Brasil: Produção industrial continua a crescer

Base: Agosto de 2006

Em agosto, produção industrial cresce 0,7%

Em agosto, os índices da produção industrial, pesquisados pelo IBGE, mostraram crescimento nos diferentes tipos de comparação. De julho para agosto, a produção industrial apresentou crescimento de 0,7%, descontadas as influências sazonais. Em relação a agosto de 2005, o aumento foi de 3,2%. Também houve crescimento de 2,8% no acumulado janeiro-agosto, em relação ao mesmo período do ano anterior, e de 2,2% no indicador dos últimos doze meses.

De julho para agosto, o crescimento atingiu 15 das 23 atividades pesquisadas

De julho para agosto, na série com ajustamento sazonal, o setor assinalou aumento de 0,7%. Esse foi o segundo resultado positivo consecutivo, levando a uma expansão de 1,4% entre os meses de junho e agosto deste ano.

O aumento observado no ritmo de produção entre julho e agosto atingiu a maioria (15) das 23 atividades, que têm séries mensais sazonalmente ajustadas, e três das quatro categorias de uso. Vale citar o resultado favorável registrado nos setores de outros produtos químicos (3,7%), outros equipamentos de transporte (11,0%), veículos automotores (1,1%) e máquinas e equipamentos (1,5%). As pressões negativas mais significativas vieram de alimentos (-1,9%), farmacêutica (-5,3%) e metalurgia básica (-2,8%).

Ainda na comparação mês/mês imediatamente anterior, o setor de bens capital (2,8%), que sustentou o maior ritmo de crescimento, assinalou a segunda taxa positiva consecutiva, acumulando taxa de 4,0% entre junho e agosto. O setor de bens de consumo duráveis (1,6%), que também apontou expansão acima da média, reverte três meses de resultados negativos, período em que acumulou perda de 1,7%. A produção de bens intermediários (0,7%) ficou igual à média global (0,7%), enquanto a de bens de consumo semi e não duráveis (-0,9%) foi a única que registrou recuo.

Mesmo com o comportamento favorável da atividade industrial em agosto, o índice de média móvel trimestral mantém-se estável (0,1%) na passagem dos trimestres encerrados em julho e agosto. Por categoria de uso, somente bens de capital exibe clara trajetória de aceleração (1,2%). Bens de consumo duráveis (0,2%) e bens intermediários (0,1%) acompanham a média da indústria, enquanto bens de consumo semi e não duráveis (-0,4%) é única categoria com queda entre os dois períodos.

O indicador mensal registrou aumento de 3,2%

Na comparação com igual mês do ano anterior, o acréscimo de 3,2% refletiu o comportamento positivo da maioria (21) das vinte e sete atividades pesquisadas. Os maiores impactos positivos sobre o índice global, por ordem de importância, vieram de: máquinas para escritório e equipamentos de informática (41,4%); veículos automotores (5,5%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,3%); metalurgia básica (5,6%); e alimentos (2,3%). Nestes ramos, os produtos com maior influência foram: monitores e computadores; automóveis e peças e acessórios para motor; transformadores e aparelhos elétricos de alarme e sinalização; óxido de alumínio e alumínio não ligado em formas brutas; e açúcar cristal. Das seis atividades em queda, farmacêutica (-7,9%); material eletrônico e equipamentos de comunicações (-6,9%); e refino de petróleo e produção de álcool (-2,7%), foram as que mais pressionaram o índice global, com destaques para o recuo na produção de medicamentos e vacinas veterinárias; telefones celulares; e óleo diesel.

