Hudson chamou a servidão por dívida "tão mortal quanto uma derrota militar". A perda de vidas e bens deixam as pessoas vulneráveis ao desespero, doença e morte prematura, bem como o que aconteceu na Rússia pós-soviética em "terapia de choque" imposta por Washington quando 80% dos agricultores foram à falência...
Por Stephen Lendman
11 de Abril de 2011
No seu artigo de 08 de Abril intitulado "A crise económica na Islândia:" A Medicina do FMI não é a solução " * Michael Hudson perguntou:
"'Será que a Islândia votará "Não" a 09 de Abril ou ira cometer suicídio financeiro", sendo a sua escolha:
Rejeitar a servidão por dívidas predatórias ou "sujeitar a sua economia a décadas de pobreza e à emigração da sua força de trabalho."
Por outras palavras, destruindo a nação para lucro, extorquindo a sua riqueza, a venda dos seus recursos naturais e empresas públicas, subir impostos na classe trabalhadora Islandesa e transformar o país num pesadelo "distópico", o qual o Merriam-Webster chama de "um lugar imaginário, onde as pessoas levam uma vida desumanizada e, muitas vezes com medo ", o oposto da utopia, em condições de privação, pobreza, doença, violência, opressão e terror, como na novela 1984 de Orwell. (http://en.wikipedia.org/wiki/Nineteen_Eighty-Four )
Noutro artigo, Hudson chamou a servidão por dívida "tão mortal quanto uma derrota militar". A perda de vidas e bens deixam as pessoas vulneráveis ao desespero, doença e morte prematura, bem como o que aconteceu na Rússia pós-soviética em "terapia de choque" imposta por Washington quando:
- 80% dos agricultores foram à falência;
- Cerca de 70.000 fábricas estatais fecharam
- O desemprego tornou-se epidémico;
- Uma subclasse permanente foi criada;
- A pobreza aumentou de dois milhões em 1989 para 74 milhões em meados de 1990, e em metade dos casos era desesperada;
- Alcoolismo e abuso de drogas aumentaram;
- Assim como o HIV / SIDA que subiu 20 vezes mais;
- Suicídios e também crimes violentos aumentaram em quatro vezes, e
- A população diminuiu em 700 mil por ano, até 2007 era 10% menor que em 1989 devido à uma expectativa de vida drasticamente reduzida.
Em Março de 2010, Hudson explicou que 93% dos isla ndeses rejeitaram os termos da ajuda. Caso contrário, eles enfrentariam ter de pagar o reembolso de milhares de milhões em fraudes bancárias. Na verdade, eles já foram impiedosamente martelados por "um PIB em queda, aumento do desemprego, as falências, as execuções hipotecárias", e o preço dos imóveis que caiu 70% desde o seu pico de valorização, rumando a hipotecar o seu futuro a não ser que consigam libertar-se da escravidão por dívida perpétua.
Novamente os Islandeses rejeitaram o plano de amortização da dívida predatória
Em 10 de Abril, a Al Jazeera disse que, pela segunda vez, eles disseram "nyet" (não) às exigências do Reino Unido e da Holanda. No entanto, se o actual governo de coalizão social-democrata Verde irá respeitar o voto é muito discutível, dada a sua subserviência ao capital e à história de ceder à intimidação. Como resultado, pode ignorar os resultados do referendo e fazer o que bem quiser. Poderá demorar um pouco até que tudo fique claro.
A Primeira-ministra Johanna Sigurdardottir afirmou veementemente que foi um passo errado, dizendo à rádio pública, RUV que o caos económico e político poderá acontecer se o reembolso da dívida for abandonado.
"A pior opção foi escolhida", disse ela. "A votação dividiu a nação em dois." Os totais apresentaram 58% de voto "não", contra 42% de "sim", rejeitando os termos do resgate ultrajante.
Sigurdardottir não explicou se o seu governo de coalizão irá renunciar, dizendo apenas que "Devemos fazer todo o possível para evitar o caos político e económico como resultado de este voto."
A Al Jazeera disse que o problema da dívida resultou da "Grã-Bretanha e da Holanda terem ressarcido os cidadãos (leia-se bancos na sua maioria) que perderam as economias em contas Icesave online, propriedade da Landsbanki, um dos três bancos islandeses, que faliu no final de 2008."
