O Brasil frente a um futuro nebuloso
Iraci del Nero da Costa *
Em várias oportunidades Sérgio Moro deixou de exprimir-se sobre atos reprováveis da Presidência coonestando, assim, evidentes condutas errôneas e resoluções condenáveis de Jair Bolsonaro.
Embora tal maneira de agir não possa ser qualificada como criminosa, não deixa de ser inaceitável quando considerado o passado de luta contra a corrupção e arbítrio travada por S. Moro.
Presente esse meu reparo ao ex-ministro S. Moro parece-me altamente relevante seu recente depoimento sobre suas relações com o presidente da República o qual, como querem distintos analistas da mais variada ordem - inclusive juristas - teria cometido uma série de crimes e, por tal razão, oferecido elementos bastantes para justificar seu impeachment.
Evidentemente, a materialização de tal recurso extremo dependerá das análises do Supremo Tribunal Federal (STF) e das decisões a serem assumidas pelo poder Legislativo. Em face de tal possibilidade é forçoso reconhecer que a deplorável pandemia que nos assola assim como as perspectivas econômicas ora delineadas reforçam altamente um momento político dos menos recomendáveis à aplicação de uma medida tamanhamente radical.
Não obstante a ressalva acima posta, restam duas dúvidas igualmente cruciantes: 1) para o bem da República e de sua higidez - a qual queremos perpétua - não se faz obrigatória a adoção do processo de impeachment se vierem a ser comprovados os crimes presidenciais? 2) caso J. Bolsonaro venha a ser substituído - obedecidas todas as normas da Constituição - pelo vice-presidente Hamilton Mourão o Brasil e sua população não estariam a se defrontar com um ambiente socioeconômico, médico e político mais promissor e salutar do que o ora vivenciado?
A meu ver, se as respostas a essas dúvidas vierem a ser afirmativas a nação e seu povo, certamente, conhecerão um futuro dos mais árduos, porém esperançoso.
* Professor Livre-docente aposentado.
cplp
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