Alguns aspectos do estilo americano de competição tornam-se mais claros quando colocados num contexto mais amplo, neste caso o sistema socio-económico incluido, por este motivo vamos analisar rapidamente a diferença entre capitalismo e socialismo. Durante, pelo menos, os últimos 100 anos, os americanos foram ensinados a odiar e a temer o socialismo e os governos socialistas, sem nunca compreenderem realmente aquilo a que se opunham ou porque razão o contestavam.
Por Larry Romanoff
Traduzido em exclusivo para PRAVDA PT
Nos dias de hoje a situação não é diferente, quando qualquer menção ao socialismo produz uma inundação de condenação moral. No entanto, poucos americanos poderiam provavelmente fornecer qualquer explicação coerente sobre socialismo ou uma discussão inteligente dos seus multiplos fracassos hipotéticos. Os americanos equiparam o socialismo a déspotas e a tirania, a medo e a fome sob uma ditadura militar brutal, o que é um testemunho do poder da propaganda e da ignorância. As empresas americanas estiveram na vanguarda desta investida propagandística, que foi fortemente apoiada pelo governo e pela comunicação mediática e, certamente não menos importante, pelos editores de livros educativos e pelas escolas e universidades americanas.
Durante um século, as empresas americanas, as agências governamentais e os meios da comunicação social, atafulharam as mentes e os corações dos americanos com medo do socialismo e, tendo alimentado esse medo, definiram quais os sinais do socialismo a ser evitados a todo o custo. Estes sinais incluíam o cumprimento do governo da sua responsabilidade em áreas como cuidados de saúde, segurança social e educação e o fornecimento de necessidades nacionais como a electricidade, transportes e comunicações, tudo apresentado ao povo como "desistir da sua vida e deixar que o governo a dirijisse por si". O envolvimento do governo em qualquer segmento da sociedade ou indústria onde as grandes empresas e as elites pudessem ter lucro foi definido como socialismo ou comunismo e, portanto, traição à religião básica do cristianismo político multipartidário.
A propaganda era tão poderosa que se tornou praticamente impossível para um americano médio ser socialista cristão ou crente tanto na democracia como na segurança social, ou ser qualquer um deles e simultaneamente contra as grandes empresas, contra o capitalismo de mercado livre ou contra a privatização. Ter uma identidade americana é aceitar todos os capítulos da Bíblia da Liberdade. Não se pode escolher qual das leis de Deus se vai seguir. A uniformidade ideológica é um pré-requisito para aqueles que vivem num mundo a preto e branco e praticam uma religião do tudo ou nada.
A lavagem ao cérebro começa cedo, na escola primária, muito antes das crianças terem qualquer capacidade de discernir os méritos do governo ou dos sistemas sociais. De facto, as crianças americanas são impedidas de alguma vez obterem essa capacidade por um sistema educativo preventivo que coloca a mentira em qualquer reivindicação de liberdade ou pensamento crítico. Considere este exemplo de um livro americano do ensino básico: A questão colocada é "Qual dos seguintes aspectos segue o socialismo?", impondo ao aluno oferecer três opções de resposta possíveis:
Ø Um sistema político em que um ditador governa e não há liberdades.
Ø Um sistema económico em que o governo é proprietário das grandes empresas.
Ø Um sistema económico em que as empresas são privadas.
Claro que a resposta correcta é "nenhuma delas", mas nas escolas americanas as duas primeiras escolhas mal intencionadas são as únicas respostas correctas e as criancinhas aprendem muito cedo que o capitalismo de empresa privada é a única forma de voar, o socialismo não só deve ser evitado, mas até mesmo explorar esse sistema é equiparado a procurar informação sobre o culto a Satanás. As portas para estas pequenas mentes americanas são firmemente fechadas muito cedo na vida, para nunca mais serem abertas e são uma parte integrante da sua doutrinação político-religiosa. É dada vasta exposição em horário nobre aos princípios infundados do capitalismo americano, fechando novamente as pequenas mentes para sempre a qualquer compreensão do que, efectivamente, são esses mesmos princípios injustos ou porque o são.
Em termos de sistemas políticos, a "democracia" é uma expressão enganosa uma vez que os americanos lhe atribuem uma multiplicidade de significados, uma espécie de bolha político-religiosa de plástico, que serve apenas para encher a sala de fumo. Todos devemos ter pena da democracia, esta palavra que recorda a carga pesada de quase todo o dicionário de inglês de Oxford. Este pobre substantivo, que descreve quase nada em particular, tem sido sobrecarregado com tantos conceitos irrelevantes e não relacionados, que deveria ter caído de exaustão ou de miséria há séculos. Uma jovem americana que conheço, insistiu que o direito do seu animal de estimação à comida para cães era um "direito humano" e, portanto, incluído na definição de democracia. Portanto, vamos prescindir deste termo e seguir com "capitalismo" e "socialismo", que são os lados opostos da mesma moeda, nem relacionados com a forma de governo dominante, e que podem coexistir alegremente numa democracia ou num reino, ou em qualquer outro tipo de governo. Nem o capitalismo nem o socialismo são naturalmente antagónicos às democracias ou aos reinos. Nem às ditaduras, já agora, para não tornar este assunto mais confuso.
Um sistema político-económico capitalista é o que existe nos EUA, um sistema de mercado livre essencialmente não regulamentado, onde as elites e as suas grandes empresas ditam as políticas governamentais e o ambiente humano. A sociedade existe para servir os capitalistas cujos interesses prevalecem sobre os do povo, o governo abençoa estes interesses com legislação de apoio, tributação (ou falta dela) e tarifas de importação. Em qualquer conflito entre os melhores interesses das empresas e os do povo ou da sociedade como um todo, as empresas ganharão e o povo perderá.
Antes de prosseguirmos, vejamos um exemplo vivo, o do serviço de telefones móveis. A China, um país socialista, tem o melhor serviço de telefone móvel do mundo, enquanto os EUA, um país ferozmente capitalista, tem o pior, o mais disfuncional e, claro, o mais caro. O Canadá é provavelmente o segundo país. Vamos ver porque razão.
Para comprar um telemóvel na China, vai a qualquer uma das milhares de lojas da sua cidade, cada uma delas a vender centenas de marcas e modelos diferentes de telemóveis e tenta negociar o melhor preço que pode obter pelo telemóvel que deseja. Ao mesmo tempo, recebe um cartão SIM (cerca de $3,00), que contém o número de telefone, a autorização de ligação à rede e algum tempo de utiização gratuito. Insere o cartão SIM, liga o telefone e começa a fazer chamadas enquanto ainda está na loja. Este é o processo na sua totalidade. Exceptuando o cartão SIM, é o mesmo que comprar uma torradeira. Pode escolher entre várias companhias telefónicas para prestar o serviço, mas é tudo igual e pode mudar de companhia telefónica sem mudar de telefone ou alterar o seu número. Se comprar um telefone novo, basta inserir o seu cartão SIM antigo e tudo está operacional. Pode comprar um segundo (ou terceiro) cartão SIM e ter diferentes números locais para utilizar em diferentes cidades, se quiser fazê-lo.
Claro que uma das melhores características é que todo o país está interligado, mesmo em locais remotos. Estive recentemente de férias na Mongólia Interior e pude enviar fotos em Wechat enquanto montava o meu camelo no deserto. E não é só toda a China, mas toda a região asiática está perfeitamente ligada. Liguei recentemente a um amigo em Shanghai para o convidar para almoçar e ele disse: "Não posso. Estou no Vietname". Se alguém de qualquer parte do mundo me ligar, o sistema sabe onde estou e o meu telefone toca. Nunca tenho de pensar na compatibilidade do fornecedor de serviços, roaming e todas as outras restrições que existem no Canadá ou nos EUA. Se viajar para Pequim, recebo uma mensagem de texto a dar-me as boas-vindas e a dizer-me que as minhas chamadas são agora chamadas locais. Em mais de 15 anos na China, pude contar pelos dedos da mão, o número de chamadas perdidas. O sistema também monitoriza os abusos, apresentando avisos de advertência ao receber uma chamada de um número que se diz pertencer a operadores de telemarketing ou de burla telefónica. Além do mais, o sistema SMS é utilizado muito eficazmente para alguns tipos de avisos públicos, como um aviso simultâneo a 100 milhões de cidadãos sobre a aproximação de um tufão.
