Atentado à Cristina Kirchner, no Contexto Regional de Ódio

"Não me tornei presidente para ser gendarme da lucratividade dos empresários", Cristina Kirchner, 10 de dezembro de 2007

Tentativa

A tentativa de magnicídio contra a vice-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner no último dia 1º em Buenos Aires, levando o mundo ao estado de choque (ao menos o mundo minimamente humanitário), não se tratou de crime limitado a um contexto individual.

O assassino fracassado não é unico responsável pelo crime hediondo contra a política socialista argentina, destacadamente defensora dos direitos humanos e ferrenha crítica da ditadura da mídia (levando à prática tais críticas enquanto presidente da República, de 2007 a 2015): indiretamente há vários envolvidos no atentado, na Argentina e fora dela.

O chocante ataque retrata a face mais grotesca da disseminação do ódio, discriminação, estigmatização e violência contra as diferenças, também pela patologia do poder. Tudo isso crescendo assustadoramente não apenas na Argentina como, igualmente, em toda a região.

Violência que se vale de tudo para atacar covardemente, tanto quanto possivel destruindo vidas de famílias inteiras: poder arbitrário sobre leis, tornando-se a própria lei praticando lawfare (em moda na América do Sul), negação de direitos fundamentais aos "mortais inimigos" ideológicos, até armas como recurso a fim de se eliminar os odiados. Criando Estados de exceção e de guerra civil, sobre os quais já não há mais como disfarçar.

Mesmo seres desconhecidos: todos são potenciais inimigos quando se trata de diferenças de ideias, estilos de vida, costumes, cor de pele e até mesmo de sotaque. Nada disso pode ser tolerado por bestas humanas, defensores de tortura e assassinato daqueles que pensam diferentemente. Indivíduos que enaltecem armas, queimam livros; o tempo passa, as mentalidades continuam estagnadas.

O perverso "eles e nós", sombrio cenário sul-americano há anos alimentado por amplos setores da mídia (*) e por donos, usurpadores do poder de diferentes segmentos. Promotores de desigualdades, excludentes por natureza.

O tiro que por acaso não foi executado em Buenos Aires tratou-se não apenas de atentado contra Cristina, mas contra a cabeça e a dignidade de todos os individuos que acreditam e, de sua maneira, engajam-se na construção de sociedades mais dignas, livres, justas, equânimes, pacíficas.

A pressão sobre o gatilho contra Cristina, que por duas vezes falhou milagrosamente, foi mais uma revanche classista, ideológica e moral que toma conta da região. A cruel guerra do ódio contra tudo o que não lhe é semelhante, está declarada nesta parte do planeta.

Aos impiedosos sociopatas, "combatentes das diferenças" valendo-se dos mais covardes métodos, nosso mais ressonante repúdio. Nossos valores, nossos ideais e nossa voz são nossas armas. A favor da vida sempre, sem importar o segmento a que o outro pertença.

(*) Devem ser incluídos nesta menção nada honrosa dos portadores e arquitetos do ódio coletivo certos setores politqueiros e seus sítios auto-proclamados "independentes", progressistas" como o petista Brasil 247, praticante de um dos mais aberrantes panfletos político-partidários precariamente travestido de jornalismo (por mais que se gabe de "ex-Globo", "ex-Isto É" e demais lixarada que emporcalha diariamente bancas de jornal e telas de TV), com requintes de - peculiaridade petista - violência sarcástica não raras vezes indo além da verborragia

Se está correto este artigo ao afirmar que o ataque à Kirchner não se limita a ato individual, devendo-se às razões apontadas, se o caro leitor concorda com esta tese deve, por conseguinte e coerência, concordar que 247 e seu PT, entre outros "à esquerda, à brasileira" incluem-se no balaio dos odiosos (porém, com um "quê" mais hipócrita, convenhamos).

Exemplo mais recente:  publicação no Brasil247.com sarcástica, entusiasticamente incitando "jogadores de pelada" a continuar chutando bola com forma da cabeça do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Com direito a vídeo a fim de divertir ainda mais seu público; e outro "detalhezinho" nada desprezível - não supreendendo, advindo dos porta-vozes da cúpula petista: a "animada"... "reportagem" foi publicada na seção Cultura (!).

Neste caso permitido, pois somos "nós", os "puritanos", ou seja, "nossa causa é certa, "podemos tudo", "apenas nós estamos autorizados a criticar", "não podemos ser criticados, ainda que façamos o mesmo que condenamos no outro". "Leis, valores: só para o outro". Reprovar no outro o que se aprova para si: das maiores hipocrisias, a característica mais marcante da sociopatia. Disse certa vez o psicanalista Caio Fabio: "Não há nada mais adoecedor e imbecilizador, que o perpétuo aprendiz de um ensino que não produz efeitos práticos em sua vida". "Esquerda" tupiniquim, uma das coisas de pior gosto na face da Terra

Ao invés de se justificar, "ex-Globo", "ex-Isto É" por críticas da Folha de S. Paulo pelo caráter político e não jornalístico, 247 deveria dar respostas práticas diárias: assim é a vida, e leitor não forma opinião com "ex" tanto quanto democracia não se constroi com "ex"

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Author`s name Edu Montesanti