Invasões de domicílios em Minnesota precedem a Convenção Republicana - Laura e Cindy acodem McCain com demagogia com vítimas do Gustav. Convescote republicano debate, ainda, problemas transcendentais para o futuro dos EUA, como a gravidez inesperada de Palin Jr. e o ex-cunhado perseguido por Miss Barracuda
Enquanto a polícia de St. Paul espancava manifestantes contra a guerra do Iraque e contra a pobreza nas imediações da convenção republicana, o candidato John McCain tratava de esconder o mais detestado presidente da história do país, W. Bush, que, usando como desculpa o furacão Gustav, não compareceu, limitando-se a transmitir uma saudação direto da Casa Branca.
Dizem que, dada a popularidade do texano e o slogan democrata de que McCain será "o terceiro mandato de Bush", se dependesse do candidato republicano, a transmissão de "apoio" seria feita de mais longe, por exemplo, do planeta Marte.
Os últimos presidentes que não foram à convenção apoiar seus candidatos foram Lyndon Johnson e Richard Nixon. Aliás, o Gustav havia virado uma tempestade tropical e, desde o Katrina, ninguém considera seriamente que Bush comande algum tipo de socorro às vitimas de um furacão. O Gustav teve outra serventia: madames Laura e Cindy, respectivas caras-metades de Bush e McCain, posaram para fotos nas áreas afetadas. DESFILE Quanto à convenção propriamente, aquele desfile de mau gosto e reacionarismo beato tipicamente republicano.
Magnatas, lobistas, congressistas e tele-pastores prometendo o "país em primeiro lugar"... para os magnatas, lobistas e tele-pastores. Com a prestimosa e desinteressada ajuda dos congressistas e daqueles juízes da Suprema Corte nomeados por Reagan, Bush pai e Bush filho. O "maverick" McCain, inovadoramente, prometeu, se eleito, cortar mais impostos dos magnatas e das corporações e acabar com gastança do dinheiro público com a ralé. No mais, o programa pode ser sintetizado assim: armas, petróleo e Wall Street.
Quanto ao Iraque, "cem anos de ocupação", diz McCain, devem bastar. Não que a convenção não tenha se dedicado a debater problemas transcendentais para o futuro dos EUA. Como a gravidez inesperada de Palin Jr. e o ex-cunhado perseguido por Miss Barracuda. Com um programa de governo que pode ser traduzido como "um oleoduto direto do Alasca", não há senões da vice de McCain que não possam ser perdoados ou esquecidos; nem mesmo a falta de experiência. Quanta sensibilidade distintivamente feminina: um oleoduto.
Mas ela também tem fé: de acordo com vídeo que circula na internet (antiwar.com), Sarah Palin afirmou que o ataque ao Iraque "é um plano de Deus". E, acrescentemos nós, seu profeta é Rockefeller. A propósito, a continuar essa propensão dos aspirantes ou ocupantes da Casa Branca a "falar com Deus", em breve a residência presidencial terá de ser transformada em uma catedral. Quem sabe a Fox não canoniza W. Bush?
Lá fora, imperou o estado policial característico dos anos Bush. A polícia foi além do costumeiro espancamento de manifestantes e grampeamento de ativistas. No domingo, invadiu casas para seqüestrar ativistas que poderiam vir a participar de manifestação contra a guerra, contra Bush e contra McCain. Só faltou explodir portas, como costumam fazer em Bagdá, e mandá-los para Abu Graib. Na manifestação de segunda-feira, nem conhecidos jornalistas, como Amy Goodman, do programa em rede nacional "Democracy Now", escaparam de ser presos (veja matéria). Dezenas de manifestantes foram agredidos. Também foi preso o fotógrafo da Associated Press – agência de notícias que não pode ser acusada de ser "de esquerda" -, Edward Champion.
Susana Lischinsky
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