo de vida, consciente do seu valor identitário pessoal e, após a proclamação da nossa Independência Nacional, como arma de combate e de identidade cultural múltipla do povo angolano", lê-se na nota.
Neste momento de dor e luto, o Ministério da Cultura endereça à família enlutada, à UNAC e à classe artística em geral, os seus mais profundos sentimentos de pesar.
Fonte Jornal de Angola
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