CHINA VS. EUA: Começa o revide

CHINA VS. EUA: Começa o revide 

14/8/2020, 14h Thomas Hon Wing Polin, grupo 21SilkRd, distribuído por Pepe Escobar, no Facebook


"Preparar para interrupção completa de relações com os EUA.
Acabou a conversa de salão. Já era hora!" (Pepe Escobar, Facebook)

Todos os anos, em agosto, a liderança do Partido Comunista reúne-se em Beidaihe, resort à beira-mar, não distante de Pequim. Ali esmiúçam-se as linhas gerais de orientação para a sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China, que acontece em outubro. Essas linhas gerais, aprovadas no plenário do Comitê Central, passam a ser as prioridades nacionais.

Vêm notícias de Beidaihe, segundo as quais já estão definidos os pontos chaves a serem discutidos no próximo pleno. O sumário abaixo veio de pelo menos duas fontes dignas de confiança.

Se confirmada, a agenda marcará o mais duro e mais abrangente revide, até agora, pela China, contra o incansável assalto que lhe faz o regime Trump já há mais de três anos. Principais linhas:

* 'Limpeza' muito ampla de empresas norte-americanas na China, especialmente empresas financeiras e do setor de serviços. Serão canceladas as respectivas licenças para operar na China. Será fechado o acesso dos EUA aos setores financeiro, agrícola e de serviços na China. São as empresas que têm os maiores superávits comerciais com a China. Se vamos lutar, os norte-americanos têm de gemer.

* Acelerar o desenvolvimento de armas nucleares. Usaremos força de contenção nuclear realmente poderosa para fazer frente à loucura dos EUA, de modo que não se atrevam a agir com violência contra a China.

* Aumentar o gasto total de defesa para mais de 4% do PIB e desenvolver vigorosamente armas avançadas. Vamos desequilibrar genuinamente os EUA e o grupo imperialista de países que os EUA comandam, com fortes capacidades de defesa;

* Nos opor firme e inequivocamente à hegemonia dos EUA, unindo todas as forças que possam ser unidas. Vamos estabelecer uma aliança de nações anti-imperialista e anti-hegemônica. Usaremos essa coalizão pela justiça, para fazer oposição à aliança imperialista ainda hegemônica.

* Promover poderosamente o espírito de independência e autoconfiança. Com esforço de todo o país, lutaremos para alcançar avanços decisivos de alta tecnologia e de high-end manufacturing, furando o bloqueio dos EUA contra a China, nesses setores.

Assim iniciaremos o sistema nacional econômico de "duplo ciclo" [ing. national economic "dual-cycle" system]. Estabelecer o sistema econômico continental euroasiático e o sistema de compensação global do Renminbi [ing. EurAsian continental economic system and the global RMB settlement system].

* Romper resolutamente a contenção estratégica contra a China, pelos EUA. Com grande determinação, temos de libertar Taiwan, romper a primeira e a segunda cadeia de ilhas construída pelos EUA, e alcançar avanço estratégico contra os EUA.

* Abandonar firmemente toda e qualquer ilusão sobre os EUA e fazer ativa mobilização de nosso povo, para a guerra.

Promoveremos vigorosamente a Guerra para Resistir Contra a Agressão dos EUA e Ajuda à Coreia (também chamada Guerra da Coreia) [ing. War to Resist US Aggression and Aid Korea [a.k.a. Korean War], e o espírito de Shangganling [batalha decisiva da Guerra da Coreia[1]]. Usaremos mentalidade de guerra, para reorientar a economia nacional.

* Preparar o país para guerra e construir reservas de alimento e energia. Vender todos os papéis dos EUA [ing.  U.S. bonds], e repatriar as reservas chinesas de ouro que estejam nos EUA. Retirar dos EUA cientistas, professores e alunos [chineses] que estejam nos EUA. Preparar para interrupção completa de relações com os EUA.*******

 


[1]  "Batalha de Shangganling (chamada, nos EUA, Operation Showdown), na qual se demonstrou a crescente efetividade militar do Exército Voluntário do Povo Chinês [ing. Chinese People's Volunteer Army (cpva)] na Guerra da Coreia. A intervenção dos chineses em outubro e novembro de 1950 privou o Comando da ONU liderado pelos EUA de uma vitória dada por garantida, e definiu o efeito da Guerra da Coreia, que permanece até hoje num limbo estratégico. Depois de cinco ataques liderados pelos chineses e várias contraofensivas puxadas pelo VIII Exército dos EUA, a frente de combate foi estabilizada sem possibilidade de avanço para os dois lados, mas com as forças chinesas ainda exposta ao poder de fogo dos EUA em terra e pelo ar. Prolongadas negociações para resolver o impasse (iniciadas em julho de 1951) deram aos exércitos chineses a possibilidade de se rearmar, reformar as próprias forças e fixar um método tático competitivo. Os dois lados ficaram presos no impasse sobre a repatriação de prisioneiros na primavera de 1952, o que levou uma ONU frustrada a tentar infligir dano máximo aos exércitos chineses, ao mesmo tempo em que se apossava de território chave, para forçar os chineses a aceitar o pedido de repatriação voluntária. O fracasso da "Operação Showdown" convenceu os líderes norte-americanos de que o poder bélico com o qual podiam contar no teatro coreano não era suficiente para pôr fim à guerra." (GIBBY, Bryan R., "The Battle of Shangganling, Korea, October-November 1952", in  Journal of Chinese Military History, Vol. 6: n. 1. Online Publication: 31/5/2017, artigo, ing. Trecho do resumo, aqui traduzido, para finalidades acadêmicas. NTs).

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey