Pesquisas e perguntas sobre o fascismo atual
Adilson Roberto Gonçalves
O Datafolha revela que ainda há 22% da população que considera o usurpador do Palácio do Planalto como alguém digno a estar lá. A esmagadora e consciente maioria sabe que aquele criminoso não governa uma nação e apenas usa as instituições para benefício próprio e de sua família. O que mais dizem outras pesquisas de opinião?
Recentemente, o que mais assustou na pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública é que, independente do crescimento, pelo menos um terço dos ocupantes das forças de segurança é adepto do bolsonarismo, com prevalência dos radicais. É o guarda da esquina de arma na mão que não foi colocado nessa posição de forma esclarecida, ou seja, ser um instrumento da sociedade e não contra ela. Estudos devem ser feitos, mas essa situação à beira da ruptura é reflexo dos tempos ditatoriais nos quais polícia e exército eram a mesma coisa, nó que não foi desatado na redemocratização com a indevida anistia para os militares. Isso ficou evidente nos receios das manifestações antidemocráticas de 7 de setembro. A ruptura não aconteceu, mas a instabilidade criada pelo desgovernante de Brasília continua, mesmo com infantis cartinhas de 'escusas'.
Já à pergunta feita pelo professor e cientista Rogério Cezar de Cerqueira Leite no início do mês em artigo no jornal Folha de S. Paulo (“Quem tem medo de Lula?”), a resposta mais direta é: todos o que têm medo de um Brasil para todos, inclusivo, respeitoso e protagonista de sua História e Natureza. Isso porque, concomitante com o aumento da rejeição do ogro palaciano, o aumento da intenção do voto em Lula é notório. Mas não nos iludamos, pois ano que vem o convencimento fascista da população estará novamente em alta, mesmo que o nome dessa direita retrógrada e provinciana não seja o do atual ocupante do Palácio da Planalto. Os números atuais de desaprovação em franco aumento podem ser ilusórios de um ambiente fácil para a democracia.
Nesse contexto, há que se dar os parabéns a Marco Aurélio de Carvalho, Celso Antônio Bandeira de Mello e Weida Zancaner, autores do artigo “O fardo que a Folha precisa carregar”, que colocaram os devidos pingos nos is e cortes nos tês com o derradeiro ponto final às dúvidas sobre a inocência de Lula. Esse parágrafo foi uma carta enviada ao jornal, ciente de que não seria publicada, pois a cota de benevolência foi atingida com o espaço dado a esses juristas os quais devidamente condenaram o editorial que não reconheceu as vitórias do ex-presidente em vários processos. Se um jornalão afirmou ser difícil a escolha no segundo turno de 2018, os demais da chamada grande imprensa fazem de tudo para esconder o apoio dado à ascensão do fascista ao poder, querendo defenestrá-lo agora, sem dar chances para a única candidatura de oposição que se faz viável hoje. Continuemos a pesquisar e questionar para ver a que respostas chegaremos.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, Academia Campineira de Letras e Artes e Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.
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