O vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fontão de Carvalho, é o quarto arguido no processo de negociação de permuta de terrenos entre o Parque Mayer e a Feira Popular que envolve a autarquia e a empresa de construção civil do Norte Bragaparque, comunica a imprensa portuguêsa.
As residências de Fontão de Carvalho e da vereadora do Urbanismo, Gabriela Seara, também constituída arguida, foram alvo de buscas na terça-feira pela Polícia Judiciária.
De acordo com o Diário de Notícias, Fontão de Carvalho foi constituído arguido depois da análise da documentação recolhida na sua residência.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa junta-se assim a Domingos Névoa (já acusado), Gabriela Seara e Jorge Pires, todos eles suspeitos de envolvimento em crimes de corrupção, tráfico de influências e participação económica.
Para Fontão de Carvalho a actual equipa camarária «tem condições para continuar» até porque «está a desempenhar um grande serviço aos lisboetas».
De acordo com fontes policiais, o número de arguidos não deverá ficar por aqui, pois "a investigação só agora começou, prevendo-se mais diligências nos próximos dias". O jornal 24horas acrescenta que a Polícia Judiciária vai analisar as acções do presidente da Câmara, Carmona Rodrigues, nos negócios entre a autarquia e a Bragaparques.
Ontem, foi a vez de Sá Fernandes ser chamado aos Paços do Concelho, tendo o Presidente da CML oferecido protecção policial ao vereador do Bloco de Esquerda, que recusou. O clima de insegurança surge depois de na terça-feira passada a casa e o escritório de Ricardo Sá Fernandes terem sido assaltados. O advogado não arrisca acusar ninguém mas considera esta situação «no mínimo estranha».
O processo entre a Câmara e a Bragaparques estalou a partir do negócio polémico de permuta de terrenos entre a Feira Popular e o Parque Mayer.
De acordo com uma denúncia feita pelo agora vereador do BE, José Sá Fernandes, a empresa apresentou uma avaliação dos terrenos do Parque Mayer cerca de cinco vezes acima do seu valor real. Isto é, a Bragaparques garantiu que estes valiam 50 milhões de euros escamoteando uma outra avaliação que apontava para um valor bastante abaixo: cerca de 10 milhões de euros.
Ainda sob suspeita estará a alienação em Julho de 2005 da restante parcela dos terrenos que a autarquia detinha na zona da Feira Popular. A Bragaparques apresentou a terceira melhor proposta (cerca de 60 milhões de euros) de aquisição destes terrenos, mas depois da desistência das duas melhores ofertas (que ascendiam a 68 milhões de euros), a Câmara de Lisboa acabou por vender os terrenos à empresa bracarense que passou a deter a totalidade do espaço onde se instalava a Feira Popular.
Este segundo tempo da investigação surge duas semanas depois do MP ter acusado a Bragaparques de tentativa de corrupção de José Sá Fernandes. O gerente da empresa de Braga, Domingos Névoa, terá proposto pagar a José Sá Fernandes através do seu irmão, Ricardo Sá Fernandes, 200 mil euros em troca da desistência da contestação do negócio da Feira Popular. Em sua posse o MP tem gravações de telefonemas entre o já constituído arguido, Domingos Névoa, e Ricardo Sá Fernandes, irmão do vereador.
Com Esquerda
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter