Moro e Deltan: Breve reflexão sobre um diálogo impróprio
Iraci del Nero da Costa *
A meu ver, tanto Sergio Moro (ex-juiz e atual ministro da Justiça) como Deltan Dallagnol (procurador e chefe da força-tarefa da Lava Jato), dominados pelo empenho em combater a corrupção, extrapolaram os limites impostos pelos cargos que ocupavam no âmbito da Operação Lava Jato.
Suas falas, divulgadas pelo site Intercept Brasil e difundidas largamente pelo jornalismo, comprovam amplamente o desmando referido acima. Não é descabido, portanto, esperar-se que ambos venham a sofrer sanções por parte do poder Judiciário.
Pessoalmente, interessado que estou no combate à corrupção que de há muito faz-se presente no Brasil, espero que tais eventuais punições não levem ao favorecimento de mais de uma centena de criminosos já condenados e de muitos outros indivíduos com respeito aos quais pesam severas desconfianças e que ainda estão a ser investigados.
Como se sabe, a invasão que revelou as mensagens trocadas entre Moro e Deltan representa um crime ao qual deve ser emprestado todo empenho a fim de se identificar e punir seus responsáveis, pois atuaram de sorte a oferecer falsos argumentos a corruptos e corruptores, tanto os já detidos como os que ainda se encontram encafuados no seio de nossa população.
Cumpre anotar, por fim, que a revelação dos aludidos diálogos - embora tenham sido obtidos de maneira absolutamente condenável - define-se como algo relevante, pois opera no sentido de fazer com que os integrantes da elogiável Operação Lava Jato adotem e obedeçam irrestritamente as normas e leis sob as quais devem conduzir suas ações.
* Professor Livre-docente aposentado.
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