A qualquer momento o idioma português vai mudar, para que seja escrito de uma única forma nos oito países que adotam este idioma: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi proposto em 1990. Cinco dos oitos paises membros da CPLP já tinham assinado o documento. Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe assinaram recentemente. Serão cerca de 40 mudanças, entre elas estão o alfabeto com 26 letras (atualmente são 23), com a inserção do k, w e y, e o fim do trema (permanece apenas em nomes próprios e derivados). O português é a terceira língua mais falada no mundo ocidental, por mais de 250 milhões de pessoas, atrás apenas do inglês e espanhol.
Assim que receberem as novas regras ortográficas, os ministérios da educação, academias de letras, editores e produtores de material didático iniciarão o processo de adequação do idioma. As mudanças acontecerão porque existem duas ortografias e isso dificulta a divulgação do idioma e a sua prática.
Com as modificações acertadas, calcula-se que a escrita no Brasil terá 0,45% de alteração. Em Portugal, estima-se uma mudança de 1,6% do vocabulário escrito. Apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.
Um dos maiores defensores da unificação da escrita da língua foi o filólogo Antônio Houaiss. Ele era o representante brasileiro nas negociações com Portugal sobre as alterações no idioma. Faleceu em 1999, sem conseguir ver o resultado do seu trabalho.
O português também é falado na antiga Índia portuguesa (Goa, Damão, Diu e Dadra e Nagar Haveli), além de ser uma das línguas oficiais da União Européia e do Mercosul.
Algumas mudanças
Os portugueses, por exemplo, passarão a escrever úmido, ao invés de húmido, como é atualmente. Também desaparecem da língua escrita em Portugal, o c e o p nas palavras onde ele não é pronunciado: acção, contacto, acto, adopção, baptismo, óptimo e Egipto.
Não se usará mais o acento circunflexo nas palavras paroxítonas terminadas em o duplo: abençôo, enjôo e vôo. No Brasil, a escrita correta será: abençoo, enjoo e voo.
Também deixará de ser empregado o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus decorrentes. Assim, a grafia correta passará a ser: creem, deem, leem e veem.
O a cento deixará de ser usado para diferenciar pára (verbo) de para (preposição) e também nos ditongos abertos ei e oi de palavras paroxítonas como assembléia, idéia, heróica e jibóia, que perderão o acento agudo.
Larissa MERCANTE
BRASIL
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