O ditador António de Oliveira Salazar foi escolhido como o melhor português de sempre segundo o programa "Os Grandes Portugueses", cuja final foi transmitida pela RTP ontem à noite e se prolongou pela madrugada. O líder do Estado Novo e a figura mais polémica entre os 10 finalistas foi o mais escolhido com 41% dos votos, superando Álvaro Cunhal, que ficou na segunda posição com 19% dos votos e Aristides de Sousa Mendes, o terceiro classificado, com 13% dos votos do público. São sobretudo jovens e reformados que assumem o voto em Salazar como forma de protesto", de acordo com Sol.
A voz mais crítica da noite foi a de Odete Santos, que apresentou o documentário de Álvaro Cunhal, segundo Portugal Diário. «A apologia ao fascismo é proibida pela constituição», disse logo no momento em que a vitória de Salazar foi anunciada.
«Quero dizer que afinal o PCP tinha razão na carta que mandou à RTP, há não muito tempo, sobre este programa e o que iria resultar daqui, que era o branqueamento do fascismo», frisou, apontando: «Isto são sinais dos tempos. A nível mundial eles são muito maus e são no sentido da direita e se, um dia lá poderem chegar, do fascismo, porque o capitalismo aproveita todos os regimes menos um: o comunismo».
Odete Santos lamentou ainda a escolha de «uma pessoa que advogou a pobreza para o país». «O povo vivia à luz das candeias (...), o povo sofria de analfabetismo, porque, para Salazar, um povo culto era ingovernável, a frase é dele. É pena que isto tenha acontecido, mas o mundo não terminou e o fascismo não levará por diante», concluiu.
Antes, Miguel Freitas da Costa, jornalista, tinha saído em defesa de Salazar, recordando que se tratou de um homem oriundo de uma família modesta, mas "que demonstrou ser capaz de uma grande política". Já depois de conhecidos os resultados, Odete Santos voltaria a atacar o vencedor: "A apologia ao fascismo é proibida pela Constituição".
O professor universitário Jaime Nogueira Pinto, que apresentou o documentário sobre o antigo ditador, recusou que a censura e a polícia política fossem falhas que lhe pudessem ser atribuídas. «Isso não é uma fraqueza de Salazar, é uma fraqueza de um regime que não é um regime democrático», disse, durante o programa conduzido pela apresentadora Maria Elisa.
«A principal fraqueza é talvez uma falta de atenção e até talvez de conhecimento da vida das pessoas comuns. A partir de uma certa altura Salazar está desligado, concentrado em grandes questões, como as de África e as internacionais», afirmou ainda, quando ainda não tinham sido revelados os resultados da votação.
Depois de anunciada a esmagadora vitória de António Oliveira Salazar, que obteve 41 por cento dos votos, o académico reagiu, desdramatizando. «Isto essencialmente é um concurso. Não vamos fazer disto nem uma catástrofe política nem uma grande restauração política», defendeu, explicando que aceitou participar no programar por considerar que «uma parte da história do século XX que está muito mal contada
Salazar nasceu no dia 28 de Abril de 1889, em Santa Comba Dão. "Sei muito bem o que quero e para onde vou", disse, na tomada de posse da pasta das Finanças, em 1928. Em 1930, fundou o partido União Nacional. Ministro das Finanças da ditadura militar, assumiu o governo do país em Abril de 1932 e, no ano seguinte, fez ratificar uma nova Constituição. Criou a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), uma polícia política, proibindo as oposições e impondo um regime totalitário. Permaneceu no cargo até 1968, altura em que teve de se afastar por doença. Morreu em 1970.
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