Jolivaldo Freitas
Essa tal de CPI que grassa no Senado com certeza será igual a tantas outras que vimos passar. Vai terminar em pizza. Nada vai acontecer com o presidente fou, Jair Bolsonaro, nem com seu filhote mad. Será mais uma decepção para os brasileiros de cabeça democrata que viam na sua existência – digo da CPI - um caminho para abreviar a estadia de Bolsonaro no poder brasiliense (ou seria brasiliano?)
Antes de prosseguir com a querela, pois a maioria não sabe a origem da frase “terminar em pizza” que tanto serviu para tantas CPIs que nasceram natimortas, cito que foi uma expressão originada da verve de um repórter esportivo brasileiro: Milton Peruzzi, que atuava em São Paulo na Gazeta Esportiva, lá pelos anos 1960. Ele cobria uma confusão, uma crise envolvendo os dirigentes do Esporte Clube Palmeiras. A reunião durava quatorze horas, tal a gravidade, até que chegou a fome e alguém sugeriu que se resolvesse logo e pedissem dezoito pizzas grandes e vinho. Com a barriga cheia um acordo foi feito e o jornalista publicou a notícia com o seguinte título: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Pegou.
E não é que agora vem o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz dizendo do mal estar dentro do grupo majoritário da comissão, por causa das divergências a respeito do relatório final dos trabalhos e o vazamento de trechos do documento para a imprensa. Ele mesmo saiu atacando o estilo do relator Renan Calheiros, por ter ignorado um acordo fechado dentro do chamado G7. Renan teria tentado impor um relatório aos demais. O termo genocídio para Bolsonaro criou uma das divergências. Daí que Aziz diz que nada está tão bem entre os componentes da CPI. Isso ajuda a Bolsonaro e ao Centrão – os políticos que compõem a base do governo, graças a benesses concedidas pelo presidente, algo que ele criticava e que vem praticando como se fosse na velha política.
Senadores demonstraram insatisfação com o vazamento de alguns dos principais pontos do relatório final de Renan Calheiros. Dos quais, justamente, a proposta de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro pelo crime de genocídio contra a população indígena e tudo o mais que o mundo todo sabe e reage mal. A leitura do relatório foi adiada.
Então, como fazer para punir os responsáveis pela perda de mais de 600 mil vidas no Brasil? Não vai dar. Nada acontecerá. Quem sofrerá as consequências é um ou outro peixe pequeno. Dizem os senadores que essa questão do genocídio tem de analisar bem. E o senador Renan presente na reunião ficou quieto. Na Bahia, antiga capital-primaz do Brasil existem dois termos para isso: “Lenhou! Lascou de vez!”. Ou seja: tiro n´água.
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Escritor, jornalista e marquetólogo
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