Adilson Roberto Gonçalves
Tudo é ao contrário em relação ao ex-juiz e ainda senador Sérgio Moro. Atuou como juiz parcial com evidentes interesses pessoais ao retirar do pleito de 2018 o único candidato que fazia frente a Jair Bolsonaro, de quem veio a ser Ministro da Justiça. Afundou uma importante ação contra a corrupção porque seus resultados pré-concebidos tinham de se sobrepor à realidade dos fatos. Como parlamentar, pouco ou nada fez pelo estado que o elegeu. E, agora no julgamento do uso do poder econômico em sua eleição, o “Carrasco” que relata o caso transforma-se em seu paladino. Vamos ver se os demais juízes têm um pouco mais de bom senso e não promovam mais um escárnio contra todos nós.
Os jornalões não sossegam. O articulista da Folha de S. Paulo Hélio Schwartsman tenta, mais uma vez, equiparar Bolsonaro a Lula em texto intitulado “Papel de vítima”, de 27/3/2024, talvez para continuar posando de paladino de uma inexistente independência jornalística. Ele fez uma análise interessante sobre o caos que é o ex-presidente, mas patinou ao traçar paralelos entre processos contra ele e contra Lula. A continuar assim, a extrema direita voltará ao poder e, aí sim, o silêncio da imprensa será imperioso.
No mais, foi interessante uma análise etimológica da palavra “clima” feita por Sérgio Rodrigues, em relação a haver ou não clima para certos processos ou patacoadas no país em artigo ao qual deu o título “Clima de prisão para Bolsonaro” (21/3/2024). Mas ele poderia ter expandido sua aula de etimologia e chegar ao clímax da questão com a origem da palavra “crime”. Também grega, krima é um erro intelectual. Assim, se houve clima para o crime, que o haja para a merecida punição, dentro do devido processo legal, tando do ex-presidente quanto do ainda senador paranaense.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia Campineira de Letras e Artes, da Academia de Letras de Lorena, do Instituto de Estudos Valeparaibanos e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas
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