Brasil: Pesquisa Anual de Serviços

Base: Ano de 2004 IBGE

A PAS (Pesquisa Anual de Serviços) estimou em 885.266 o número de empresas de serviços não-financeiros operando no Brasil em 2004. Elas geraram R$ 381,0 bilhões de receita operacional líquida, ocupando aproximadamente 7,093 milhões de pessoas, cujos salários e outras remunerações somaram R$ 72,22 bilhões. Em relação a 2003, houve aumentos de 4,8% no número de empresas (eram 844.444); de 11,0% na receita (foi de R$ 343,06 bilhões); e de 9,5% no total de ocupados (eram 6,478 milhões de pessoas). Entre 1998 e 2004, a região Sudeste perdeu participação nacional nos totais de receita bruta (de 68,1% para 65,7%); salários, retiradas e outras remunerações (de 67,1% para 66,3%); e pessoal ocupado (de 60,6% para 59,2%). Apesar disso, ainda se mantém na liderança em todas as variáveis pesquisadas. No mesmo intervalo de tempo, entre as unidades da federação, o Rio de Janeiro teve a maior queda de participação na receita bruta dos serviços no país (-1,5 ponto percentual), enquanto Santa Catarina teve o maior aumento (0,6 ponto percentual).

Como já havia ocorrido em 2003, em 2004 as atividades de Serviços de Informação (telecomunicações, informática, audiovisual, jornalismo e agências de notícias) foram responsáveis pela maior parte da receita operacional líquida do setor (31,6% ou R$ 120,4 bilhões), seguidas pelas de Transportes, Serviços Auxiliares e Correio (30,6% ou R$ 116,4 bilhões). Em relação aos salários e ao número de pessoas ocupadas, as atividades de Serviços Prestados às Empresas1 ficaram com as maiores parcelas (33,1% e 35,7% respectivamente) em 2004 – também repetindo o cenário de 2003. Já em termos do número de empresas pesquisadas, a maior representação, em ambos os anos, foi dos Serviços Prestados às Famílias (31,8%).

Serviços Prestados às Famílias têm menor remuneração e produtividade mais baixa

O grupo de Serviços Prestados às Famílias ocupou, em 2004, uma média de seis pessoas por empresa e gerou uma receita líquida operacional por empresa de R$ 121,0 mil. Apresentou, porém, a menor remuneração média mensal, 1,7 salário mínimo (contra uma média geral de 3,1 salários mínimos) e a mais baixa produtividade média (R$ 21,0 mil). A atividade de maior importância nesse grupo foi a de serviços de alimentação, com R$ 21,6 bilhões de receita (63,4%); 57,8% da massa salarial paga; 63,0% das pessoas ocupadas; e 68,7% do total das 281.629 empresas.

Telecomunicações e informática são destaques entre Serviços de Informação

O grupo de Serviços de Informações apresentou, em 2004, uma das menores participações no número de empresas (58.065 ou 6,6%) e no de pessoas ocupadas (6,3%). As atividades que compõem esse segmento pagaram R$ 11,1 bilhões em salários e outras remunerações (15,4% do total). O grupamento se destacou com receita operacional líquida média de R$ 2,073 milhões por empresa, produtividade de R$ 270,2 mil (bem acima da média, de R$ 53,7 mil) e salário de 7,6 salários mínimos, duas vezes maior do que a média.

As atividades de telecomunicações geraram R$ 79,8 bilhões de receita operacional líquida, 66,3% do total do grupamento. Foram responsáveis ainda por 31,5% da massa salarial, 18,9% das pessoas ocupadas e 2,9% do número de empresas. Tiveram a maior produtividade (R$ 945,7 mil em média), a remuneração mensal mais alta (12,6 salários mínimos) e a maior média de pessoal ocupado por empresa (49 pessoas) do grupo.

O segmento de informática, responsável por 20,3% da receita gerada pelos Serviços de Informação, vem se expandindo rapidamente desde a década passada e obteve a maior participação no total de pessoas ocupadas (59,4%), nos salários e outras remunerações (49,5%) e no número de empresas (82,7%).

Mão-de-obra temporária e serviços de vigilância empregam muito, mas pagam pouco

Em 2004, o grupo de Serviços Prestados às Empresas tinha a segunda maior participação em termos de número de empresas (24,5%); remuneração média de 2,9 salários mínimos; e ocupava 12 pessoas por empresa. A receita média era de R$ 338,8 mil, e a produtividade, R$ 29,1 mil.

