Desde 1995, oito estados (SP, RJ, MG, RS, PR, BA, SC e DF) mantém a liderança das participações no PIB do país e, em 2007, eles concentravam quase 80% da economia. Entre as grandes regiões, a participação do Sudeste continua sendo a maior mas, entre 1995 e 2007, ela caiu de 59,1% para 56,4%. Já o Nordeste, no mesmo período, teve o maior avanço: de 12,0% para 13,1%. Em 2007, nove estados, representando 54% do PIB brasileiro, cresceram acima da média (6,1%), e o do MT teve a maior alta (11,3%). O DF continua com o maior PIB per capita : R$ 40.696. Esses são alguns destaques das Contas Regionais 2007, elaboradas pelo IBGE em parceria com os órgãos estaduais de estatística e a SUFRAMA.
Juntamente com as Contas Regionais 2007, o IBGE divulga a retropolação das Contas Regionais até 1995. Esta retropolação incorporou, nos cálculos dos agregados, a nova estrutura de pesos das atividades econômicas adotada pelo IBGE a partir de 2002. Isso permitiu que o Produto Interno Bruto e seus componentes fossem revistos para anos anteriores, tornando seus resultados comparáveis com a nova série1.
Os resultados retropolados mostram que os oito estados com os maiores PIB em 2007 (SP, RJ, MG, RS, PR, BA, SC e DF) eram os mesmos em 1995. A diferença é que a soma de suas participações representava 81,5% do PIB de 1995, caindo para 78,7% em 2007. No período, ainda no grupo dos oito maiores, os estados que perdem participação entre 1995 e 2007 foram SP, RS e DF. A participação dos outros 19 estados passou de 18,5% para 21,3% do PIB. Neste grupo apenas o CE não avançou sua participação.
De 1995 a 2007, participação do Sudeste no PIB do país caiu de 59,1% para 56,4%
O Sudeste continua com a maior participação no PIB do país que, entre 1995 e 2007, caiu (-2,7 pp ) de 59,1% para 56,4%. O Sul também ganhou participação na série (+0,4 pp, de 16,2% para 16,6%) e as outras regiões ganharam. O Centro-Oeste teve avanço: de 8,4% para 8,9% (+0,5 pp ).
De 1995 a 2007, o Sudeste teve a maior queda de participação (-2,7 pp ), com SP liderando (-3,4 pp ). A economia paulista perde participação na indústria geral (-9,1%), perde menos nos serviços (-1,5 pp ) e ganha na agropecuária (1,4 pp ). A indústria de transformação do estado tem a maior perda (-4,3 pp ) dentre todas as 27 unidades da federação, com as transferências de alguns setores industriais para outros estados, a migração de algumas plantas industriais para perto da matéria prima ou do consumidor final. Além disso, também influíram no processo alguns incentivos fiscais para investimento industriais em outros estados.
No RJ, houve grande avanço entre 1997 a 2000 (0,7 pp ), quando a participação do estado chegou 11,9% do PIB nacional. O estado é o maior produtor de petróleo do Brasil e, no período, se beneficiou com a desvalorização cambial e com o aumento do preço internacional de óleo bruto. Entretanto, em 2007, o RJ retornou à mesma participação de 1995 (11,2%). MG (0,4 pp ) e ES (0,3 pp ) ganharam participação, em MG se destaca a indústria de transformação e no ES a extrativa mineral e os serviços.
De 1995 a 2007, oito estados concentram mais de 87% do valor adicionado da industria do país
Os oito estados mais industrializados do país ( SP, MG, RS, PR, RJ, SC, BA e AM ) concentravam 88,7% da indústria de transformação nacional em 1995. Essas participações reduziram-se para 87,2% em 2007.
O estado que mais perdeu participação na indústria foi São Paulo (- 4,3 pp ) seguido pelo RS (-1,6 pp) . Grande parte dessa participação perdida distribuiu-se entre os outros seis estados líderes da indústria nacional em 2007, além de Goiás, Espírito Santo e Pará.
De maneira geral, este processo foi impulsionado por investimentos regionais ou mesmo pela guerra fiscal, ou ainda pela procura de mão-de-obra mais barata em outras unidades da federação. Apesar disto ainda não é possível afirmar que há uma migração industrial maciça, pois se percebe um movimento forte de redistribuição dentro do próprio estado de SP.
No caso da indústria gaúcha, percebe-se que houve uma queda de sua participação por dois anos consecutivos a partir de 2004, quando o estado sofreu com fortes secas.
Minas Gerais, nos últimos anos, se apropriou de parte da indústria do fumo, principalmente do Rio Grande do Sul, da cadeia automobilística, além de ser também o maior produtor de aço e derivados (cerca de ¼ da produção brasileira). No caso de Goiás, a indústria está ligada à produção de alimentos e bebidas e, a partir de 2005, seu complexo automobilístico passa a participar com 7%, aproximadamente, da produção brasileira de automóveis, camionetas e utilitários.