Hudson explicou dizendo:
O sonho dos Islandeses "foi traçado após as filiais exteriores do banco electrónico Icesave terem sido esvaziadas pelos seus proprietários. A Grã-Bretanha e a Holanda pagaram mais de $ 5 bilhões US dólares a cerca de 340 mil dos seus próprios depositantes os quais as agencias reguladoras e de fiscalização dos seus próprios bancos falharam de alertar sobre os saques que estavam acontecendo. Aos contribuintes da Islândia foi-lhes simplesmente dito que teriam que suportar o custo, como tributo virtual. "
Aqueles que votaram "Não" rejeitaram "o peso financeiro incrível", dizendo que "nunca houve qualquer obrigação legal que forçasse os cidadãos islandeses a assumirem as perdas de um banco privado."
O Ministro das Finanças da Islândia, Steingrimur Sigfusson disse: "É claro que chegamos ao fim do caminho da negociação."
Sigurdardottir afirmou que a Islândia irá defender a sua posição perante o tribunal de comércio europeu e com a Associação Europeia de Comércio Livre de Fiscalização, EFTA (ESA).
No ano passado, a ESA disse que a Islândia teria que reembolsar os depositantes Icesave. No passado dia 08 de Abril, o secretário - chefe do tesouro da Grã-Bretanha, Danny Alexander, manifestou o seu desapontamento, dizendo:
"É decepcionante que, obviamente, parece que o povo da Islândia rejeitou o que era uma solução já negociada .... Parece que este processo vai agora acabar nos tribunais. Existe um processo judicial em curso e nós vamos continuar através desses processos para tentar e ter certeza que conseguimos de volta o dinheiro que o governo britânico pagou nos últimos anos. "
Na verdade, esse dinheiro foi extorquido. Em 2010, o então primeiro-ministro Gordon Brown surpreendeu os Islandeses, invocando legislação anti-terrorismo para proteger poupanças britânicas, tornando-se, ele e seus seguidores na opinião dos Islandeses não mais do que um mero bando de saqueadores comparáveis aos invasores Vikings.
Depois de rejeitar novamente a servidão por dívidas, espera-se mais pressão e ameaças para intimidar o governo da Islândia a descartar o desejo dos eleitores e pagar - o que Hudson chama de guerra financeira.
A Moody's disparou a primeira salva, dizendo que se o reembolso não for cumprido, "ira" baixar a cotação de crédito da Islândia, tornando assim mais caros os empréstimos, forçando-a contrair ainda mais em dívidas. (O que já o fez na realidade).
Em Março passado, depois que os eleitores rejeitaram primeiro reembolso, a Fitch Ratings cortou o crédito da Islândia para lixo, enquanto a Moody's e a Standard & Poor's deu o seu grau mais baixo de investimento.
Na verdade, todas as principais agências de cotação de crédito estão na cama com os banqueiros predatórios e com os seus governos, travando uma guerra financeira, quando as nações - alvo como a Islândia recusam os termos da extorsão.
Uma reportagem da Bloomberg relata o seguinte:
"A contagem final mostrou que 59,7% dos eleitores disseram não ao chamado acordo Icesave, enquanto 40,1% disseram que sim, segundo a emissora RUV, que baseou a sua contagem em números publicados pela comissão eleitoral regional hoje."
A afluência às urnas foi de 75%. No domingo, o ministro das Finanças Holandes, Jan Kees de Jager disse:
O "tempo de negociação terminou. Agora, o tribunal vai decidir sobre isso." A Islândia deve cumprir as suas obrigações financeiras. Por fim, a Holanda vai ter seu dinheiro de volta, mesmo através de extorsão, enquanto os Islandeses permanecerem na Islândia, apesar destes não terem aceite a servidão por dívidas, a pobreza, a falência e a miséria perpétua.
No entanto, Hudson diz que "A Islândia tem um forte argumento jurídico. Avisos sociais-democratas sobre a UE parecem (demasiado) exagerados" sobre a fraude cometida por terceiros. Por isso, é "uma época estranha (para considerar) aceitar dívidas de bancos falidos no em seu próprio balancete" em vez de deixar os bandidos reembolsar as perdas.
