Bolsonaro: Canalha de Estimação de uma Sociedade Doente

Bolsonaro: Canalha de Estimação de uma Sociedade Doente

Falso moralista da vez não foge de debates por falta do que dizer como muitos afirmam, até porque clara patologia do poder do capitão nacional do falso moralismo manifesta-se através de sua principal adversária (ou aliada, considerando milhões de reducionistas por excelência que a aceitam): a fala e seus excessos. Presidenciável representante das tragicocircenses Forças Armadas tão corruptas quanto tudo o que condenam, foge das batalhas de ideias como o capeta da cruz porque sua campanha eleitoral, assim como a própria biografia militar e política, baseia-se em mentira e na mesma corrupção que tanto diz combater. O que sobra em verborragia, falta em estatura moral.

Mal caráter profissional cujo excesso de verborragia e ameaças apenas permeiam mentalidades profundamente ignorantes, histéricas e discriminadoras. Frágeis alicerces, perfeito retrato do Brasil preponderante deixado pelos milicos em 1985, herança maldita muito além da terrível dívida externa. Mais um rato de esgoto da política nacional e, outrossim, covarde antes de tudo intelectualmente - ou "cagão", como se diz na velha Laranjal Paulista sobre canalhas deste nível, a ponto de louvar "tio Adolf". Documentado, pois: pares milicos consideram Bolsonaro um CCCC - ou 4Cs: "Canalha, corno, contrabandista e covarde". Quem somos nós, pois, para discordar desta "bela reputação" segundo os que melhor o conhecem?

"O conhecimento não só amplia como multiplica nossos desejos. Portanto, o bem-estar e a felicidade de todo Estado ou Reino requerem que o conhecimento dos trabalhadores pobres fique confinado dentro dos limites de suas ocupações, e jamais se estenda [...] além daquilo que se relaciona com sua missão.

"Quanto mais um pastor, um arador ou qualquer outro camponês souber sobre o mundo e o que lhe é alheio ao seu trabalho e emprego, menos capaz será de suportar as fadigas e as dificuldades de sua vida com alegria e contentamento", A Fábula das Abelhas: Vícios Privados, Benefícios Públicos, compêndio sobre filosofia moral de Bernard de Mandeville (1670-1733)


Edu Montesanti



Raso intelectualmente, violento nas palavras e nos atos cujo esfaqueamento sofrido em plena campanha presidencial (obviamente condenável) nada mais foi a tempestade colhida pelos agitados ventos que celebremente produz, o que de melhor sabe fazer. Afinal, na falta de argumento, a ignorância usufrui da agressividade e da ofensa como modo de ataque, segundo palavras de Agni Shakti.

Profunda ignorância refletida na completa falta de projeto para o Brasil, inclusive envolvendo sua farrapa bandeira, a seguranca pública que apenas engana os mais incautos: nada além da posse universal de armas, tortura e assassinato indiscriminados, institucionalizados e clandestinos de acordo com suas vontades e as de seus milhões de raivosos seguidores que, alegremente, aplaudem-no sedentos por preenchimento de um vazio que apenas produz o efeito reverso sobre tudo o que dizem combater. 

Que esperar, pois, de um país pobre de alma que menos lê no mundo - a uma media de três linhas por ano -, que ano a ano tira as piores notas internacionais em língua matter, na simples interpretação de textos, em matemática básica e nas ciências elementares? Normalmente, absolutamente nada; porem, conforme disse certa vez George Carlin, nunca se deve subestime o poder dos imbecis em grandes grupos.

Vaca Fardada de Estimação

"Quando ouço falar em cultura, levo a mão ao coldre do meu revólver", Joseph Goebbels, ministro de Propaganda de Adolf Hitler



Se não bastassem todas essas muito resumidas (e na medida do possivel, polidamente descritas) característas que marcam Jair Messias Bolsonaro dotado de rara psicopatia, a besta arreada de estimação que, em entrevista às figuras dos perfeitos idiotas do CQC disse que se alistaria ao Exército de Adolf Hitler (!) ao enaltecer "positivas qualidades" de "tio Adolf (papai Geraldo Bolsonaro foi soldado do nazista), recebeu neste domingo (14) através de video circulado na Internet apoio bastante proporcional de nada menos que Guilherme de Pádua (!), aquele ator da Rede Globo dos anos 90 que, no início daquela década, chocou o Brasil ao assassinar com a esposa a dezenas de tesouradas a colega da novela De Corpo e Alma, Daniela Perez sem que até hoje se saiba ao certo os motivos da profunda barbaridade (muito provavelmente, ciúme por parte da cônjuge).