Os serviços técnico-profissionais geraram R$ 33,2 bilhões de receita operacional líquida (45,1% do total) e tiveram a maior participação na massa salarial (38,2%). Apesar de a média de pessoas empregadas por empresa ser menor nessas atividades (5 pessoas), a produtividade (R$ 63,9 mil) foi a maior do segmento. Já as empresas de locação de mão-de-obra temporária e as que prestavam serviços de vigilância apresentaram porte médio relativamente alto, mas se caracterizaram por uma mão-de-obra de baixa escolaridade e apresentaram remuneração abaixo da média.

Transporte ferroviário tem empresas de maior porte no setor de serviços

As atividades de Transporte e de Correio geraram 30,6% da receita operacional líquida do setor de serviços (R$ 116,4 bilhões), reuniram 101.310 empresas (11,4% do total) e 1,568 milhão de pessoas (22,1%). Com uma receita de R$ 1,149 milhão, empregaram em média 15 pessoas por empresa.

Dentre as empresas desse grupo, as de transporte rodoviário (passageiros e cargas) foram predominantes em 2004: geraram R$ 55,0 bilhões (47,3%) de receita operacional líquida; participaram com 50,7% da massa salarial; 65,1% (1,02 milhão) do total de pessoas ocupadas; e 71,3% do total de 101.310mil empresas. Já em relação ao porte das empresas, o destaque do grupo de Transporte e Correio foi para a atividade de transportes ferroviário e metroviário, na qual estavam ocupadas 1.786 pessoas por empresa - maior concentração de todo o setor de serviços.

Aluguel de imóveis, manutenção de veículos e serviços auxiliares financeiros são destaques nos seus respectivos grupamentos

As empresas de aluguel de imóveis geraram 39,5% (R$ 5,3 bilhões) da receita operacional líquida do segmento de Atividades Imobiliárias e de Aluguel de Bens Móveis e Imóveis. Também foram as mais significativas em relação a salários e retiradas (49,0%) e ao número de pessoas ocupadas (45,0%). Ao lado das empresas de locação de máquinas e veículos, representavam mais de 80,0% do total das empresas desse segmento em 2004. A atividade de incorporação de imóveis, por sua vez, ficou à frente em receita por empresa (R$ 451,8 mil) e produtividade (R$ 119,5 mil).

As empresas de manutenção e reparação de veículos obtiveram 52,0% do total de R$ 7,1 bilhões de receita operacional líquida do segmento de Manutenção e Reparação. Também foram destaque em relação ao número de pessoas ocupadas (65,2%) e massa salarial (58,7%) e correspondiam a 63,3% do total de 87.823 empresas desse grupo. Já o conjunto das empresas com atividades relacionadas à informática apresentou a maior média de receita, cerca de R$ 295,8 mil. A produtividade (R$ 74,2 mil) e a remuneração média mensal (3,9 salários mínimos) dessa atividade também ficaram acima das demais.

No segmento de Outros Serviços2, os serviços auxiliares financeiros foram os mais importantes, com 38,5% do total de R$ 16,0 bilhões em receita operacional líquida e 31,7% do total de R$ 3,5 bilhões de salários, retiradas e outras remunerações em 2004. Quanto ao número de empresas, os agentes de comércio e representação comercial detiveram a maior fatia (74,9%). A atividade de serviços de limpeza urbana e de esgotos, por sua vez, apresentou a segunda menor produtividade do grupamento (R$ 32,1 mil), e a maior receita liquida média de R$ 2 532,3 mil.

Sudeste perde participação no setor de serviços entre 1998 e 2004

Entre 1998 e 2004, a região Sudeste perdeu participação nos totais de receita bruta; salários, retiradas e outras remunerações; e pessoal ocupado no setor de serviços. Embora ainda concentre a maior parte dos negócios do setor para todas as variáveis, suas taxas de crescimento nesses indicadores foram inferiores à de outras regiões. A diminuição da participação do Sudeste é conseqüência do baixo desempenho dos dois maiores segmentos de atividades da região: Transportes e Serviços Auxiliares e Serviços Prestados por Empresas.

Em 1998, o Sudeste representava 68,1% da receita bruta gerada pelas empresas de serviços não-financeiros ativas no Brasil, enquanto em 2004 essa contribuição foi de 65,7%. Todas as outras regiões apresentaram crescimento em suas representações, sendo que o Centro-Oeste obteve o maior aumento relativo (de 5,9% em 1998 para 6,7%, em 2004).

Para o total de salários, retiradas e outras remunerações, a participação do Sudeste passou de 67,1% em 1998 para 66,3% em 2004, sendo que a região com maior dinamismo foi a Nordeste, que em 1998 encontrava-se no patamar de 9,4%, tendo subido para 10,2% em 2004. A mesma dinâmica é percebida na análise do número de pessoas ocupadas: o Sudeste havia sido responsável por 60,6% do total em 1998, passando a 59,2% em 2004, enquanto o Nordeste teve o maior crescimento na representatividade (de 12,8% para 14,0%).

A região Sudeste concentrou o maior número de empresas em 1998 (57,6%) e 2004 (59,5%). Nesse indicador, o Sul, a segunda região em termos de número de empresas, apresentou, no mesmo intervalo de tempo, uma queda de 2,4 pontos percentuais na sua participação (de 25,1% para 22,7%).

Na comparação entre 1998 e 2004, o segmento de Transportes e Serviços Auxiliares, apesar de permanecer importante na geração de receita e emprego, diminuiu participação em todas as regiões, com exceção do Sul, onde foi responsável por 32,9% da receita bruta em 1998 e 33,8% em 2004. Correio e Telecomunicações foi o único grupo que elevou sua participação em termos de receita em todas as regiões, especialmente no Norte (onde passou de 27,7% em 1998 para 35,1% em 2004) e no Sudeste (de 17,9% para 23,6%). Esse desempenho não se repetiu, porém, nas outras variáveis.

O segmento de Serviços Prestados às Empresas aumentou sua participação em todas as regiões para todas as variáveis, com exceção da Sudeste, onde teve 22,2% da receita em 1998, frente a 20,7% em 2004. O ganho mais expressivo dessas atividades foi em pessoal ocupado, em especial no Norte e Nordeste (13,2 e 7,2 pontos percentuais respectivamente). Os Serviços de Alojamento e Alimentação foram os únicos que diminuíram sua participação em todas as variáveis, com o pior desempenho em termos de geração de receita na região Centro-Oeste (queda de 11,5% em 1998 para 6,4% em 2004).

De 1998 para 2004, RJ tem maior queda de participação na receita; e SC, o maior crescimento

Tanto em 1998 como em 2004, São Paulo teve a maior participação na geração de receita no conjunto de atividades da PAS (43,0% e 42,3% respectivamente). Nesse mesmo intervalo de tempo, Rio de Janeiro (15,7% em 1998 e 14,2% em 2004) e Minas Gerais (8,1% e 7,9%) mantiveram a segunda e a terceira posições entre as unidades da federação (UFs). Os três estados, porém, perderam participação relativa, em especial o Rio, que teve a maior queda: 1,5 ponto percentual.

Na região Sul, o Rio Grande do Sul foi o maior estado em termos de geração de receita e a quarta maior UF no total do Brasil (6,1% em 1998 e 5,7% em 2004). O Paraná ficou, em 1998 e em 2004, como a quinta maior UF (5,1% de contribuição para 5,3%). Santa Catarina foi o estado com o maior crescimento, 0,6 ponto percentual (de 2,8% em 1998 para 3,4% em 2004), subindo no ranking brasileiro de oitavo para sétimo lugar.

Todos as outras UFs apresentaram crescimento acima da média brasileira ou mantiveram-se estáveis, sem alteração nas posições no que se refere à participação da receita bruta de serviços no total Brasil. No Nordeste, destacou-se a Bahia, que em 1998 respondia por 3,2% da receita bruta de serviços no país e passou para 3,5% em 2004 (6º lugar em ambos os anos). Na região Centro-Oeste, Goiás permaneceu com a maior participação (1,5% em 1998 e 1,9% em 2004). Amazonas foi o estado mais representativo na região Norte (1,1% em 1998 contra 1,2% em 2004).

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1O segmento dos Serviços Prestados às Empresas tem sua importância associada à crescente terceirização dos serviços na economia.

2Serviços auxiliares da agricultura, agentes de comércio e representação comercial, serviços auxiliares financeiros, seguros e previdência complementar e atividades de limpeza urbana e esgoto.

Ricardo Bergamini
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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey