Têm circulado na internet alguns protestos a respeito do preço da gasolina que a Petrobrás produz e vende praticamente com exclusividade no Brasil. Um monopólio de fato.
O presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, declarou que os preços da gasolina só serão reduzidos quando a companhia recuperar os prejuízos (mais honestamente falando, os menores lucros) havidos com a manutenção dos preços quando a cotação do petróleo estava nas alturas.
Gabrielli sofisma, pois, para começar, a Petro aumentou os preços da gasolina (inferior à americana, e por isso, desvalorizada em 12%) em abril de 2008 , não repassados aos consumidores por uma manobra populista do governo, que reduziu a incidência da CIDE ( Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico , uma sigla complicada para um imposto sobre combustíveis), a fim de não repassar os aumentos de preços na bomba.
Hoje, a Petro vende combustíveis, gasolina e diesel, pela cotação recorde do petróleo, de US$ 147, quando agora vale cerca de US$ 40 o barril. Isso, levando em conta que nossa gasolina tem uma mistura de até 25 % de álcool, o que baratearia seu preço , e a menor octanagem , que a desvaloriza em 12%. Na verdade, em português claro, uma porcaria de gasolina.
Apesar de todos esses "infortúnios" apontados por Gabrielli, a Petro desbancou até mesmo os lucros dos bancos. A Petrobrás lucrou, sozinha, US$ 33 bilhões , bem mais que os US$ 29 bilhões de 28 bancos brasileiros, no total.
Ora, um litro de álcool, ou etanol, pode ser comprado, em postos de São Paulo, hoje, a RS$ 1,299. Se a Petro baixar os preços da gasolina na proporção devida (fala-se em um sobrepreço de 50%), o etanol torna-se inviável .
E, como as usinas já estão na corda-bamba financeira, é claro que a Petro não haverá de reduzir os preços da "gasopa". O governo americano estima o preço médio da gasolina em US$ 1, 96 por galão (3,75 litros), de melhor octanagem e sem álcool, em 2009.
Quanto dá isso em reais? Bem, US$ 1,96 = RS$ 2,21, em 6/4/09. Isso, dividido por 3,75 litros dá um custo por litro, nos EUA, de US$ 0,52, ou R$ 1,16. Aí, descontem-se os 12% a mais referentes à diferença de octanagem: R$ 1,13. Tem, ainda, os 25% de álcool adicionados, que custam R$ 1,29. Resultado: o custo da gasolina deveria ser R$ 1,16, na bomba. Como o álcool rende só 70% do poder calorífico da gasolina, ele valeria R$ 0,81. Inviável, pois.
Mas, se você se indignou com os preços da gasolina brasileira, saiba que o gás vendido pela Petrobrás à indústria custa o dobro dos preços praticados no exterior. O mesmo gás natural, vindo em parte da Bolívia, custa, no fogão das residências paulistas, o triplo do que custa no México.
E a Petrobrás tem a cara de pau de dizer que a diferença de preço serve para custear os investimentos que ela está fazendo no PAC, o programa de obras do governo federal. Então, o contribuinte é quem paga pelo investimento que dará mais lucros à firma? E o lucro de US$ 33 bilhões, desculpe perguntar, serve pra quê?
Luiz Leitão
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