Receita para demolir um país

O Brasil, como várias colônias do império estadunidense, passou, na última década do século XX, para colônia de um sistema, não mais de um país. É o sistema financeiro internacional que assumiu o poder, comprando, corrompendo e amestrando políticos, lideranças empresariais, trabalhistas e militares. 

No tempo da colônia de países, a administração local das colônias era mantida pelas elites nacionais aliadas. Havia diversas vantagens, além da redução de custo de manutenção da repressão interna, como o voto garantido em organizações internacionais e a propagação da pedagogia colonial. 

O sistema financeiro quer o mundo globalmente homogeneizado, sem quaisquer fronteiras que impeçam o capital de circular livremente, sem encargos nem custos nacionais, locais. 

Três ingredientes compõem a receita para extinguir um país. 

Primeiro crie e divulgue a mentira que impeça de o país crescer e, até mesmo, de atender as demandas mais corriqueiras de seus habitantes, tais como emprego, saúde e educação. Diga que o mais importante para a administração do país é o equilíbrio fiscal, mas deixe o sistema financeiro emitindo títulos de dívida que recolham, em juros, metade dos orçamentos federal, estaduais e dos maiores municípios. Se tiver muita falta de vergonha pode colocar na constituição um teto para os gastos públicos, evitando com isso conceder aumentos de salários, fazer manutenção de bens públicos, principalmente hospitais, e melhorar o transporte urbano. 

Segundo ingrediente. Avaliar depreciativamente tudo que constituiu conquista do povo, ou decisão de governantes desenvolvimentistas e trabalhistas que trouxe benefício para o país. Como exemplo tem-se a energia nuclear, a EMBRAPA e a Central de Medicamentos (CEME), obras da “ditadura militar”, a legislação trabalhista e o imposto sindical, da “ditadura Vargas”, ou a construção de Brasília, que não ouviu o povo e hipotecou a Nação. 

Por fim, terceiro ingrediente, importe tudo, de igrejas e pastores a soluções de problemas e ideologias, em especial as inaplicáveis no país pelas características culturais e econômicas. Por exemplo, se você produz petróleo e derivados, nada de colocá-los a venda pelo preço de produção nas refinarias. Estabeleça um preço paritário ao de países ricos, paridade internacional (!), cujo salário mínimo seja de até dez vezes o nacional. Com este PPI você estará impedindo a família de usar gás de cozinha, o motorista de taxi poder viver de seu trabalho, e todos os produtos ficarão caríssimos pelo diesel usado nos caminhões transportadores. 

Dificilmente um país conseguirá resistir a tal ataque sem naufragar. Assim se está destruído o País.

 

Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.          

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