De 1995 a 2007, as economias de SP, RJ e RS cresceram abaixo da média do país
Em termos reais, de 1995 a 2007, o crescimento acumulado do PIB das oito maiores economias (35,8%) foi muito inferior ao dos demais 19 estados (58,4%). No período, o Brasil cresceu 39,8% ou 2,8% aa.
Todos os estados da Região Norte crescem, em termos reais, acima da média nacional (39,8%), e a região teve o maior crescimento no período (73,6%), ficando acima do Centro-Oeste (63,5%). O líder da região norte, o AM (96,1%) que, no conjunto do país, foi superado apenas pelo MT (111,5%).
O Nordeste cresceu 44% no período. Lá, apenas CE (38%), PE (37%) e AL (31%) cresceram abaixo da média brasileira, em termos reais. O destaque do Nordeste foi o Maranhão, que cresceu 60,2%.
De 1995 a 2007, o crescimento real acumulado do Sudeste foi de 33%. RJ e SP (26% e 32%, respectivamente) cresceram abaixo da média nacional (39,8%). MG (42%) e ES (líder do Sudeste, com 69%) cresceram acima da média nacional.
A Região Sul cresceu 39,9% no período, quase igualando a média brasileira (39,8%). O RS foi o responsável por este desempenho, pois cresceu apenas 30,9%, abaixo dos 47,9% do PR e 44,9% de SC.
O Centro-Oeste (63,5%) ficou atrás apenas da Região Norte (73,6%). Todos os estados do Centro-Oeste crescem acima da média brasileira, ficando o MS com 53,3%, o MT com 111,5% e GO e DF com 57% e 56,6%, respectivamente.
Em 2007, Nordeste e Norte crescem abaixo da média nacional
Em 2007, o PIB das regiões Norte e Nordeste cresceu 3,8% e 4,8%, respectivamente (Tabela 4). Ambas as taxas ficaram abaixo da variação real do PIB do país (6,1%). Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficaram acima da média, e essa última região teve a maior variação (6,8%). As participações regionais não se alteraram muito no período e as das regiões Sul e Centro-Oeste tiveram ligeiro aumento.
São Paulo concentra 11,8% do PIB da Agropecuária brasileira
Em 2007, a agropecuária paulista respondia por 2,0% do PIB do estado e por 11,8% desta atividade no Brasil, abaixo dos 13,5% verificados em 2002. A cana-de-açúcar, a laranja e a criação de bovinos foram responsáveis por cerca de 59,1% da agropecuária paulista em 2007. A indústria geral paulista, que responde por 29,6% da economia do estado em 2007, teve sua participação na indústria nacional reduzida em 2,3pp, entre 2002 e 2007, apesar de ter recuperado 0,6 pp da participação em relação a 2006, ficando com 35,4% da indústria nacional em 2007.
Em 2007, o Rio Grande do Sul manteve sua participação no PIB nacional (7,1% em 2002, 7,1% em 2004, 6,7% em 2005 e 6,6% em 2006 e 2007, respectivamente). Embora a agropecuária tenha avançado 3,5% em relação a 2005, patamar superior ao alcançado em 2002 (11% da agropecuária nacional em 2002 e 11,9% em 2007), a indústria e os serviços ainda não voltaram ao patamar alcançado em 2002, 7,5% em 2002 contra 6,4% em 2007 (indústria geral) e 6,8% contra 6,4% em 2007 (serviços).
RJ e MG mantiveram suas posições no ranking, entretanto o Rio recuou 0,5% entre 2006 e 2007, influenciado pela indústria extrativa, que teve redução de preços em função do preço do barril de petróleo e à apreciação do real em relação ao dólar, em relação a 2006. Já a Bahia, 6º maior PIB no período, viu sua participação voltar ao patamar de 2002 (4,1%) em 2006 e permanecer com a mesma participação em 2007.
No Pará, a indústria representava 31% em 2007, distribuídos entre a extrativa mineral (6,4%), indústria de transformação (12,4%), produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (5,5%) e construção civil (6,7%). Em 2007 a indústria amazonense respondia por 42,5% da economia local contra 45,7% em 2006, queda influenciada pela perda de participação da indústria de transformação que em 2006, de 3,4% em 2006 passa a 2,9% em 2007 da indústria de transformação brasileira.
Mato Grosso e Amazonas são os dois únicos estados que trocam de posição entre 2006 e 2007. MT assume a 15ª posição passando o AM que fica na 14ª posição. Isto ocorreu pela recuperação da atividade econômica de MT, já que em 2006 o estado teve queda em torno de 4% de seu PIB, resultado mais baixo de sua história e o menor entre os 27 estados, em 2006.
Maranhão assume a 16ª posição em 2003
Em 2003, o Maranhão inverteu a posição com o Mato Grosso do Sul e permaneceu na 16ª colocação nos demais anos até 2007. Na economia maranhense, os serviços vêm perdendo participação para a indústria: de 16,7% da economia do estado em 2002, para 17,9% em 2007, com a produção de ferro gusa, alumina calcinada, alumínio não ligado e liga de alumínio. Mesmo assim, o setor público ainda representa cerca de 20% da economia do estado. A participação da agropecuária na economia do MT reduziu-se em cerca de 6,5% entre 2002 e 2007. Em 2006, a agropecuária participava com 14,5% da economia total e, em 2007, passou a representar 15,8% com a recuperação do cultivo de soja, que elevou sua participação em 1,8% do valor adicionado bruto total, ficando com 2,9%.
A participação do RN no PIB (0,9%) superou em 0,1 pp a de 2002, superando a Paraíba (0,8%) a partir de 2004. Essas duas economias são muito parecidas, exceto pelo petróleo: o RN é o segundo maior produtor do Brasil, atrás do RJ. Na indústria de transformação potiguar, alimentos, bebidas, têxtil, vestuário, calçado e couros, plástico e outros minerais não metálicos pesam 77%, enquanto na indústria de transformação paraibana predominam os têxteis, vestuário, calçados e couro (38%) e alimentos e bebidas (15%).
Alagoas, Sergipe, Rondônia, Piauí e Tocantins mantiveram suas posições no período. Somente Rondônia elevou sua participação no PIB brasileiro em 0,1 ponto percentual. Alagoas tem uma estrutura agrícola semelhante à Paraíba, com predominância agrícola, mas há um peso maior da cana de açúcarem sua economia. Em 2006, o setor de alimentos e bebidas aumentou para 70% sua participação na indústria, em função do baixo desempenho da indústria química e permaneceu com a mesma estrutura em 2007. No RN, a agricultura e a pecuária têm pesos semelhantes, sendo que, na parte agrícola, a fruticultura irrigada para exportação tem grande importância na economia potiguar. Em Sergipe, a atividade industrial representa 30,6% da economia: 6,2% na extração de petróleo, 9,7% na indústria de transformação, 8,1% na geração e distribuição de energia elétrica (a hidrelétrica de Xingó pertence ao estado) e 6,6% na construção civil.
Rondônia, que nos últimos anos se destacou na pecuária e na produção de grãos (principalmente soja), tem sua economia baseada na produção agropecuária (20,3%) e nos serviços (65%), dos quais 28,8% correspondem à administração pública. O Piauí, com peso de 0,5% no PIB brasileiro, está na 23ª posição, sendo sua economia assim distribuída: 8,2% na agropecuária (mandioca, milho e soja, que vem ganhando importância), 16,9% na indústria (alimentos e bebidas na indústria) e 74,8% nos serviços.
Tocantins está na 24ª posição, com 0,4% do PIB nacional em todos os anos da série. Sua agropecuária representa 17,8% (arroz, milho, soja e bovinos), a indústria, 24,1% (dos quais 13,6% pertencem à construção civil) e os serviços, 58,1%, onde a administração pública participa com 24,5%. O peso da construção civil na economia de Tocantins, um estado criado recentemente, é o maior dentre as 27 unidades da federação.
Acre (25ª) e Amapá (26ª), muito próximos, trocam de posição ao longo da série, e dependem muito do setor público. Amapá e Roraima têm cerca de 50% da economia ligada ao setor público. Roraima se mantém como o menor PIB dentre as 27 unidades da federação.
Em 2007, PIB do Mato Grosso teve o maior crescimento (11,3%) e São Paulo o 4º maior (7,4%)
Em 2007, nove das 27 unidades da federação tiveram crescimento igual ou superior à média brasileira (6,1%). Elas representavam 53,6% do PIB do país. Santa Catarina cresceu 6,0% e foi o único estado do Sul com resultado inferior a média brasileira.
Distrito Federal continua com o maior PIB per capita do País
O maior PIB per capita continua sendo o do Distrito Federal (R$ 40.696,08), cerca de três vezes o PIB per capita nacional (R$ 14.464,73). No período, os três maiores PIB per capita permaneceram na mesma ordem Distrito Federal (R$ 40.696,00), São Paulo (R$ 22.667,00) e Rio de Janeiro (R$ 19.245,00) assim como os dois menores Maranhão (R$ 5.165,00) e Piauí (R$ 4.662,00).
Dos estados com PIB per capita inferior a média do país no primeiro ano da série, Mato Grosso foi o único a ultrapassar a média nacional nos anos posteriores: em 2002, o PIB per capita do estado equivalia a 90% do brasileiro. Em 2004, o PIB per capita do MT chegou a ser 30% maior do que a média e, em 2007, ficou 3% acima dela. Os demais estados com PIB per capita acima da média nacional eram: Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande de Sul, e Paraná.
Nota:
1 O ano de 1995 foi escolhido para que a série abrangesse o período de vigência de uma mesma moeda (no caso, o Real). As notas técnicas sobre a retropolação estão disponíveis em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/26_retropolacaoregional.pdf
Contas Regionais do Brasil Fonte IBGE
Base: 2007
Ricardo Bergamini
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