Por ANTONIO CARLOS LACERDA
BRASILIA/BRASIL - No Brasil, em uma década, 10 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema - a classe E, base da pirâmide social -, segundo amostragem de dois diferentes estudos. Essa foi a primeira vez que a classe E representa menos de 1% dos 49 milhões de domicílios existentes no País.
Pelos dados apontados, o número de brasileiros em situação de pobreza extrema teve uma drástica redução nos últimos dez anos, conforme demonstrativos de duas pesquisas de consultorias que usaram metodologias distintas.
Em números exatos: 404,9 mil ou 0,8% dos lares são hoje de classe E, segundo os cálculos do estudo IPC-Maps, feito pela IPC Marketing, consultoria especializada em avaliar o potencial de consumo. Em 1998, a classe E reunia 13% dos domicílios, indica o estudo baseado em dados do IBGE.
Os dados são atualizados segundo um modelo desenvolvido pela consultoria, que leva em conta a pesquisa do Ibope Mídia sobre a distribuição socioeconômica dos domicílios, projeções de crescimento da população e da economia, entre outros indicadores. Os lares são classificados segundo o Critério Brasil, da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (Abep), que leva em conta a posse de bens e o nível de escolaridade do chefe da família.
O Instituto Data Popular, especializado em baixa renda, vai na mesma direção. Em 2001, a classe E era 10% da população (17,3 milhões) e, em 2011, tinha caído para 3,6% ou 7 milhões, segundo o estudo que divide a população pela renda mensal per capita - R$ 79 para a classe E.
Não dá para dizer que acabaram os pobres, mas diminuíram muito, e a condição social deles melhorou porque tiveram acesso a vários bens de consumo, o que antes era praticamente impossível.
Segundo o Data Popular, a tendência das pesquisas é a mesma: uma forte redução do contingente de pobres. Em dez anos, foram 10 milhões de pessoas a menos na classe E, e a divergência entre a ordem de grandeza dos resultados pode ser decorrente do fato de muitas pessoas da classe E não terem domicílio.
As participações das classes E e D na estrutura social encolheram por causa da forte migração que houve entre 1998 e 2011. A fatia dos domicílios de classe D caiu quase pela metade no período, de 33,6% para 15,1%. Já os estratos C e B cresceram. Em 1998, 17,8% dos domicílios eram da classe B e, em 2011, representavam 30,6%.
Na classe C, o crescimento foi ainda mais significativo, de 31% em 1998 para 49,3% em 2011, aponta o IPC-Maps. Resultado: quase 80% dos lares brasileiros hoje já são de classe C ou B. Especialista afirma que não dá mais para falar em pirâmide social, com a baixa renda representando a maior parte da população. Agora a estratificação social é como um losango. Hoje o porcentual de domicílios mais pobres (0,8%) quase empata com o total de mais ricos (0,5%).
ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA.RU.
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