Na tarde desta quarta-feira (27), o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe será um dos homenageados em Madrid, na Espanha, pelo prêmio "La Puerta del Recuerdo", concedido pelo Observatório Internacional de Vítimas do Terrorismo da Fundação Universitária San Pablo CEU.
Natasha Pitts
Fonte: Adital
Na tarde desta quarta-feira (27), o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe será um dos homenageados em Madrid, na Espanha, pelo prêmio "La Puerta del Recuerdo", concedido pelo Observatório Internacional de Vítimas do Terrorismo da Fundação Universitária San Pablo CEU. A notícia gerou total descontentamento em membros de organizações e movimentos sociais de dentro e fora da Colômbia, que passaram a lutar para que o prêmio não seja entregue e Uribe não recebido na Espanha.
O objetivo do "La Puerta del Recuerdo" é reconhecer publicamente a atuação persistente de personalidades e instituições públicas ou privadas que lutam em defesa das vítimas do terrorismo, de sua memória, dignidade, justiça e liberdade.
A contradição mora no fato de que Uribe é acusado de ser responsável por diversos crimes de lesa humanidade e ainda, por está sendo investigado por escutas ilegais do serviço secreto colombiano e por realizar operações ofensivas ilegais em seu mandato contra membros da Corte Suprema de Justiça, jornalistas, membros da oposição política e ONGs defensoras dos direitos humanos.
Conhecedoras do histórico do ex-mandatário, organizações e movimentos sociais de dentro e fora da Colômbia, entre elas Plataforma Bolivariana de Madrid, Ecologistas em Ação, Casapueblos, Rede Capicua, Rede de Irmandade e Solidariedade com a Colômbia, Comitê Oscar Romero Madrid e ACSUR-Las Segovias, entre várias outras, decidiram se articular para que Uribe não seja recebido pelo governo da Espanha.
"Ante sua anunciada presença na Espanha para receber o prêmio La Puerta del Recuerdo concedido pela Fundação Universitária San Pablo CEU lhe declaramos persona non grata", expressaram as organizações em carta de repúdio assinada por importantes atores sociais como Adolfo Pérez Esquivel (Prêmio Nobel da Paz) e Beverly Keene (Coordenadora do Jubileu Sul).
"Baseamo-nos nos comprovados vínculos de Uribe Vélez com grupos paramilitares e de narcotraficantes, com seu histórico que lhe compromete ao longo de sua carreira política com a realização de numerosas estratégias e campanhas de guerra suja contra organizações sociais, máximo responsável político e operativo de assassinatos políticos, detenções-desaparições, genocídios, massacres, torturas e deslocamentos forçados, cometidos pelas forças armadas (...)", denuncia a carta.
As manifestações não ficarão apenas no papel. Na tarde de hoje, organizações e movimentos estarão promovendo uma concentração em frente ao Cassino de Madrid, local de entrega da premiação, para lembrar e se solidarizar com as milhares de vítimas da violência política na Colômbia, assim como "para expressar indignação pela entrega do prêmio a Uribe e declará-lo persona non grata".
A manifestação pública também pedirá que Álvaro Uribe responda, ante a Corte Penal Internacional e outros tribunais, por todos os crimes contra a humanidade, cometidos ou consentidos por ele.
Além do ex-mandatário colombiano, a homenagem ao ex-presidente espanhol José María Aznar por sua luta contra o terrorismo enquanto governava, também gerou polêmica. Aznar, que hoje é presidente da Fundação para a Análise e os Estudos Sociais (Faes), chegou a ser considerado pela revista 'Foreign Policy' um dos piores presidentes do mundo.
A II edição do "La Puerta del Recuerdo" também homenageará o Coletivo de Vítimas do Terrorismo no País Vasco (Covite) e o diretor geral da Associação Francesa de Vítimas do Terrorismo, Guillaume Denoix de Saint Marc.
Outra Colômbia é possível...!!
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