As chamadas telefónicas na China custam cerca de $0,02 por minuto, e as mensagens SMS custam o mesmo para enviar; receber mensagens é gratuito. O custo mensal típico de um telefone inteligente na China, incluindo o uso contínuo da Internet, é de cerca de $15,00, comparado com cerca de $200,00 nos EUA ou no Canadá. Na China, é possível comprar um ‘hotspot’ móvel por cerca de $40, com um custo mensal de cerca de $10 para muitos Gb de downloads. Nos EUA, um ‘hotspot’ é alugado (a cerca de $50,00 por mês), com um custo mensal de outros $50,00 para uma utilização equivalente. A disparidade de custos não se deve principalmente a salários mais baixos, mas ao facto do sistema de telemóvel nos países capitalistas não ter sido concebido para as pessoas mas para as empresas de telemóveis, resultando na fragmentação da rede e da frequência, menus à la carte, custos elevados e serviço deficiente. A China reconheceu que a facilidade de utilização das comunicações e os transportes rápidos era vital para um desenvolvimento económico crescente, algumas estimativas afirmam que o PIB da China é 15% mais elevado do que seria sem o seu actual sistema de telefones móveis e 30% mais elevado devido ao uso de transporte rápido, quase universal.
Os países capitalistas pregam continuamente os benefícios da concorrência, que é apregoada como sendo a maneira de fornecer preços mais baixos e um melhor serviço, mas não parece consegui-lo no caso do mercado de telemóveis dos EUA ou do Canadá. Com uma concorrência real, cada empresa de telefones estaria a lutar pelos seus negócios, oferecendo preços mais baixos e melhores condições, mas na vida real as poucas empresas colaboram para manter os preços elevados e evitar que os clientes escapem à armadilha. A concorrência ao estilo americano é que originou que os utilizadores pagassem 500.000 dólares e permanecerão dez anos numa prisão se desbloquearem um telefone. Na China, todos os telefones estão desbloqueados. A única razão para os bloquear é para impedir a concorrência.
Com os cuidados de saúde passa-se o mesmo, concebidos na China como parte da infraestrutura social necessária para proporcionar o melhor à maioria das pessoas. No Canadá (também socialista) é semelhante, onde a maioria de tudo é gratuito, financiado pelas receitas fiscais gerais e exercido pelos governos provinciais como um serviço social necessário. Não há hospitais com fins lucrativos, não há companhias de seguros, não há reclamações recusadas, não há tratamentos negados, não há mortes no parque de estacionamento. Com o sistema capitalista dos EUA, os americanos têm uma concorrência ilimitada que lhes deve dar baixos custos e ofertas de cirurgia de dois em um, mas parece ainda pior do que o seu mercado de telemóveis. Vejamos alguns exemplos. Um ECG é uma mercadoria, feita com equipamento barato, essencialmente o mesmo em todo o mundo. Em Shanghai, um ECG custa cerca de $3,50, enquanto o custo médio nos EUA é de $1.500, com alguns hospitais a cobrar até $3.000. Um ECG de corpo inteiro custa menos de $50,00 em Shanghai e noutras grandes cidades, mas entre $4.000 e $6.000 nos EUA. As estadias hospitalares nos EUA custam normalmente em média quarenta a cinquenta vezes mais do que na China. Um raio-X dentário de 360 graus ao estilo 3-D MRI custa $3,75 em Shanghai e $350 em Washington DC. Com a educação acontece um caso semelhante. As excelentes universidades chinesas cobram propinas de cerca de $1.000 por ano, formando por ano dez milhões de estudantes sem dívidas, em contraste com propinas de $30.000 por ano e muitas dezenas de milhares de formaturas nos EUA, representando cada uma delas, dívidas que não podem ser pagas.
É devido ao socialismo empresarial do governo dos EUA - por outras palavras, ao fascismo - que o proteccionismo sempre foi um factor importante na economia, não para proteger pessoas, mas para proteger empresas. Por isso é que os EUA têm cobrado tão frequentemente direitos elevados sobre os bens importados, independentemente do custo para a população ou dos prejuízos para o bem público. O Proteccionismo engloba apenas programas de bem-estar das empresas, com grupos de interesses especiais que utilizam a força do governo para se beneficiarem a si próprios à custa da população. Os consumidores americanos perdem inevitavelmente com estas medidas, mas normalmente desconhecem o que lhes está a ser feito. Um exemplo típico é uma tarifa sobre o vestuário estrangeiro, que não só torna os artigos estrangeiros mais caros, mas permite às empresas nacionais aumentar substancialmente os seus preços. Com tarifas elevadas para proteger os fabricantes nacionais das importações chinesas de baixo custo, 300 milhões de americanos pagavam mais 20 dólares por um par de calças de ganga azuis para que duas ou três empresas nacionais influentes pudessem ganhar mais um bilião de dólares em lucros. Há muitas dezenas destes exemplos, no que diz respeito ao vestuário, pneus de automóveis, painéis solares, produtos alimentares, onde os consumidores domésticos foram sobrecarregados com biliões de dólares apenas para proteger os lucros de alguns amigos da administração cujas empresas e produtos não eram competitivos.
Os capitalistas do mercado livre dos EUA estão a pressionar para desmantelar os últimos resquícios de todos os programas sociais na América, incluindo pensões, seguros de desemprego e educação. Quando o governo capitalista já não fornecer esses programas, os americanos terão então de os comprar ao mesmo 1% que fornece o seu sistema de telemóveis e cuidados de saúde. Esta transição está agora quase completa, sendo uma tomada virtual de controlo de toda a infraestrutura social e física do país, deixando ao governo apenas duas responsabilidades – a cobrança de impostos e a supressão da população. O mundo inteiro está a ser dirigido à força nesta direcção, sendo a anteriormente proposta Parceria Trans-Pacífica (TPP em inglês: Trans-Pacific Partnership), um indício da maldade do capitalismo globalizado.
Surpreendentemente, não parece ser amplamente compreendido que o socialismo é principalmente apenas uma preocupação pelas pessoas, pela sociedade como um todo, em vez de interesses especiais individuais e empresariais, mas, mais uma vez, o socialismo e o capitalismo são os lados opostos da mesma moeda. O facto dos EUA serem um estado extremamente socialista, com o governo mais ferozmente socialista de qualquer país do mundo de hoje, está escondido. A única qualificação é que um país como a China é o que poderíamos designar como "socialismo do povo", preocupando-se principalmente com o bem-estar do povo, mesmo à custa dos bancos e das empresas poderosas, enquanto os EUA são um "socialismo das empresas", preocupando-se principalmente com os interesses das grandes empresas à custa do povo. Mas tudo o resto é a mesma coisa. Em termos de "estados babysitter", a China faz de baby-sitter do povo enquanto os EUA fazem de baby-sitter da Goldman Sachs, J & J, e Wal-Mart. Devido ao sistema capitalista de mercado livre, não regulamentado e globalizado, os EUA alimentam e cuidam das suas empresas mais importantes, dos banqueiros e do 1% do topo, enquanto as pessoas vivem nas ruas em São Francisco e nos esgotos instalados por baixo de Las Vegas. Seria inquestionavelmente um país melhor (e um mundo melhor) se os banqueiros vivessem nos esgotos e todas as pessoas ainda tivessem as suas casas.
E esta é a diferença entre capitalismo e socialismo. Aqui não há democracia, não há direitos humanos, não há religião, não há comida para cães. Trata-se apenas de quem fica com o teu dinheiro.
1. Quando eu era estudante universitário no Canadá, os bancos nacionais criaram um esquema para converter todo o corpo estudantil do país numa vida de servidão financeira mais ou menos perpétua, desta vez com cartões de crédito. Ansiosos por tirar partido do aumento dos rendimentos da classe média e da ingenuidade natural dos jovens, os bancos obtiveram, muito provavelmente através de suborno, listas de todos os estudantes universitários canadianos e enviaram a cada estudante do país um cartão de crédito gratuito, sem ter havido um pedido ou uma solicitação. A maioria dos estudantes recebeu vários desses cartões pelo correio. O resultado foi um caos financeiro instantâneo. Poucos jovens têm a experiência ou o bom senso para gerir sensatamente o crédito aparentemente ilimitado e incontáveis dezenas de milhares deles viram-se rapidamente em apuros, com histórias desoladoras de dívidas impossíveis de ser pagas e muitos estudantes a terem de abandonar os seus estudos devido às pressões brutais das agências de cobrança dos bancos. Muitas carreiras foram desviadas do bom caminho e algumas vidas ficaram arruinadas, mas os lucros dos bancos foram enormes.
Os pais, as agências sociais e vários departamentos governamentais atacaram os bancos com provas deste desastre social, mas em vão. E então, no que pode ser o único exemplo sobrevivente de um governo ocidental a agir efectivamente, para proteger o seu povo da rapacidade do capitalismo, o Parlamento do Canadá aprovou uma lei que prevê que quaisquer cartões de crédito recebidos sem um pedido específico e formal poderiam ser utilizados ao máximo, "gratuitamente", sem qualquer responsabilidade de reembolso. Sem qualquer surpresa, os cartões existentes foram imediatamente cancelados, a inundação de novos cartões morreu instantaneamente e a vida estudantil no Canadá voltou lentamente à normalidade, para grande desgosto dos bancos que gemeram durante anos devido ao "truque sujo socialista" que lhes foi pregado pelo seu próprio governo.
2. Xi'an é uma das mais belas cidades históricas da China (pensemos nos Guerreiros de Terracota), onde encontramos uma escola com um dos melhores campus do mundo, hectares de relva verde, uma piscina olímpica, jardins floridos, condomínios encantadores e residências geminadas para o corpo docente e para os estudantes. A escola foi construída com os lucros excedentes de uma empresa tabaqueira estatal local, que queria dar algo à comunidade. A empresa não só construiu a escola como paga os custos anuais de funcionamento. Tal atitude de uma empresa deixa os ocidentais sem palavras. Um exemplo semelhante é o das empresas estatais chinesas que utilizam os seus lucros excedentes para construir residencias de baixo custo. Os americanos levantam todas as formas de condenação moral e filosófica a tais práticas, afirmando praticamente que é contra a vontade de Deus que uma empresa forneça bens sociais ao preço de custo quando uma empresa americana, se fosse autorizada a entrar na arena, poderia colher biliões de dólares de lucros.
3. No início de 2016, o mercado mundial de metais estava saturado e as empresas de alumínio na maioria dos países tinham registado grandes perdas. A China também estava a sofrer, mesmo tendo uma elevada eficiência de produção e custos mais baixos do que a maioria. Uma das principais fundições de alumínio do país estava preocupada com o facto de que a redução da produção significasse milhares de despedimentos em Gansu - uma das províncias mais pobres da China - com o correspondente sofrimento das famílias e os prejuízos para a economia provincial. Chegou-se a um compromisso em que a empresa reduziu alguma parte da sua produção, enquanto o governo provincial reduziu 30% à facturação da conta de electricidade da fundição (um custo enorme na produção de alumínio) e a fundição e todos os postos de trabalho foram poupados. Esta solução deveria ter merecido elogios tanto pelos seus elementos práticos como humanitários, mas Brian Spegele e John Miller, que escreve para o Wall Street Journal, amaldiçoaram a China por "continuar a apoiar as suas fábricas em dificuldades" e insultar o deus do capitalismo pela imoralidade de "manter vivas essas empresas zombies".
A capacidade mundial de alumínio precisava de ser reduzida e os EUA queriam que a China sofresse a queda enquanto as fundições americanas permaneciam abertas, mas foram as fundições americanas que se qualificaram como zombies doentes, sendo a produção americana de alumínio grosseiramente ineficiente e cara. A produção de alumínio da China duplicou de 2005 para 2015, sendo ao mesmo tempo fortemente lucrativa, enquanto o número de fundições nos EUA caiu de 23 para 4, um sinal claro de ineficiência, custo elevado e falta de competitividade.
Mas não vamos perder o ponto principal que é que uma grande empresa chinesa e um governo provincial aceitarem as perdas temporárias de receitas para proteger o povo e os seus postos de trabalho. Parece-me que o mundo poderia usar mais esta marca de imoralidade.
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A obra completa do Snr. Romanoff está traduzida em 32 idiomas e postada em mais de 150 sites de notícias e de política de origem estrangeira, em mais de 30 países, bem como em mais de 100 plataformas em inglês. Larry Romanoff, consultor administrativo e empresário aposentado, exerceu cargos executivos de responsabilidade em empresas de consultoria internacionais e foi detentor de uma empresa internacional de importação e exportação. Exerceu o cargo de Professor Visitante da Universidade Fudan de Shanghai, ministrando casos de estudo sobre assuntos internacionais a turmas avançadas de EMBA. O Snr. Romanoff reside em Shanghai e, de momento, está a escrever uma série de dez livros relacionados com a China e com o Ocidente. Contribuiu para a nova antologia de Cynthia McKinney, ‘When China Sneezes’ com o segundo capítulo, “Lidar com Demónios”.
O seu arquivo completo pode ser consultado em https://www.moonofshanghai.com/ e http://www.bluemoonofshanghai.com/
Pode ser contactado através do email: [email protected]
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Copyright © Larry Romanoff, Moon of Shanghai, Blue Moon of Shanghai, 2021
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: [email protected]
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