O presidente francês Nicolas Sarkozy, em meio à polêmica na Europa sobre possíveis concessões realizadas ao regime líbio para a libertação dos médicos búlgaros, encontrou-se ontem com o líder da Líbia Muamar Kadafi.
Só um dia depois de os búlgaros terem aterrizado em Sófia , após oito anos da prisão em Líbia , acusados de contagiar de Sida mais de 400 crianças líbias, e sem perder tempo, o avião presidencial francês voava até Trípoli.
Numa curta visita de cerca de 24 horas, Sarkozy e Kadafi firmaram vários acordos da cooperação militar, industrial e sobre o uso pacífico da energia nuclear, que marcam o início da normalização das relações entre a União Europeia e o regime líbio.
E os 27 poderiam não ser únicos. A Secretária de Estado norte-americana, Condoleeezza Rice, também anunciou ontem sua intenção de visitar em breve o país africano. Porém muitas vozes se perguntam a que preço foi conseguida esta reconciliação.
Recorde-se que o próprio Sarkozy negou a França ou UE terem pago um só euro para a libertaçaõ dos médicos búlgaros, muitas incógnitas sobre como foram levadas a cabo as negociações secretas seguem sem resposta. Algumas fontes europeias destacam claramente que a UE acabou por pagar um resgate por búlgaros , mas também é evidente que a Libia produzindo cerca de 36.000 barriles de petróleo diariamente e com uma esperança de vida de suas jazidas de 61 anos de exploração ao ritmo atual, é um bom-bocado para Bruxelas e França.
A última espera também poder entrar no mercado de armamento líbio e, quanto à indústria nuclear civíl, Libia contactou já com Areva, o gigante francês da energia nuclear.
Enquanto a Líbia , a libertação dos médicos búlgaros foi uma carta bem jogada por Kadafi. O país volta à comunidade internacional com muita dignidade.
Os Estados Unidos e paises da UE cortaram relações diplomáticas com a Líbia em 1980 e, em 1988, responsabilizaram o governo do país, dirigido por Muammar Khadafi, pelo atentado contra um vôo da Pan Am, no qual 270 pessoas na maioria americanos morreram.
Em 2004, os EUA suspenderam várias das sanções econômicas que impunham ao país africano e restabeleceram ligações com a Líbia. No entanto, a exportação de armas e o investimento no setor de petróleo permaneceram limitados.
Entretanto a Líbia convocou, nesta quarta-feira, o primeiro-secretário da embaixada da Bulgária em Trípoli, para protestar oficialmente contra o perdão dado, na terça-feira, às enfermeiras e ao médico búlgaro, informaram as fontes oficiais .
Por Lyuba Lulko
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