Tal apoio, mais um emblema da inglória e paradoxalmente exitosa campanha presidencial, da carreira política e militar e, evidentemente, da própria biografia de Bolsonarinho, a "vaca fardada" preferida dos brasileiros no século XXI (como dizia de si mesmo Olympio Mourão Filho, figura central do golpe militar de 1964). Vergonhosamente para o Brasil mais uma vez, ao mesmo tempo que simplesmente Marie Le Pen (!), da extrema-direita da França, condenou Bolsonarinho: segundo a líder reacionária francesa, um radical que fala barbaridades, seguindo diversas manifestações recentes da direita mais radical da Europa.

Desde o primeiro semestre de 2016, mais especificamente no patético circo parlamentar armado para a votação do impedimento da então presidente Dilma Rousseff que causou mescla de risos e espanto em todo o mundo, inacreditado com o que assistia (lembrando que, em sua votação pela cassação da Dilma, Bolsonarinho fez apologia da tortura para a alegria pobre de milhões de brazucas, adeptos do Pão e Circo com uma boa dose de terror sobre a vida alheia), o Brasil está atolado em um poço do qual não sai e afunda-se cada vez mais através da atual ratazana-em-chefe desse imundo esgoto, o miserável Michel Temer, asqueroso mais impopular da história político-mafiosa tupiniquim igualmente da preferência, a época, das classes média e alta mais ignorantes do planeta em mais um de seus inúmeros desservicos histericos a Nação, que de novo tapava histericamente seus já moribundos ouvidos a todas as advertências que apontavam ao que daria o Brasil, em um breve futuro.

Nas mãos dessa gente, de trágica imbecilidade à trágica imbecilidade anda este País que glorifica a estupidez. Um bando de fantoches da grande imprensa, esta marionete das oligarquias nacionais (especialmente agronegócio, banqueiros, indústria armamentista e farmacêutica, além das milionárias e algumas até bilionárias empresas gospel-religiosas que arrastam consigo milhões e milhões de fieis adoradores da mais primitiva mediocridade, negócio religioso que depende fundamentalmente de mentalidades reduzidas e cheias de fobias para sobreviver, tanto quanto do lucro financeiro) e internacional.

Bolsonaro segundo Colegas Milicos: "Canalha, Corno, Contrabandista e Covarde"

"Você não deve se acovardar nas ações, porque o remorso da consciência é indecente", Nietzsche



No ultimo dia 6, o sitio Diário do Centro do Mundo (DCM) publicou dossier contendo informações do alto-comando do Exército desde o julgamento do capitao Jair Bolsonaro nos anos 80, até o início da vida parlamentar, na década seguinte.

Antes de se passar por algumas dessas informações, favor retirar a família da sala: nada pro-família, em nada pró-vida, nada pró-religião, nada pró-bons costumes desde o primeiro casamento do dito-cujo, segundo o relatorio militar. Como, aliás, em nada pró-vida, nem pró-religião, nem pró-liberdade em sua essência nem sequer superficialmente, até os dias de hoje. Mais um grave engodo à brasileira, assombrando o planeta.

A investigação militar sobre Bolsonaro, que no início dos anos 90 repercutiu no jornal carioca Tribuna da Imprensa, incluiu "relatos da jornalista Cássia Maria Rodrigues, atuando então na revista Veja, que disse ter sido ameaçada de morte por Jair Bolsonaro", de acordo com o documento sobre o qual teve acesso o DCM.

Determinado trecho, questiona Bolsonaro:

Ao invés de fazer croqui de bombas [Bolsonaro preparava atentados à bomba para promover sua campanha por aumentos de salários], escreva quantas vezes você foi ao Paraguai trazer muamba. Conte sobre os seus problemas no Mato Grosso [fronteira com Paraguai].


Para em seguida qualificar o atual presidenciavel de "mercenario, corno e contrabandista. Sobre a segunda antivirtude, o DCM elegantemente preferiu nao discorrer:

"Também há menções ofensivas a Rogéria Nantes Braga, então esposa de Bolsonaro. O militar autor da carta, fazia acusações de cunho pessoal à Rogéria, que a reportagem preferiu não publicar por não trazer conteúdo de interesse público. Mas não fizeram assim os colegas e comandantes de Bolsonaro que pregaram a carta na parede do quartel.

Rogéria é mãe dos três filhos mais velhos do capitão reformado e foi eleita vereadora do Rio sob influência do marido em 1992. Depois, se separaram, e Bolsonaro disse que foi porque ela não o estava mais consultando antes de decidir seus votos e outras ações na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Outro milico, o então chefe do Estado Maior das Forças Armadas em 1991, general Jonas de Morais Correia Neto, chama-o, ele mesmo, Jair Bolsonaro, de "embusteiro, intrigante e covarde", por "inventar e deturpar visando aos interesses pessoais e da política", o que também virou reportagem na Tribuna da Imprensa à época.