Ainda na comparação com agosto de 2005, o segmento de bens de capital obteve a taxa mais elevada (7,4%), apoiado no aumento da produção da maior parte de seus subsetores: bens de capital para uso misto (8,3%), para fins industriais (14,3%), para energia elétrica (38,0%), para transporte (4,4%) e para construção (0,8%). Com um forte desempenho negativo, o setor de bens de capital agrícolas (-31,7%) manteve uma seqüência de vinte e quatro meses consecutivos em queda. A produção de bens de consumo duráveis superou em 5,4% a de agosto do ano passado, particularmente influenciada pelo desempenho favorável de automóveis (10,9%), já que a produção de eletrodomésticos e a de telefones celulares recuam 0,7% e 4,6%, respectivamente. Em relação aos eletrodomésticos, a principal pressão negativa veio da "linha marrom" (-7,2%), uma vez que a "linha branca" cresce 6,1%.

A produção de bens intermediários cresceu 3,4%, fortemente influenciada pela performance do subsetor de insumos industriais elaborados (3,4%), segmento de maior peso na categoria, onde os itens compressores para refrigeração e celulose foram os destaques. Também cabe mencionar o comportamento favorável do subsetor peças e acessórios para bens de capital (15,1%), refletindo o aumento na produção de peças para computadores, seguido por insumos industriais básicos (7,3%) e alimentos e bebidas elaboradas para indústria (8,1%), com destaque, respectivamente, para os itens minérios de ferro e açúcar cristal. O grupamento de insumos para a construção civil (6,1%) assinalou crescimento pelo quarto mês consecutivo, enquanto o grupamento embalagens recuou 1,1%. O segmento de bens de consumo semi e não duráveis cresceu 1,2%, impulsionado principalmente pelo subsetor alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (2,2%), com os itens refrigerantes e cervejas exercendo os principais impactos. Vale mencionar o desempenho negativo registrado mais uma vez no setor de semiduráveis (-1,3%).

O indicador acumulado no ano mostrou expansão na maioria das atividades

O crescimento de 2,8% no indicador acumulado de janeiro-agosto, contra igual período de 2005, teve perfil generalizado atingindo vinte setores e as quatro categorias de uso. No corte por atividades, a liderança permanece com máquinas para escritório e equipamentos de informática (54,5%), cabendo ainda citar as contribuições positivas vindas da indústria extrativa (7,8%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (13,9%); refino de petróleo e produção de álcool (3,4%); alimentos (2,0%); e veículos automotores (2,3%). Por outro lado, outros produtos químicos (-2,1%), madeira (-8,4%) e vestuário (-6,1%) exerceram as principais pressões negativas.

A análise do acumulado nos oito meses do ano, a partir dos índices por categorias de uso, mostrou resultados positivos para todos os grupos. Bens de consumo duráveis (6,4%) liderou o crescimento, seguida por bens de capital (5,8%), ambas com desempenho acima da média nacional (2,8%). O segmento de bens de consumo semi e não duráveis cresceu 2,6%, e o de bens intermediários, 2,2%. Os fatores de sustentação do ritmo industrial ao longo do ano foram: desempenho exportador elevado em alguns setores produtores de commodities; aumento da produção automobilística, impulsionado, sobretudo, pela evolução da demanda interna; crescimento da produção de bens de capital, em especial nos segmentos de informática e de equipamentos elétricos; e o comportamento positivo de ramos mais atrelados à evolução da massa salarial (bebidas, farmacêutica, construção civil). Por outro lado, os recuos mais importantes foram observados no setor de semiduráveis (calçados e confecções) e na indústria da madeira.

Em síntese, os resultados de agosto reforçam os sinais de discreta recuperação no ritmo da atividade fabril, que marca o segundo mês consecutivo de acréscimo na série ajustada sazonalmente. Segundo o índice de média móvel trimestral, após o quinto mês consecutivo de crescimento, a indústria acumula 1,3% de expansão. Entre as categorias de uso, nesse mesmo período de comparação, observa-se expansão em bens de capital (2,3%) e em bens intermediários (1,9%), e estabilidade em bens de consumo semi e não duráveis (0,0%). Já o segmento de bens de consumo duráveis (-1,7%) mostra trajetória de desaceleração entre os trimestres encerrados entre março e agosto.

Ricardo Bergamini
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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey