Por Jolivaldo Freitas
Alguém do Itamarati tem de ter peito para dizer textualmente ao presidente Lula que ele não deve sair do script. Está feio. Só vem falando bobagem. Já não bastava Bolsonaro fazendo o Brasil passar vergonha no exterior e vem Lula verborrágico. Agora lenhou o Brasil que acaba de perder pragmatismo na política exterior. O Brasil dos diplomatas Ruy Barbosa (o Águia de Haia) e de Graça Aranha, que sempre foi tido como um país de posição plena no processo de busca de conciliação nos conflitos internacionais. Quando comparou Israel aos nazistas, face a luta que o governo de Israel enceta contra o grupo terrorista Hamas, Lula criou um fato insustentável, ou como se diz no jargão da diplomacia “ultrapassou a linha vermelha”. Lula não pode improvisar. Está parecendo que ficou gagá.
Para piorar a situação, depois que o governo de Israel declarou ele uma 'persona non grata', pirou de vez. Ao invés de buscar uma atitude mais equilibrada, tratou de chamar o embaixador do Brasil de volta. Está declarada a animosidade. Ele que vem quase sozinho defendendo maiores recursos para os palestinos, mesmo sabendo que a verba que chega tem sido desviada para o Hamas. Até a ONU está envolvida com as denúncias de que elementos que a representam estão envolvidos com o sequestro dos israelenses.
A decisão aconteceu depois dele comparar ações de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra. A maior parte de comunidade internacional considera que a comparação do presidente brasileiro entre a guerra vista como justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas (foram exterminados mais de 6 milhões de judeus, além de negros, gays, ciganos, dentre tantos) foi um grave ataque antissemita e que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto. No final da semana, Lula disse numa entrevista coletiva fora do país, na Etiópia, que era "genocídio" e "chacina" a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas. Para nosso presidente a ação israelense é igualzinha ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler no século passado. Um embaixador classificou Lula de desinformado, no mínimo.
Lembra certa feita quando num encontro de líderes o rei Juan Carlos I de Espanha virando-se para o então presidente venezuelano Hugo Chávez durante a XVII Conferência Ibero-americano que só abria a boca para falar bobagens (Juan Carlos que também não é flor que se cheire, mas foi assertivo) disse na lata, no olho, na cara: “¿Por qué no te callas?”.
É preciso estar repetindo isso pra Lula. Ficou feio mais uma vez para a imagem do Brasil. O país não tem dado sorte com seus presidentes. Mas tem uma boa equipe no Itamarati que pode jogar gelo na Aqua Vitae e amainar o fogo.
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Escritor e jornalista. Autor do romance “A Peleja dos Zuavos Baianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás”; “Histórias da Bahia - Jeito Baiano” e “Baianidade”.
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