Encontrada a caixa-preta do vôo 447 da Air France que caiu no Atlântico matando 228 pessoas
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
PARIS/FRANÇA - Parece que agora, dois anos depois, as causas do acidente com o Air Bus 330 do vôo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009 caiu no Oceano Atlântico, matando todas as 228 pessoas que estavam a bordo, vão ser esclarecidas e os culpados punidos.
Le Bureau d'Enquêtes et d'Analyses (BEA), Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da França disse que as buscas submarinas nas águas do Oceano Atlântico localizaram a caixa-preta do Air Bus 330 vôo 447 da Air France que caiu no oceano depois de decolar do Rio de Janeiro, no Brasil, com destino a Paris, na França, matando todas as pessoas que estavam a bordo.
Um gravador com dados sobre o vôo foi encontrado e o módulo de memória da caixa preta do avião está 'em bom estado físico', segundo o BEA.
Por sua vez, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que entre as vítimas haviam 59 brasileiros. Um coronel da FAB que investiga acidentes aéreos está a bordo do navio francês que está em alto mar participando da retirada dos destroços da aeronave acidentada.
Em seu site na Internet, o BEA divulgou nota confirmando que "A equipe de investigação localizou e identificou o módulo de memória que registra os parâmetros do Flight Data Recorder (FDR) e foi rebocado pelo robô-submarino".
O gravador FDR contém os dados de vôo, e outra caixa-preta, que ainda não foi encontrada, contém as informações do Cockpit Voice Recorder (CVR), que possui a gravação de voz na cabine do avião sinistrado.
Segundo o BEA, o gravador "se encontra em bom estado físico", o que dá aos investigadores a esperança de poder ler os dados que irão ajudar a esclarecer as causas da tragédia.
Na última quarta-feira, 27/04/2011, um "mergulho" do robô-submarino que busca as caixas-pretas do Air Bus 330 do vôo 447 da Air France encontrou o chassi do Flight Data Recorder (FDR) do avião que mergulhou em águas do Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009.
A peça foi encontrada sem o módulo que protege e contém os dados gravados durante o vôo. Os investigadores temiam dificuldade em encontrar a célula de dados, já que a caixa-preta havia se desprendido do chassi e poderia ter sido levada pela água do mar ou ficado presa na areia. O compartimento estava cercado de destroços pertencentes a outras partes do avião.
As buscas pela caixa-preta começaram na última segunda-feira, 25/04/2911, na área onde foram localizados os destroços da aeronave. O BEA considera que uma falha nas sondas (sensores de velocidade) Pitot do fabricante francês Thales foi um dos fatores do acidente, mas considera que só terá a explicação definitiva da tragédia com as caixas-pretas em mãos.
O Brasil está participando da investigação e o coronel da Aeronáutica Luís Cláudio Lupoli está a bordo do navio do BEA em alto mar, acompanhando o trabalho com a caixa-preta. Segundo Lupoli, o trabalho está ocorrendo com "transparência".
"O Cenipa não está apenas acompanhando a investigação, mas também participando de todo o processo e tem ciência de todos os documentos elaborados internamente pelo BEA sobre o ocorrido", disse Lupoli, em entrevista à imprensa neste domingo, 1/05/2011.
A quinta fase das buscas começou nesta semana com o navio LIle de Sein, que partiu de Dacar, no Senegal, na sexta-feira, 22/04/2011, com 68 pessoas a bordo, inclusive a tripulação.
Segundo o BEA, dois grupos de trabalho foram formados. Um deles continua analisando as 15 mil fotos dos destroços tiradas por outros robôs na fase anterior das buscas, sobretudo as da parte traseira do Airbus, onde se situam as caixas-pretas do avião.
O segundo grupo estuda os procedimentos ligados à recuperação das duas caixas-pretas, dos calculadores de vôo e de outras peças do avião consideradas úteis para as investigações, como os motores e as asas.
Partes da fuselagem da aeronave, juntamente com corpos de passageiros, foram encontradas no início do mês de abril. O resgate dos corpos das vítimas não é prioridade para o BEA, segundo informou Maarten Van Sluys, diretor executivo da associação dos parentes das vítimas no Brasil, na última quinta-feira. Segundo ele, a informação lhe foi passada pelo órgão francês.
De acordo com Sluys, o escritório realiza reuniões diárias para planejar a fase cinco de resgate do avião, que deve começar no fim de abril. Ele informou que a prioridade seria a retirada dos destroços e da caixa preta.
"Segundo eles, depois de estudos feitos por peritos houve entendimento de que os corpos poderiam não resistir ao içamento no mar", disse Sluys, completando que algum corpo pode acabar sendo içado eventualmente junto com destroços.
Em entrevista coletiva antes de embarcar no navio junto com o BEA, o coronel Luiz Claudio Lupoli informou que o governo francês vai tentar retirar os corpos. "Antes da conclusão das buscas, foram retirados do mar 50 corpos. O governo francês autorizou, nessa busca de investigação (pela caixa-preta), a tentativa de resgate dos corpos que estão no fundo do mar. (A autorização do Estado francês) É uma boa notícia, principalmente do ponto de vista humano", afirmou o oficial da Aeronáutica Brasileira.
Há preocupação e temor sobre se os corpos irão se manter íntegros durante o resgate do mar, uma vez que estão há dois anos a aproximadamente 4 mil metros de profundidade.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU.
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