Pagamento é claro, vai comprimir a economia da Islândia (e outros países incluindo Portugal) o que torna mais difícil o serviço da dívida mais adiante ou seja um ciclo vicioso negativo ate à ruína económica.
Durante meses, o mesmo processo foi repetido por toda a Europa, nomeadamente nos países chamados PIIGS - Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, além de outros da Europa de leste.
No Ocidente, o problema começou na Grécia, Hudson explicou, dizendo:
"Isso levou a défices orçamentários, e os bancos de Wall Street ajudaram o governo a esconder a sua dívida pública em contabilidade lixo "tipo livre empreendimento". Credores Alemães e Franceses fizeram em seguida uma fortuna subindo a taxa de juros que a Grécia teve de pagar pelo seu risco de crédito ter aumentado."
O cenário habitual, em seguida tomou forma, a Grécia, tal como outros países em dificuldades, foi intimada a aumentar impostos, corte de benefícios sociais, públicos e cortar folhas de pagamento dos salários, e cobrar mais por serviços públicos. Por outras palavras, "virar a economia num gigantesco conjunto de "pedágios"." (cabines de portagem)
Os Tigres bálticos lideraram o caminho, explicou Hudson, salários da função pública caíram até 30% e o PIB e mais de 25%. Como resultado, a Letónia não vai "recuperar até ao seu pico de 2007 o PIB pré-crise até 2016 - uma década inteira" perdeu-se para predadores financeiros, delapidando países auferindo lucros astronómicos, estrangulando-os, crucificando as pessoas comuns, a maioria numa doença que infesta a Europa e cada vez mais a América institucionalizando o neo servilismo de um país a outro, caminhado para dominação global.
Na zona Euro, a Irlanda tem sido a mais atingida, enfrentando "décadas de austeridade," a menos que saiam da sua armadilha. Como resultado, seguiu-se "o maior movimento de emigração forçada depois da fome da batata de meados do século 19."
Hoje, diz Hudson, "o financiamento é o novo modo de guerra", mais limpa, mais barata, mas igualmente destrutiva, as espancando pessoas com a pobreza e o desespero, em vez de bombas e hordes de invasores. Banqueiros são os invasores de hoje, extraindo homenagem neoliberal através de servidão por dívida predatória, obrigando os reembolsos em perpetuidade, em alguns casos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Hudson explica a solução óbvia, a escolha que a Argentina fez uma década atrás, dizendo "nyet" a pagar extorsões tendo "pouca dificuldade na imposição de 70% "corte de cabelo" sobre os credores estrangeiros, oferecendo pegar ou largar. Eles "pressionados" aceitaram, devolvendo o país à saúde e prosperidade económica, uma vez livre "dos seus algozes financeiros!"
O padrão repetiu-se "na América Latina e noutros países do Terceiro Mundo, depois que o México anunciou que não poderia pagar sua dívida externa em 1982.
" Write-downs seguidos de Brady Bonds " foram aplaudidos" nessa época "como uma história de sucesso."
Hoje, é uma história diferente, países como a Islândia, Grécia, Irlanda e outros foi lhes dito em tom intimidatório paguem ou terão que aceitar "uma geração (ou mais) de compressão económica, de austeridade e de emigração."
A escolha, naturalmente, é a escravidão neoliberal ou a liberdade. Os Islandeses escolheram a última em Março de 2010 e novamente agora no passado dia 09 de Abril. Cabe agora ao governo Islandês respeitar o voto do seu povo ou vender-se aos predadores Britânicos e Holandeses.
Não aposte que o Governo Islandês irá fazer a escolha certa.
Stephen Lendman vive em Chicago O seu Blog em http://www.sjlendman.blogspot.com/
http://www.progressiveradionetwork.com/the-progressive-news-hour/
Nota do Tradutor:
* Michael Hudson tem o titulo de "Distinguished Professor" em Economia na UMKC. Em 2006 foi professor de Economia e director de Pesquisa Econômica na Escola de Direito de Riga, na Letónia. O seu website é www.michael-hudson.com
Traduzido por: Josef Leo
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