Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil Fonte IBGE
Base: Julho de 2006
Em julho, produção industrial cresceu 0,6%
De junho para julho, a produção industrial, pesquisada pelo IBGE, apresentou crescimento de 0,6%, descontadas as influências sazonais. Em relação a julho de 2005, o aumento foi de 3,2%. Também houve crescimento de 2,7% no acumulado janeiro-julho, em relação a igual período do ano anterior, e 2,2% no indicador dos últimos doze meses.
De junho para julho, o crescimento atingiu 17 dos 23 ramos pesquisados
Com o crescimento de 0,6% observado no total da indústria entre junho e julho, após queda de 1,3%, o patamar de produção do setor ficou 0,8% abaixo do nível recorde atingido em maio passado. Dos vinte e três ramos que têm séries ajustadas sazonalmente, dezessete apresentaram crescimento entre junho e julho. Entre aqueles que determinaram o comportamento global positivo, destacam-se a indústria extrativa (5,2%), refletindo o aumento em julho da extração de petróleo, após paralisação para manutenção em algumas plataformas ocorrida em junho, e a metalurgia básica (4,2%), que embora venha mostrando crescimento por cinco meses consecutivos, neste mês concentra o impacto da volta à plena operação de um grande forno siderúrgico. Também merecem destaque as contribuições positivas vindas de veículos automotores (2,0%), outros produtos químicos (2,9%) e bebidas (4,4%). Por outro lado, as principais influências negativas vieram do refino de petróleo e produção de álcool (-3,4%) e da farmacêutica (-5,0%). Vale lembrar que a atividade de produção de derivados de petróleo e álcool vinha há três meses em expansão e, em junho, atingiu o mais elevado nível desde dezembro de 2004.
Ainda na comparação com o mês anterior, os segmentos de bens de capital e de bens intermediários alcançaram as taxas mais elevadas entre as categorias de uso (ambos com 1,0%), após recuarem 0,7% e 1,8% em junho, respectivamente. A produção de bens duráveis foi a única em queda na passagem de junho para julho (-0,2%), registrando assim o terceiro resultado negativo consecutivo, período em que acumula perda de 1,9%. O segmento de bens de consumo semi e não duráveis, com crescimento de 0,4%, exibe desempenho próximo à média global da indústria, após queda de 0,9% em junho.
O indicador mensal registrou expansão em 20 dos 27 ramos pesquisados
Na comparação julho06/julho05, a produção registrou crescimento de 3,2%, com vinte dos vinte e sete ramos pesquisados assinalando expansão. Os maiores impactos positivos sobre o índice global, por ordem de importância, vieram de: alimentos (6,1%); máquinas para escritório e equipamentos de informática (49,3%); metalurgia básica (10,0%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (16,3%); indústria extrativa (6,6%); bebidas (12,8%) e veículos automotores (3,7%). Os principais itens responsáveis pelo desempenho favorável dessas atividades foram, respectivamente: açúcar cristal e suco de laranja; computadores e monitores; vergalhões de aço; transformadores; minérios de ferro; refrigerantes e cervejas; e automóveis e caminhão-trator. As pressões negativas mais relevantes vieram de outros produtos químicos (-5,0%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-9,9%), influenciados, respectivamente, pelo recuo na fabricação de herbicidas e telefones celulares.
Ainda na comparação com julho de 2005, os índices por categorias de uso mostraram a liderança de bens de capital (8,4%), com ritmo bem acima da média industrial (3,2%). Este desempenho está sustentado pelos subsetores de bens de capital para transporte (7,6%), para uso misto (6,9%), para fins industriais (9,1%), para energia elétrica (34,7%) e para construção (9,4%). A produção de bens de capital agrícolas (-27,5%) permanece em queda há vinte e três meses. A categoria de bens de consumo semi e não duráveis (3,3%) mostrou o terceiro resultado positivo consecutivo nessa comparação, com destaque para o subsetor de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (5,6%), principalmente por conta da maior produção de refrigerantes e sucos concentrados de laranja. Vale citar também as taxas positivas dos subsetores de carburantes (7,4%) e de outros produtos não duráveis (2,6%). O subsetor de semiduráveis foi o único que apresentou queda (-6,2%).
A produção de bens intermediários (3,2%), após o recuo de 0,5% em junho, volta a crescer e mostra ritmo igual à média da indústria. Praticamente todos os seus segmentos assinalaram aumento, sendo o principal destaque o grupo insumos industriais elaborados (2,8%), seguido por insumos industriais básicos (13,3%) e alimentos e bebidas elaborados para indústria (12,6%). Vale ressaltar o comportamento do grupo insumos da construção civil (7,5%), que marca o seu terceiro resultado positivo consecutivo. Por outro lado, a pressão negativa se concentrou no subsetor de combustíveis e lubrificantes elaborados (-5,9%), principalmente, por conta do recuo no item óleo diesel. Com crescimento abaixo da média da indústria, bens de consumo duráveis (1,2%) permaneceu pressionado negativamente pela redução na produção de celulares (-12,4%). Entretanto, foi observado crescimento nos automóveis (3,2%) e eletrodomésticos (4,7%), principalmente os da linha branca (9,7%).
O indicador acumulado no ano mostrou aumento em 21 atividades
No indicador acumulado janeiro-julho frente a igual período de 2005, o crescimento de 2,7% reflete o aumento em vinte e uma atividades. A fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (56,8%) mantém a liderança em termos de impacto sobre o índice geral, com destaque para os itens computadores e monitores. Outras contribuições positivas relevantes vieram da indústria extrativa (8,1%), sobretudo em função da expansão na produção de minérios de ferro e petróleo, e do setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,3%) devido, principalmente, ao aumento no item transformadores. Em sentido oposto, entre as seis atividades em queda, destacam-se: outros produtos químicos (-3,0%), madeira (-8,7%) e vestuário (-7,4%).
Por categorias de uso, ainda no indicador acumulado no ano, o perfil de crescimento ao longo de 2006 confirma o maior dinamismo observado na produção de bens finais: bens de consumo duráveis (6,6%), bens de capital (5,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (2,8%) avançam a um ritmo acima da média global (2,7%). Por outro lado, a produção de bens intermediários (1,9%) mostra desempenho mais moderado, ao mesmo tempo em que, segundo dados da FUNCEX, o volume (quantum) das importações de bens intermediários atinge 13,0% de crescimento nos sete primeiros meses de 2006.
Em síntese, o avanço de 0,6% da produção industrial em julho último sobre o mês anterior, leva o índice de média móvel trimestral a manter suave trajetória de crescimento. Desde abril passado esse índice apresenta discreto aumento frente ao mês anterior, tendo acumulado nestes quatro meses taxa de 0,8%. Segundo essa mesma comparação, no corte por categorias de uso, o setor de bens intermediários mostra avanço de 1,4%, sendo a única categoria com ritmo acima da média da indústria. Bens de capital (0,6%) e bens de consumo semi e não duráveis (0,4%) também registram saldo positivo nessa comparação, enquanto bens de consumo duráveis (-2,1%) aponta clara desaceleração.
Prof. Dr. Ricardo Bergamini
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