ENEDS - Quem faz a tecnologia na América Latina?

Todos os anos, acontece no Brasil um encontro que reúne profissionais, acadêmicos, entidades, movimentos sociais e a própria sociedade civil para dialogar e criar propostas sobre a temática da ciência, da tecnologia e da sociedade. Trata-se do Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social (Eneds), que já rodou o Brasil em doze edições. Este ano, acontecerá, pela primeira vez, na Região Sul, em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de 16 a 19 de agosto.

O Eneds tem como objetivo abrir espaço para a reflexão, sobretudo na área de engenharia, para discutir caminhos e possibilidades de desenvolvimento social de caráter popular, solidário e emancipador. Este é um tema muito pouco debatido nos espaços de atuação do profissional dessa área e nas universidades. O encontro se propõe oferecer uma visão diferenciada do desenvolvimento nacional, numa perspectiva humana, popular e sustentável.

Amyra El Khalili estará na mesa de debates com o tema "(Nosso) Desenvolvimento Insustentavel",juntamente com Ana Ribeiro Malaco, das Brigadas Populares (MG), e o prof. dr. Carlos Walter Porto-Gonçalves, da UFF (RJ). O evento  acontecerá no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina.

Para Amyra, os clamores em prol do "desenvolvimento científico e tecnológico" e do "progresso" para solucionar "problemas ambientais, em especial, da Amazônia", impõem a pauta e se impõem aos meios de comunicação dominantes. O cenário, marcado por intensiva instrumentalização do discurso científico-tecnológico para fins de legitimação das adaptações instituídas sob os cânones  da  "economia verde", acelera a destruição em larga escala, exemplo mais que ilustrado pela quebra da barragem em Mariana, Minas Gerais, e pelas hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia, outro exemplo emblemático.

O XIII Eneds é organizado por acadêmicos, mestrandos, servidores e professores de diferentes cursos do Centro Tecnológico da UFSC e de outros centros; conta com o apoio de centros acadêmicos, núcleos de extensão e pesquisa e departamentos. É uma realização da UFSC e do Serviço Modelo de Engenharia e Tecnologia (Semente).

 

A programação do evento constará de mesas, grupos de discussão, oficinas, cursos, trocas de experiência, apresentação de trabalhos científicos e atividades culturais. Pretende-se, com isso, explorar, em diferentes dinâmicas, a maioria das vertentes que  têm relação com a proposta do evento. Para esta edição, o tema "Quem faz a tecnologia?" instiga o participante a compreender a condição de dependência tecnológica brasileira e latino-americana, com foco nos que têm o poder sobre as técnicas e tecnologias.

 

Mesas de debate

MESA 1: Quem faz nossa dependência tecnológica?
16 de agosto, 13h30

Há muito tempo se discute o quanto o Brasil e a América Latina são considerados tecnologicamente dependentes. Em  nossa história, passamos por industrializações e momentos de crescimento econômico, mas ainda exportamos commodities como condição para importar produtos de valor agregado. Não desenvolvemos ciência e tecnologia relevante para o País e não devolvemos ao povo os benefícios que a técnica e a tecnologia poderiam proporcionar. A técnica e tecnologia não são ferramentas, mas expressões sociais e culturais nossas. Por que nos mantemos assim? Quem quer nos manter assim? Que forças internas e externas influenciam nosso destino tecnológico?



MESA 2: Necessidade de repensar a política energética brasileira

16 de agosto, 14h00

 

O volume de produção de energia no Brasil precisa ser revisto. Buscamos cada vez mais aumentar nossa oferta energética com o discurso de atender às demandas da sociedade e aos interesses nacionais. Aos interesses de quem - é a questão - nossa matriz energética realmente está servindo? Mesmo sendo uma matriz renovável, não é suficiente para atender ao quanto se exige de sua produção. Além do mais, os grandes empreendimentos energéticos atingem, de forma agressiva, o meio ambiente e os povos que ocupam seus espaços. Qual a necessidade, perguntamos, de tanta energia? Para que precisamos dela?

 

 

MESA 3: (Nosso) Desenvolvimento Insustentável

17 de agosto, 10h00

 

O Brasil é, hoje, uma colônia moderna que reproduz as principais lógicas vigentes do mundo. A dinâmica produtivista de lucro sem limite, que passa por cima de direitos ambientais e sociais, é hoje confrontada com a ideia de sustentabilidade. Observa-se, entretanto, um crescente mau uso deste termo. Temos reduzido este complexo objetivo a alguns indicadores, assim como temos incorporado à categoria de "sustentável" inúmeros produtos e serviços muito longe de atenderem às necessidades do planeta. Afinal, o que é essa sustentabilidade que estamos dizendo desenvolver? Que fim ela atinge?

 

MESA 4: As forças da informação

18 de agosto, 10h00

 

No contexto brasileiro atual, são perceptíveis a  importância que a circulação de informação e seu poder de mudar os rumos políticos do Brasil. O desenvolvimento da tecnologia, assim como sua aparente democratização, permitiram, nas últimas décadas, que o fluxo de informações corresse também por vias alternativas às da grande mídia, ainda hegemônica, utilizando redes sociais, rádios comunitárias, além de outras ferramentas e formas. A internet tem sido um dos espaços de disputa. O Marco Regulatório surge nesse contexto, dividindo opiniões. Quais forças se enfrentam nessa disputa? Quais seus poderes? Qual a importância de consolidar outras alternativas?

 

 

MESA 5: Opressões: a tecnologia que ignoramos e o que ignoramos na tecnologia

19 de agosto, 10h00

 

O desenvolvimento social perpassa muitas áreas do conhecimento. A premissa para que alcancemos um ideal de justiça social, porém, precisa de um sólido debate acerca das desigualdades que afetam todos os seres humanos. Dessa forma, levaremos a discussão para a questão dos espaços tecnológicos e das minorias. A violência, o preconceito, o machismo e outros fatores excluem essas pessoas do mercado formal de trabalho e das engenharias. Precisamos discutir essa distância e o que sempre temos ignorado das tecnologias.

O Eneds é um encontro aberto a todas e todos de algum modo interessados. A participação é gratuita.

Mais informações: http://eneds.net/

Leia também:

Por Amyra El Khalili

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http://port.pravda.ru/cplp/brasil/29-04-2016/40873-financeiracao_natureza-0/

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey