Na semana passada o filósofo e linguista Noam Chomsky, o músico Roger Waters, o ator Danny Glover, a prefeita de Paris Anne Hidalgo e mais de cem signatários em todo o mundo assinaram manifesto intitulado A Solidariedade internacional Não É Uma Palavra Vazia, reivindicando a criação de "um poderoso movimento de solidariedade internacional" em defesa da democracia no Brasil.
O documento, a ser lido em evento na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo no dia 22 deste mês, alerta seriamente que o presidente Jair Bolsonaro (PL) cria condições para desacreditar o processo eleitoral, ao mesmo tempo que prepara seus apoiadores para violência política e insurreição ao estilo de Donals Trump em 6 de janeiro de 2021, em caso de derrota no pleito deste ano.
"Nenhum golpe de Estado jamais foi tão anunciado", dizem os democratas internacionais. "A democracia no Brasil hoje precisa do apoio e da vigilância do mundo. Que a Constituição e o sufrágio popular sejam respeitados é nossa responsabilidade comum", acrescenta o manifesto.
Tão providencial quanto este manifesto, e uma menção nada honrosa de determinada instituição tupiniquim sobre a situação calamitosa do Brasil: faz-se urgentemente necessário movimento de solidariedade internacional diante de um Ministério Público (MP), nas letras mortas da Constituição garante do Estado de direito, completa e vexatoriamente calado, petrificado, de joelhos assistindo a tragédia que corroi o Brasil.
O MP tem sido ator principal na trajetória de longa-data que trouxe o Brasil ao presente caos, vergonha mundial. Se este manifesto não servir para que as instituições que se alardeiam democráticas no Brasil - historicamente, para defender os interesses das classes dominantes e blindar o Estado de seus crimes - ajam acorde e rapidamente, serão, sim, nada mais que palavras e solidariedade vazias, ao contrário do que os democratas internacionais objetivam com tanto afinco.
Vergonha na mesma medida é que um psicopata, já no poder, seja o único com chances de ganhar as eleições dotado tragicamente da capacidade de destruir definitivamente este perverso sistema e provocar, com sua destacável insanidade e ódio, a tão esperada, pacífica resistência popular para alteração das relações de poder no Brasil, através da implementação da democracia participativa.
Enquanto o outro candidato, formando dueto com o Frankenstein tupiniquim com chances de vitória, limita-se a prometer entre chacoalhos de braços e excessiva demagogia ao mesmo tempo que abraça fraternalmente os mesmos que trouxeram o País a esta situação (fingindo ignorar o que implica politicamente essas alianças que ele mesmo sempre condenou nos adversários), nada mais que garantir a sobrevivência e o bom funcionamento do establishment sob o moribundo eufemismo de "democracia representativa" (= o poder de quem tem mais) que já não engana mais ninguém. Adiando, assim, nossos problemas e pavimentando o caminho para novos Bolsonaros.
Repita-se, embora já não haja sequer mais tempo para mudança neste sombrio cenário eleitoral: revés eleitoral não derrotará o bolsonarismo e o fascismo no Brasil, o poder das elites coo sempre foi. Assim como está, é mais provável que o próprio bolsonarismo execute o-serviço, ou um auto-serviço - o da auto-destruição. Ouca quem quiser.
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