"Em outubro daquele mesmo ano, quando Bolsonaro já era deputado federal então pelo PDC-RJ (Partido Democrata Cristão), suas frequentes visitas ao antigo emprego, para fazer propaganda política e angariar votos, contrariaram de tal maneira seus ex-comandantes que estes proibiram a entrada de Jair Bolsonaro nos quartéis do Rio de Janeiro. É que, de acordo com o Comando de Operações Terrestres (Coter) do Exército Brasileiro, Jair Bolsonaro estava insuflando a revolta na tropa", observou o DCM.

A conclusão do relatório aponta que Bolsonaro passou a atuar na esfera dos militares sem "representatividade" ou "delegação" para tanto, questionando e acusando autoridades "de forma descabida" e contrariando as regras de hierarquia e ordem das Forças Armadas.

Deve-se lembrar, contudo, que as próprias Forças Armadas que condenaram Bolsonaro, as mesmas sobre as quais este oportunista (para dizer o mínimo) se apoia e diz seguir em termos disciplinares e morais, encontra-se hoje assim como nos 21 anos de ditadura, longe, muito longe de ser exemplo de retidão e patriotismo: entreguistas desavergonhados, camuflados em profundo cinismo sobre forte apelo moralista, foram recentemente acusados pelo Ministério Público (sob silencio ensudercedor da grande imprensa) de ter desviado nada menos que R$ 191 milhões - o que acabou terminando, como sempre quando tal instituição está em questão - em pizza tanto quanto quando seus aliados politicos estão envolvidos.

Corrupcao Patologica

 

"Não há nada mais adoecedor e imbecilizador, que o perpétuo aprendiz de um ensino que não produz efeitos práticos em sua vida",
Caio Fábio (psicanalista)



Antes disso, veio a tona na midia a meteorica multiplicacao do patrimonio de Bolsonaro: em sete mandatos como deputado federal, o capitao da reserva que em 1988, ano em que ingressou a politica, declarava possuir um Fiat Panorama, uma moto e um pequeno terreno em Resende (RJ) no valor de pouco mais de R$ 10 mil corrigidos. 

A casa em que Bolsonaro vive, na Barra da Tijuca adquirida com preco bem abaixo do valor de mercado que misteriosamente gerou prejuizo a sua antiga proprietaria, apresenta "serios indicios" de terem sido adquiridas atraves de operacao que envolveu lavagem de dinheiro, segundo o Coaf (Ministerio da Fazenda), e o Conselho Federal dos Corretores de Imoveis (Cofeci). 

Enquanto em 2008 Bolsonaro deu um grande salto declarando R$ 1 milhao, hoje em dia o presidenciavel que tem apenas a politica como profissao, junto dos tres filhos - tambem politicos - e dono de imoveis no Rio na cifra de R$ 15 milhoes, alem de carros, um jet ski e aplicacoes financeiras que chegando a R$ 1,7 milhao.

O atual candidato a presidente pelo PSL nunca respondeu a questionamentos da imprensa sobre estes fatos, e dois de seus filhos, Flavio e Carlos, responderam alguma vez de maneira muito vaga, sem nenhuma objetividade.

Ja dizia François de la Rochefoucauld (1613-1680): "A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude". Contudo, no final, até Bolsonaro acaba acima do bem e do mal e, ainda mais desgracadamente para o Brasil: como o mocinho pateticamente salvador de uma pátria em vertiginoso naufrágio - e vai daí, para muito pior.

Covardia como Maior Aliada da Ignorancia

"A burrice goza de um imenso poder de inércia", Barbara Tuchman



Diante disso tudo (ainda muito pouco sobre Bolsonarinho), alguém ainda pode alegar que o "valentão" da politica nacional recusa-se a comparecer a debates por simplesmente não ter o que dizer? Os próprios milicos, que o conhecem muito melhor que qualquer um de nós, tratou de antecipar o que melancolicamente assistimos hoje, no momento mais delicado, pelo menos, dos últimos 34 anos: ausenta-se da batalha de ideias por ser um covarde, antes de mais nada intelectualmente. Não há a menor estatura moral. Ou como dizemos em minha velha Laranjal Paulista, em situações desta natureza: cagão!

O estágio da ignorância e da crise moral chegou a um nível tao agudo no Patropi, que até fugir do debate e liderar pesquisas para a Presidência da Republica, tornou-se normal - em nome da moral!

Em epítome, diz o filosófo que cada povo tem o governo que merece. Será?

Salve-se quem puder!

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey