Opinião: Amanhã, não haverá mais aula...

Os meninos do Brasil não vão mais à escola. O futuro do Brasil foi apagado pela virulência da vida diária. Amanhã, não haverá mais aula para o Joãozinho, para a Alana , para a Luciana e para a Ana, a menininha que gostava tanto de estudar e de desenhar casinhas com jardins e passarins cantando a tarde inteira. Ela nem chegou a aprender a escrever o seu próprio nome...

Até pouco tempo atrás existia uma guerra civil no Brasil. Hoje, os bandidos estão vencendo a guerra e dia a dia, eles disparam contra nossas esperanças, matando um de nós, um pequeno, humilde e indefeso cidadão brasileiro.

E a guerra não tem fim, seja no grande centro, seja no interior mais inóspito e distante do Brasil, ali também habita a violência. A violência covarde preconizada pelas telas das tvs, pelos videogames, pela impunidade que violenta nossa cidadania, nosso poder de indignação, nossa vontade de lutar por uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna .

Nós somos as vítimas diárias que aceitam todo este processo que sepulta em nós a crença em um futuro melhor e promissor para todos os nossos e para os que virão depois de nós.

Dentro de cada um fica apenas a revolta que se esvai quando constatamos que estamos verdadeiramente sozinhos, que não podemos confiar na Justiça, que não podemos acreditar em nossas polícias, depositar esperança no sistema de recuperação prisional, em nossos governantes que poderiam contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária; no Estado, que vira as costas para todos os filhos da pátria nos tratando como se fossemos todos parias, filhos sem pai.

O jornal não registra a nossa maior dor e não retratou a merendeira encontrada ao lado do corpo da menininha que trazia uma flor no laço do cabelo e a trancinha feita apenas pelas mães que amam seus filhos. Da merendeira dela escorria o suco da esperança que a mãe preparou com todo carinho para ela beber futuro enquanto vivia o presente. O suco se misturou com o sangue formando uma terceira cor, que nem sabemos o nome.

Hoje, a cadeira dela está vazia na sala de aula e toda hora que a professora fita o lugar silenciado da meninazinha que gostava tanto de brincar e cantar durante as aulas, ela chora. Ela chora a dor que é dela e de todos nós, e os meninos pobres de paz, ficam olhando, olhando e imaginado onde ela foi brincar: sozinha, de esconde-esconde...

Petrônio Souza Gonçalves

http://petroniosouzagoncalves.blogspot.com

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