Adilson Roberto Gonçalves
O professor Douglas Belchior em artigo na Folha de S. Paulo (6/12) apresentou uma hipótese muito provável e consolidada aos governos federal e estadual com Lula e Haddad, à semelhança do que Frei Betto discorrera mês passado sobre Lula e Boulos em certa “transcoligação” envolvendo os Palácios do Planalto e dos Bandeirantes. O tabuleiro político está em constante mudança e até o jogo é indefinido. O mesmo jornal, por meio de seu ombudsman, despreza a importância de Lula nesse cenário. Fato é que precisamos voltar à rota democrática perdida a partir de 2016, culminando com a ascensão do protofascismo bolsonarista.
Vemos que Jair Bolsonaro apenas imita Fernando Collor de Mello ao mentir para chegar ao poder, dizer-se antissistema e combatente da corrupção, e, por fim, fazer tudo ao contrário. Clama, portanto, por um Estado para chamar de seu. O atual despresidente foi ainda além do hoje senador por Alagoas, pois aparelha todos os órgãos de controle para que investigações não cheguem a sua familícia e desmonta tudo o que foi construído em termos sociais, educacionais, científicos, ambientais e de saúde no país. O xadrez político para 2022 ainda está confuso, mas, em todas as simulações, para nossa esperança, o ex-capitão será defenestrado do Palácio do Planalto.
Assim, o desgoverno de Jair Bolsonaro é tamanho que – apenas para ilustrar com um exemplo – até a vacinação de crianças no Brasil está ameaçada. À semelhança dos espaços em preto para manifestar o luto, sugiro aos veículos de notícias fazerem uma página totalmente em branco, apenas com o título “essas são as realizações benéficas e positivas do atual governo”.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp-Rio Claro, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.
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O presidente mente
Sem clima para rima, o demente presidente mente. Ele não administra, esconde o orçamento, não presta contas e conta mentiras, uma após outra, as mais deslavadas.
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Adilson Roberto Gonçalves
E, quando desmentido, vem o silêncio. Apenas por alguns dias, quando volta a divulgar as mesmas mentiras, e não adianta pedirem para maneirar nas asneiras. Vídeos comprovadamente falsos, fotos manipuladas, impropérios, deturpação da história, destruição das poucas pontes sociais e institucionais construídas. Esse é o rol de sua obra.
A instituição que administra está deteriorada e não resolve um consertinho aqui, o falso aumento da segurança ali. Ela está corrompida em seus fundamentos, pois há a debandada dos que querem o melhor para todos, com a concomitante presença mais intensa dos bajuladores e oportunistas. Esses permanecem apenas porque refletem e simbolizam a má índole do presidente.
Usa seus espaços, quase privativos de tão baixa audiência, para divulgar suas alucinações à beira da esquizofrenia. Quem lhes dá atenção? As palminhas de cordeirinhos de sempre. Não chega a um terço, sem rezar, os que o apoiam. E posa como magnânimo à frente de um poder cada vez mais questionado. Eleito para a função? Sim, sem dúvida, e sem voto em papel. Sempre se baseou no aparelhamento para sua sustentação; parentes e pessoas próximas têm papel na administração mesmo sem dela oficialmente pertencer e até são remuneradas por dinheiros institucionais, sem muita explicação. Corporativismo nepotista, que combinação! Crítica velada ao seu vice aparece, impedindo-o de falar.
Mentiroso e criminoso segue impunemente detratando tudo e todos. Claro que aos que levantam a voz contra essas barbáries, o presidente esperneia, diverge, vem falar de assuntos espúrios e conclama, sempre como indigna muleta, a base religiosa para justificar seus atos. A insistência em divinos clamores é tamanha que o presidente é confundido como um dos líderes da crença, ou das crenças, por serem várias e variadas, todas a seu serviço e oportunismo. Todas menos as de matriz africana, é claro, pois essas só podem ser obra do coisa ruim. Paradoxalmente, expressa e conduz um sentimento nada cristão, portanto. Fala de Deus mas toma café com o Diabo. E nada de enaltecer ou valorizar essas origens espúrias, uma vez que europeia é a base de nossa sociedade, segundo ele, em flagrante ignorância histórica, geográfica e social.
Tem formação de nível superior que não se coaduna com tais atitudes. Educação vem de berço, sabedoria popular gritante, mas a fúria do presidente é medida por sua boca e pela velocidade no dedilhar nos grupos virtuais. E a condição fundamental prevista por meio dos dispositivos do sétimo artigo da lei maior institucional? Desprezada sumariamente a começar por ele que deveria dar o exemplo. Bem, é o mau modelo superior que estão seguindo. E querem que tudo seja verdade.
Como consolo, ninguém de bem que conheço apoia o presidente. Mas e fulano? E sicrano? Repito, esses não são de bem, apenas defendem seus próprios bens.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas
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